sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

FOLHA DE PAPEL SOLTA AO VENTO


FOLHA DE PAPEL SOLTA AO VENTO

Na tela vazia eu vejo a imagem,

Que meio despida me acena e sorri;

Parece uma ninfa a ensaiar paisagens;

Pintando a saudade que um dia senti.

E a tela vazia se enche de cores,

Na busca constante a um encontrar;

Espinhos que beijam as pétalas das flores,

São rosas teimosas na tela a flutuar.

E um poltergaister surge de repente,

Enchendo de luzes a tela vazia;

Trazendo esperanças a vida da gente,

Flagrantes irreais em busca de um dia.

Um dia de quê? De sol a brilhar,

Espantando a chuva que teima em cair;

Na tela vazia eu vejo o olhar,

Daquela estrela no alto a sorrir.

E as folhas da vida expressas em um papel,

Me mostra desenhos nunca imaginados;

Castelos, cabanas, talvez um bordel,

Algum labirinto num mundo encantado.

E aqui eu fiquei pensando em alguém,

Que baila serena no meu infinito;

E ela que vai, e ela que vem,

Naquele balé suave e esquisito.

*J.L.BORGES
Gravatai.1987

                









Nenhum comentário:

Postar um comentário