OCEANO
Ultimamente ando desapaixonado,
Um tonto tresloucado,
E amuado pelo louco tempo;
Certamente vivendo assim desmiolado,
Talves alucinado no soprar do vento.
São tempos de calafrios ou de frios talves,
Onde o esmorecer da vida até me satisfaz,
Perder a terna paz não me enche de prazer,
Prefiro até morrer que te perder de vez.
É assim esta loucura no louco cotidiano.
Um mar de desenganos, recheados de aventuras;
A donde esta ternura, fissura? Eu eu não sei;
Mas sei que o apimentado amor me dá tonturas.
Assim eu vou levando o brando cotidiano,
Somando os meus planos em derrotas e vitórias;
Camuflando a vida inglória que aos poucos me acende,
Na vida que transcende e me torna oceano.
*Jorge Luis Borges
Guaíba Rs 05/2022