domingo, 31 de dezembro de 2017

BENGALA DA JUVENTUDE

BENGALA DA JUVENTUDE

Eu já não consigo,

Sorrir com os olhos;

Não consigo sorrir com os lábios,

Meus lábios estão secos.

Trago na boca,

O gosto amargo do pó;

O pó da montanha,

Chuvas de pedras e de frio.

O sol teima em aparecer para esta gente suja,

E depois se esconde timidamente;

Atrás de uma nuvem de pó escuro,

E a poluição prevalece mais uma vez na terra.

Terra de vento,denso e fogo,

Terra de pó, de só e lodo;

Onde a certeza da impunição,

Mancha as mãos de sangue verde.

Terra que faz-me, gostar de água,

Queria ser peixe, um peixe liso;

Vendo estas magoas do homem mau,

Depois que a terra morreu por ele.

 *J.L.BORGES
1988

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