quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

EFÊMERA

EFÊMERA

Ao amanhecer,

Nascestes na palma da minha mão,

Criastes asas,

E voastes mansamente ao infinito azul;

Fostes a lugares que nunca sonhei,

Conhecestes e fizestes coisas,

Que eu nunca fiz,

E ao anoitecer,

Viestes mansamente,

Morrer na palma da minha mão.

 *J.L.BORGES

ILUSÃO

ILUSÃO

A ilusão mudou-se,

No afã diáfano de sua alegria;

Levou consigo a velha nostalgia,

E a certeza de amor tão doce.

Doce sonho de sonhar contigo,

Abrindo as portas desta bela casa;

A onde anjos perderam sua asa,

Cristais opacos a ofuscar castigos.

Castigos tantos por amar só ela,

Preso em ilusões de sonhos;

Mistura casta de deuses medonhos,

Pinturas estranhas em velhas aquarelas.

Aquarelas que retratam um chão,

De estrelas velhas, decaídas;

A onde o melhor da vida,

E jamais perder a ilusão.

 *J.L.BORGES

O LIVRO

O LIVRO

O livro é terra fértil,

As letras são as sementes.

Os logotipos das maquinas,

São enxadas... Pás... Plantadeiras.

O livro é velho paciente,

Mudo... Quieto... Indecifrável,

A espera do sonhador,

E do sedento por conhecimento.

Seu mundo é doce mistério,

Pouco sabemos ou nada;

Desta terra encantada,

Quem sabe é seu escritor.

Devemos colher os livros,

Em prateleiras de sonhos;

Para o alimento da alma,

E o fortalecimento da mente.

Suas letras são ternos frutos,

Que fertilizam nossa boca;

Nos alimentam mas não acalmam,

A vontade de mais aprender e sonhar.

  *J.L.BORGES


INÍCIO FINAL

INÍCIO FINAL

Sou na poeira das estrelas,

Esparsos raios flamejantes;

Flutuando num caos sem fim,

Onde o final é o limite.

Sou nos choque das galáxias,

O espasmo de virgens cometas;

Em frenéticas disparada,

A buscar a luz do sol.

Nas noites glaciais do fim azul,

O rugir dos dinossauros acasalando-se;

Sou frases soltas e sem respostas,

Bailando em rubras tardes de tormentas.

Sou primata nas cavernas bocejantes,

Onde gotas de vertentes rasgam a rocha;

E a ameba prisioneira se divide,

No inicio final da eternidade.

  *J.L.BORGES

FONTE INSPIRADORA

FONTE INSPIRADORA

Quando estou de bem contigo,

A inspiração flui de minha alma,

Igual gotas de cristais,

Vertendo entre as montanhas,

De meu pensamento.

Meu mundo imaginário torna-se real,

E na eloqüência desta inspiração,

O abstrato volve mansamente o concreto,

Tornando-se partes irmãs,

Únicas e indivisíveis.

Nesta tempestade de sonhos,

O universo gira loucamente,

Formando turbilhões de estrelas,

Encravadas em meu pensamento,

Iguais diamantes brutos.

Na crescencia das palavras,

O magna da sabedoria,

Solidifica-se em meu coração,

Germinando a fértil semente,

Compacta e inefável do conhecimento.

 *J.L.BORGES

O OBSERVADOR

O OBSERVADOR

Da janela de meu quarto,

O meu quarto de pensão;

O meu quarto de dormir,

É tudo sempre igual.

Ao longe o jornaleiro,

Brincando de jogar;

O mesmo cão vadio,

Latindo ao carteiro.

Na casa mosqueada,

O velho jardineiro;

O mesmo portão chorão,

E o pé de cinamomo.

Na esquina o pipoqueiro,

Conversa com o pedinte;

Um gato sorrateiro,

A negociar almoço.

A bondosa dona Eulália,

Sonhando em sua cadeira;

Cerzindo meias, lenços,

Pigarros do marido.

É tudo sempre igual,

Da janela de meu quarto;

Meu quarto de sonhar,

Meu quarto de dormir.

  *J.L.BORGES

PESADELOS

PESADELOS

Esta saudade difusa,

De querer sem saber quem;

É uma saudade confusa,

Vontade de querer bem.

Há dias cinzas que o sol,

Vem aqui e me lambuja;

Faz-me ser o teu lençol,

Abrigo a envolver tua blusa.

Lençol de sonhos de estrelas,

Num céu de enloucadas musas;

Dormindo em cores de telas,

Quadro de jovens medusas.

Chegando em mim igual vento,

Num mar de virgens confusas;

Saudade? Doce tormento,

Da paz disforme e difusa.

  *J.L.BORGES

POESIA

POESIA

A poesia é uma tênue historia,

Que fala de solidão,

Amor, ódio e sonhos;

Mal pode ser medida,

Mal pode ser pesada;

É leve igual as nuvens,

Volátil feito o ar,

Mas toca o coração do sonhador,

Por mais de mil léguas.

