FOLHA DE PAPEL SOLTA AO VENTO
Na tela vazia eu vejo a imagem,
Que meio despida me acena e sorri;
Parece uma ninfa a ensaiar paisagens;
Pintando a saudade que um dia senti.
E a tela vazia se enche de cores,
Na busca constante a um encontrar;
Espinhos que beijam as pétalas das flores,
São rosas teimosas na tela a flutuar.
E um poltergaister surge de repente,
Enchendo de luzes a tela vazia;
Trazendo esperanças a vida da gente,
Flagrantes irreais em busca de um dia.
Um dia de quê? De sol a brilhar,
Espantando a chuva que teima em cair;
Na tela vazia eu vejo o olhar,
Daquela estrela no alto a sorrir.
E as folhas da vida expressas em um papel,
Me mostra desenhos nunca imaginados;
Castelos, cabanas, talvez um bordel,
Algum labirinto num mundo encantado.
E aqui eu fiquei pensando em alguém,
Que baila serena no meu infinito;
E ela que vai, e ela que vem,
Naquele balé suave e esquisito.
*J.L.BORGES
Gravatai.1987
Nenhum comentário:
Postar um comentário