SONORIDADE
Ruídos crepitam a minha volta,
Ruídos com gosto de solidão;
Mas o que importa,
Se a minha porta é o olho mágico da sedução.
Seduz... Reluz, enfim com gosto,
E o vento beija meu sangue;
Trazendo noticias de um novo agosto,
Suave, preciso e grande.
Mas o ruído continua,
Batendo forte em meu coração;
Trazendo o sonho daquela rua,
Longe da continuação.
Quem dera o olho azul ficasse,
Parecendo minha porta;
Só para ver a luz que nasceu,
Luz intima que conforta.
Pois o ruído é interno,
Mais intenso que na esquina;
A onde o prazer profano,
É o feitiço da menina.
*J.L.BORGES
1988
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