FANDANGO EM CAMAQUÃ
Se vejo um gaúcho,
Com água de cheiro;
Eu penso ligeiro,
Se homi ele é.
Se vejo uma prenda,
Sem saia de renda;
De carça comprida,
Eu pergunto-me, é muié?
Em fandango criolo,
Gaúcho não farta;
De lenço apertado,
E bota de couro.
A prenda bunita,
De saia rodada;
E a cara encarnada,
De ruge e batão.
A gaita começa,
A gemer na bailanta;
E a peonada alevanta,
O pó do salão.
No pealo do olhar,
O índio faceiro;
E a chinoca ligeira,
Que nem dois peão.
E assim segue a noite,
Rodada de trago;
Um bom mate amargo,
Que eu tanto sonhei.
São tantas as prosas,
Num baile farrapo;
Que apenas relato,
O pouco que eu sei.
*J.L.BORGES
1988
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