*J.L.BORGES

VISÕES NAS MADRUGADAS

VISÕES NAS MADRUGADAS

Na madrugada eu vejo uma luz,

Brilhando na esquina da saudade;

Vejo momentos de sonhos ausentes,

Presentes nesta noite de ilusão.

Sinto que a lua distante é atriz,

No palco que a noite tece;

Igual aranha sem vestes,

Naquele palco mosqueado.

Vejo estrelas enlouquecidas,

Na avenida interminável da inocência;

Onde a presença esquecida da paz,

Encontra-se em embrulhos pos ai.

Na longa estrada vejo a solidão,

Cadenciando passos no orvalho;

Serão lagrimas estas gotas nos campos,

Ou apenas frágeis suores da virgens desfloradas?

Sempre te penso nestas madrugadas,

Tuas linhas, tênue luz nesta neblina;

Só te encontro quando meus olhos,

Cansados adormecem e eu vou embora.

*J.L.BORGES

DIA DOS NAMORADOS

DIA DOS NAMORADOS

O presente para ser dado,

Tem que ter muita afeição;

Beijo molhado na boca,

Sonho em forma de balão.

O presente para ser dado,

Só é bom dado com gosto;

Tanto gozo, mil promessas,

Muito dinheiro no bolso.

Não basta ter o prazer,

De receber e de dar;

Tem que mexer na poupança,

Para o presente vingar.

Jamais poupar os sorrisos,

Gestos de agradecimentos;

Nunca esquece os presentes,

E correr para o abraço.

Um abraço com juros,

E com juras de amor;

Com dinheiro na algibeira,

És o melhor namorado.

 *J.L.BORGES

SAUDADE

SAUDADE

Saudade, sinto saudade,

Saudade nem sei porque;

Saudade nesta cidade,

Vontade nem sei de que.

Vivendo esta densidade,

A vida levo melhor;

Sozinho nesta cidade,

A vida fica pior.

Saudade, sinto vontade,

Vontade nem sei de quem;

Vivendo esta ansiedade,

Saudade, nem sei por quem.

A ilusão amo a saudade,

Que invade o coração;

Sem ter dó nem piedade,

Sufoca a voz da razão.

Sozinho sinto saudade,

Saudade nem sei pra que;

Mentiras nesta cidade,

Verdades nem sei de que.

  *J.L.BORGES

MEU BARQUINHO DE PAPEL

MEU BARQUINHO DE PAPEL

Vai partindo... Vai sumindo,

Meu barquinho de papel;

Vai levando esta saudade,

Esta ânsia de vencer.

Está tudo escrito lá,

Lá no fundo do barquinho;

Meus pedidos inocentes,

E a semente da vitória.

Meu barquinho de papel,

Leva os sonhos da infância;

Os meus medos, meus segredos,

Deixa aqui a esperança.

Nestas águas tão revoltas,

Meu barquinho prosseguindo;

Só não sei se chegará,

Ao destino que é o futuro.

*J.L.BORGES RODRIGUES

VELHOS POETAS

VELHOS POETAS

Velhos poetas delirantes,

Nas ocasiões de cada dia;

Loucos profetas em rompantes,

Nas explosões das ventanias.

Bebendo taças de instantes,

No inicio de seus velhos dias;

Tantos poetas inconstantes,

No limiar da nostalgia.

São tolos estes velhos dromedários,

Tentando cultivar auroras;

São tolos estes velhos dinossauros,

No abstrato das horas.

Onde o importante é fazer versos,

Velhos poemas e odisséias;

Nas catacreses do reverso,

Povoado de prosopopéias.

  *J.L.BORGES

ELA ERA TÃO BONITA

ELA ERA TÃO BONITA

Cabelos cacheados,

Banhados de sol;

Na voz de horizontes,

Sorrisos de prata.

Os olhas de mar,

Azul tão distante;

Brilhantes momentos,

Nos dias de outrora.

Lençóis de estrelas,

Em seu belo olhar;

Na voz a promessa,

Somente pra mim.

Pomares de sonhos,

Em seus pensamentos;

E chuvas de ouro

Somente pra mim.

Momentos de cores,

Nas flores da alma;

Nos beijos que acalmam,

Meus sonhos mais íntimos.

E o frasco de ciúmes,

Me lembram só ela;

Seu frágil perfume,

Bem longe de mim.

  *J.L.BORGES

ELA ERA TÃO BONITA

ELA ERA TÃO BONITA

Cabelos cacheados,

Banhados de sol;

Na voz de horizontes,

Sorrisos de prata.

Os olhas de mar,

Azul tão distante;

Brilhantes momentos,

Nos dias de outrora.

Lençóis de estrelas,

Em seu belo olhar;

Na voz a promessa,

Somente pra mim.

