sábado, 30 de dezembro de 2017

UM ATEU NO LABIRINTO

UM ATEU NO LABIRINTO

Não creio em fada madrinha,

Nem em Cristo, nem em Deus;

Minha igreja é a daninha,

Tatuagens do corpo teu.

Sou nesta luz o buraco,

Negro de algum infinito;

Vivi catando os cacos,

Deste teu olhar bonito.

Perco-me em teus labirintos,

Este teu corpo de mel;

Mistura de paz eu sinto,

Alem do nosso bordel.

Eu sou nefasto, devasso,

Um ateu na contra mão;

Rasgo de luz neste espaço,

Um raio alem do trovão.

Sou esta dor que te invade,

Penetra dentro da alma;

No meio da tempestade,

Sou o inferno que te acalma.

*J.L.BORGES
Gravatai.1987

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