sábado, 30 de dezembro de 2017

O PONTO

O PONTO

De repente eu faço um ponto num canto da folha branca,

Não é um ponto qualquer,

Pois é meu ponto particular.

Este ponto é um ponto azul,

Alguma coisa simples e indefinida,

Pronta para dar origem a outra forma superior.

Deste ponto talvez surgirá um pássaro azul,

Com asas longas e penas multicoloridas,

Saindo do seu corpo como se fossem flexas de fogo.

E meu pássaro sairá deste finito branco;

Talvez até seja um pássaro polar,

Pois o que imagino neste papel é um campo branco,

Imagino a neve ardendo no corpo de algum viajante teimoso,

Que se aventurou neste infinito argentino,

E o vento uivando tenta decifrar vozes que vem de longe,

Muito alem do Saara, ou das pirâmides do Egito;

E este frio branco segue, milenar e jovem,

Trazendo nesta juventude eterna o pássaro azul,

Que pouco a pouco vai passando neste mundo branco,

E se transformando em um ponto,

O ponto azul da minha inspiração.

                                                                       *J.L.BORGES
Cachoeirinha.1987

Nenhum comentário:

Postar um comentário