sábado, 30 de dezembro de 2017

CORTINA DE FERRO

CORTINA DE FERRO

Eu voltei a ser pedestre,

Mas talvez em Budapeste,

Outra luz irá brilhar,

O farol denso da lua,

Vai lembrar a imagem nua,

Da mulher a me afagar.

Na ilusão da primavera,

Vou lembrar a bela fera,

Pantera a me vigiar,

No luar dos desgostos,

Vou sonhar com os agostos,

No passado a deslizar.

É grande esta mentira,

Da ilusão que tu me tiras,

Me deixando sem os sonhos

Se eu perdi tudo na vida,

Me restou esta ferida,

Chagas de um tempo tristonho.

*J.L.BORGES
1988

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