CORTINA DE FERRO
Eu voltei a ser pedestre,
Mas talvez em Budapeste,
Outra luz irá brilhar,
O farol denso da lua,
Vai lembrar a imagem nua,
Da mulher a me afagar.
Na ilusão da primavera,
Vou lembrar a bela fera,
Pantera a me vigiar,
No luar dos desgostos,
Vou sonhar com os agostos,
No passado a deslizar.
É grande esta mentira,
Da ilusão que tu me tiras,
Me deixando sem os sonhos
Se eu perdi tudo na vida,
Me restou esta ferida,
Chagas de um tempo tristonho.
*J.L.BORGES
1988
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