sábado, 30 de dezembro de 2017

FANDANGO EM CAMAQUÃ

FANDANGO EM CAMAQUÃ

Se vejo um gaúcho,

Com água de cheiro;

Eu penso ligeiro,

Se homi ele é.

Se vejo uma prenda,

Sem saia de renda;

De carça comprida,

Eu pergunto-me, é muié?

Em fandango criolo,

Gaúcho não farta;

De lenço apertado,

E bota de couro.

A prenda bunita,

De saia rodada;

E a cara encarnada,

De ruge e batão.

A gaita começa,

A gemer na bailanta;

E a peonada alevanta,

O pó do salão.

No pealo do olhar,

O índio faceiro;

E a chinoca ligeira,

Que nem dois peão.

E assim segue a noite,

Rodada de trago;

Um bom mate amargo,

Que eu tanto sonhei.

São tantas as prosas,

Num baile farrapo;

Que apenas relato,

O pouco que eu sei.

*J.L.BORGES

1988

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