TEIA DO TEMPO
A estranha aranha do tempo,
Em sua teia tece as horas;
Os segredos... Os minutos,
Em sua teia tece os momentos.
Que farei agora? Pergunta o dia,
E o relógio em conluio com a aranha;
Devora meus lamentos,
As horas... Melancolia.
Quando a noite passa, insistente,
Vejo relâmpagos incessantes;
Riscando este meu céu,
Que muda a todo o instante.
Parece a voz do vento,
Estes trovões lá fora;
Chorando, oh! Senhora,
Levados pelo tempo.
Enquanto isso ao fundo,
A aranha tece a teia;
O estranho emaranhado,
De horas e segundos.
E tudo que era ontem,
Agora é só passado;
Meus sonhos anelados,
A vida hoje retém.
E logo este futuro,
Será o meu presente;
Que não ganho, pois a vida,
É apenas um fado escuro.
A teia entretanto,
É tecida pela aranha;
Que leva o tempo embora,
Levando nosso encanto.
Em meio a trovões,
Relâmpagos e tanta chuva;
A aranha tece a teia,
Sua rede, ilusões...
Depois que a chuva passa,
Retorna à aranha a lida;
Quem sabe uma nova vida,
De paz aqui se faça...
*J.L.BORGES