sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

ANTI-MATÉRIA

ANTI-MATÉRIA

Eu sou aquele que fica,

Quando o teto em implosão,

Se retrai como uma pulga,

Esmagada a contra mão.

Sou um farol que tomba,

No meio da tempestade;

Polar de um novo tempo,

Sou este tédio que arde.

Sou ais na sociedade,

Sou motim numa prisão;

Espacial sem futuro,

Nos confins do meu plutão.

Eu sou aquele que fica,

Depois da terceira guerra;

Sou a fera acuada,

Sugando o sangue da terra.

Eu sou a fome do fraco,

Sou a voz do delator;

Sou o negro que sucumbi,

Pela saga do opressor.

Sou no infinito esta poeira,

Atômica dentro de mim;

Sou um conjunto vazio,

Talvez, inicio do fim.

*J.L.BORGES
Cachoeirinha.1987

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