TEMPO
Part.1
Existe um tempo aleatório,
No limite do reinício;
O tempo fausto em que a noite,
É o portal do precipício.
Existe o tempo do nada,
Tempo de tudo e de todos;
Da estagnação a fluidez,
Aquele amor belo e novo.
Existe o tempo do caos,
O tempo da harmonia;
O tempo da intolerância,
Da tolerância sadia.
Tempo do ódio e do amor;
Da miséria e da abundância;
Existe o tempo das trevas,
Escuridão...luz e inconstância.
TEMPO
Part.2
E tem o tempo da condenação,
Absolvição da fogueira;
Abolição da ilusão,
Fraternidade e barreiras.
Existe o tempo da inveja,
Tempo da sinceridade;
O tempo do vento suave,
Minhas mentiras e verdades.
Do passado rumo ao futuro,
Tempo do inicio ao fim;
Tempo do mar e da terra,
Do não e também do sim.
juntamente com a fera,
Tempo da a água e do fogo;
Deserto e fertilidade,
Primavera, prazer e gozo.
TEMPO
Part.3
E o tempo surreal,
Da lucidez ao perdão;
Tempo do boato ao fato,
Inverno,outono e verão.
Existe o tempo irreal,
Contemplação a loucura;
Onde a nossa sanidade,
Da morte e apenas fissura.
E tem o tempo da vida,
Namorando a eternidade;
Tempo da paixão distante,
Onde a lavoura é saudade.
Existe o tempo de sonhos,
O tempo da realidade;
Da doença beijando saúde,
Maculando a mocidade.
TEMPO
Part.4
Tem o tempo da água e do vinho,
Onde o infinito é tenue luz;
Num finito tempo concreto,
Um abstrato que não mais seduz.
E tem o tempo ilusório,
Tempo errado ou correto;
Primo irmão do verdadeiro,
E tem o tempo irrisório.
Tempo incrível, talvez crivel,
E lá no pulo do gato;
O duradouro é perecível,
O resto é mero relato.
Existe o tempo pobreza,
Tempo da caça e caçador,
Tem o tempo da vil riqueza,
Certeza e falta de amor.
TEMPO
Part.5
E na inacreditável beleza,
Uma acreditavel aposta;
Da presa e do predador,
Do jeito que o tolo gosta.
Do disperso ao controlável,
Do aceitavel escravo liberto;
Da soberba ao humilde tempo,
Onde o incerto é o mais certo.
Existem tempos de tantas mentiras,
Outros tempos de inverdades;
Tempo de grandes incerteza,
Onde o incerto é aceitável.
E tem o tempo maculado,
De mãos dadas com a pureza;
O imaculado intocável,
Palpável igual brasa acesa.
TEMPO
Par.6
Tem tempo de frio e calor,
Ou carência da fartura;
Tempo louco e a lucidez,
Onde a respidez e aventura.
O tempo do feio ao belo,
Flagelo a porta da gente;
Onde o social capital,
E verme em boa semente.
E tem barulho e silencio,
Do estranho deus desconhecido;
Gerando duvidas, e a certeza,
Será que ela é boa amiga?
Vou somar débito ao crédito,
Misturar lágrimas e sorrisos;
Da perda herdarei meus ganhos,
Meus infernos e paraisos.
TEMPO
Part.7
E assim no tempo da glória,
Meus fracassos, ledo engano;
Tem os tempos em que a derrota,
É rio sonhando oceanos.
E tem um tempo de fé,
Onde a descrença faz morada;
Existe um tempo de lamento,
No canto da passarada.
Onde o genesis e repintado
Em quadros apocalípticos
De um apocalipse insoluvel,
Onde somos surdos-mudos.
E tem o tempo do pó,
Onde a matéria contrai-se;
Confundindo guerra e paz,
Do fim ao inicio de tudo
*Jorge Luis Borges
Guaíba.Rs.01/2022