FINAL DE INVERNO
Final de inverno,
Chuva que passa;
Só o amor é que não passa,
Fica preso no inferno.
Final de inverno,
Inferno de magoas;
Entre tantas poças dágua,
Vejo um anjo a delirar.
Final de inverno,
Vésperas de luz;
Um mendigo, uma cruz,
Semi-deus a cantar.
E a canção no coração,
Como chuva no telhado;
Semi-deus, anjo molhado,
Escorrega uma canção.
E o inverno que se acaba,
Entre o místico e a musica;
Vejo sois na primavera,
Pressagio de alma lavada.
*J.L.BORGES
1988
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