ROTINA
A vida é uma rotina que começa,
Bem antes de o dia começar;
A vida no teatro é uma peça,
Que faz a gente rir e até chorar.
Rotina de uma vida passageira,
No palco deste circo sem um fim;
No céu vejo nuvens que ligeira,
Ensaiam um balé só para mim.
E eu sigo esta rotina sem a senha,
A senha que eu ganhei quando nasci;
Não sou no rio da vida uma simples lenha,
Não sou somente esta dor que vive em ti
Pois sou na tua saudade o sentimento,
De uma esperança que faceira;
Nas tuas tempestades sou o vento,
Que sopra em teus lábios esta rotina.
Rotinas de uma paz que é tão tua,
Tão minha como o brilho deste sol;
Caminho lentamente pela rua,
Ouvindo acordes de teu rouxinol.
*J.L.BORGES
1988
Nenhum comentário:
Postar um comentário