BENGALA DA JUVENTUDE
Eu já não consigo,
Sorrir com os olhos;
Não consigo sorrir com os lábios,
Meus lábios estão secos.
Trago na boca,
O gosto amargo do pó;
O pó da montanha,
Chuvas de pedras e de frio.
O sol teima em aparecer para esta gente suja,
E depois se esconde timidamente;
Atrás de uma nuvem de pó escuro,
E a poluição prevalece mais uma vez na terra.
Terra de vento,denso e fogo,
Terra de pó, de só e lodo;
Onde a certeza da impunição,
Mancha as mãos de sangue verde.
Terra que faz-me, gostar de água,
Queria ser peixe, um peixe liso;
Vendo estas magoas do homem mau,
Depois que a terra morreu por ele.
*J.L.BORGES
1988
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