domingo, 31 de dezembro de 2017

SONORIDADE

SONORIDADE

Ruídos crepitam a minha volta,

Ruídos com gosto de solidão;

Mas o que importa,

Se a minha porta é o olho mágico da sedução.

Seduz... Reluz, enfim com gosto,

E o vento beija meu sangue;

Trazendo noticias de um novo agosto,

Suave, preciso e grande.

Mas o ruído continua,

Batendo forte em meu coração;

Trazendo o sonho daquela rua,

Longe da continuação.

Quem dera o olho azul ficasse,

Parecendo minha porta;

Só para ver a luz que nasceu,

Luz intima que conforta.

Pois o ruído é interno,

Mais intenso que na esquina;

A onde o prazer profano,

É o feitiço da menina.

*J.L.BORGES
1988

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