AMOR DE OUTRORA

AMOR DE OUTRORA

Te vi com mil flores e saia plisada;

Colhendo alvoradas em mantos de cores.

E eu de tirante e conga encarnada;

De  fraque e gravata em ternos instantes.

Te vi tantas vezes de rouge e baton;

E eu de bastão e capot inglês.

E mais uma vez de branco carpim;

Corrias até mim além desta vida.

A chuva caindo e eu de galochas,

Minha linda cabrocha  mulher tão querida;

De outros momentos com roupas antigas.

Tão lindo este sonho  além destes ventos,

Em sinuosas entradas de estradas estreitas,

Minha doce encantada de tempos estranhos.  

*JORGE LUIS BORGES

GUAÍBA/BRASIL

 2020/04

O QUÊ SOMOS?

O QUÊ SOMOS

O quê somos nós,

Anjos das trevas ou anjos da luz?

Gostaria a vossa voz,

Eu não quero perecer na minha cruz.

Eu sei, de tudo reclamamos,

De tudo, até de Deus;

Viver assim um ledo engano,

Um falso plano, não sou ateu.

Se Deus nos deu o livre árbitro,

De escolhermos o plausível;

Pra quê escolhermos o precipício,

O princípio desta loucura perecível?

Somos nós anjos das trevas,

Ou seremos nós anjos da luz?

A duvida que carrego tu carregas,

Devemos conversar com o bom Jesus.

Só assim não pereceremos no abismo,

Este abismo que o mal invoca;

Carregado de inveja e egoismo,

E que todo o mal provoca.

O poder sa fé e da oração,

Nos leva a um mundo que conforta;

Se formos anjos de luz meu bom irmão,

A salvação baterá a nossa porta.

*JORGE LUIS BORGES

GUAÍBA/BRASIL

2020/03