UM ATEU NO LABIRINTO
Não creio em fada madrinha,
Nem em Cristo, nem em Deus;
Minha igreja é a daninha,
Tatuagens do corpo teu.
Sou nesta luz o buraco,
Negro de algum infinito;
Vivi catando os cacos,
Deste teu olhar bonito.
Perco-me em teus labirintos,
Este teu corpo de mel;
Mistura de paz eu sinto,
Alem do nosso bordel.
Eu sou nefasto, devasso,
Um ateu na contra mão;
Rasgo de luz neste espaço,
Um raio alem do trovão.
Sou esta dor que te invade,
Penetra dentro da alma;
No meio da tempestade,
Sou o inferno que te acalma.
*J.L.BORGES
Gravatai.1987
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