Pomares de sonhos,

Em seus pensamentos;

E chuvas de ouro

Somente pra mim.

Momentos de cores,

Nas flores da alma;

Nos beijos que acalmam,

Meus sonhos mais íntimos.

E o frasco de ciúmes,

Me lembram só ela;

Seu frágil perfume,

Bem longe de mim.

  *J.L.BORGES

BATON VERMELHO

BATOM VERMELHO

Eu fumando mais um outro cigarro,

Me agarro pensando em você,

Tua ardência ainda está na minha boca,

Malagueta que me faz gemer.

Tuas marcas ainda mancham meu corpo,

A orelha ainda mostra o batom,

Você é louca, mulher; doce e louca,

O teu beijo é balsamo bom.

No frescor desta aurora vadia,

Me acho pensando em você;

Que chegou naquela noite vazia,

E aqueceu meu sofrido viver.

Eu fumando mais outro cigarro,

Me sacio ouvindo teu som;

Teus gemidos e sussurros querida,

E em meu peito o vermelho batom.

*J.L.BORGES

DOVE DORMIRE MATTINA

DOVE DORMIRE MATTINA

Nuvole accigliate

Galleggiando in città,

Che dimora nel mio petto

E chiamo l'eternità.

Sembra fino alla pioggia,

Galleggia fianco a fianco;

Con le nuvole accigliate,

Sui voli così pesanti.

A poco a poco il silenzio,

L'alba tranquilla;

Dà vita a voci lunghe,

Rumori sulle strade.

E il giorno sorge,

Con il sole che dorme

Dietro le nuvole nere,

Solo e nascosto.

* J.L.BORGES

AMOR

AMOR

Morrer por amor acalma,

Se a palavra ternura;

Está escrita nos olhos,

Daquele que a procura.

Loucuras invadem o peito,

Quando o amor torna laços;

Invadem e afagam minha alma,

Quando me perco em teus braços.

Viver por amor faz bem,

Flutuar em teu doido espaço;

Caminho que mostra alguém,

Sonhando teus belos traços.

Não basta viver por amor,

Nem morrer de amor, meu bem;

Chorar sem sentir mais dor,

Sonhar e saber por quem.

Não adianta tentar sonhar,

Com o aroma suave da flor;

O importante na vida,

É o doce amargo do amor.

 *J.L.BORGES

ACELERANDO

ACELERANDO

A tarde de domingo vai embora,

Automóveis roucos rodam na estrada.

A saudade do amor distante devora,

A 120 por hora busco a amada.

Enquanto a tarde adormece,

E as arvores correm em vão neste caminho;

A solidão de estar sem ti desaparece,

Embora esteja eu hoje sozinho.

As lagrimas do domingo tomam conta,

Enquanto meu carro corre bruscamente;

Estou cansado, um cigarro e a alma tonta,

Me faz ver-te num reclame de repente.

Acelero a 130 nesta hora,

A vontade de estar contigo e imensa;

Meu coração de saudade bate agora,

Muito mais, bem mais do que tu pensas.

 J.L.BORGES

DESPEDIDA

DESPEDIDA

Adeus amor, adeus senhora,

Eu vou embora, não mais voltar

Teus doces beijos perdi agora,

Tua bela imagem foi-se no ar.

Adeus querida, minha triste vida,

Agora chora tua distancia;

E nesta dança minha esperança,

Faz em um canto, quase esquecida.

A minha volta tudo é escuro,

Procuro luzes nesta cidade;

Onde a certeza do bom futuro,

Anda tão longe na eternidade.

Só tua presença me dava vida,

Me dava cores os teus encantos;

Ando esquecido, vida encardida,

Catalisado pelos meus prantos

 *J.L.BORGES

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

CANSADO DE AMAR SEM SER AMADO

CANSADO DE AMAR SEM SER AMADO

Cansei de amar-te sem retorno,

Nem mesmo um olhar ganho de ti;

Tu és meu fracasso, meu estorno,

As dores de amor que mais senti.

Nunca mais quero ter-te a meu lado,

Nos sonhos de amor e solidão;

Sinto-me abalado e tão cansado,

Levando tua ausência pela mão.

Mulher que meus beijos não quis ter,

Nem mesmo palavras de ternura;

Preciso esquecer-te e me conter,

Curar-me talvez desta ternura.

Loucura de um amor desesperado,

Tolo e também cheio de ciúmes;

Esquecer-te? Talvez, triste e magoado,

Esquecer teu gingado, teu perfume.

*J.L.BORGES

UMA BOMBA EM TEU OLHAR

UMA BOMBA EM TEU OLHAR

Mais uma bomba explode no âmago deste peito,

Confuso por te amar sem saber;

Que o pior é a saudade que hoje sinto,

Sem te ter a meu lado com prazer.

Te quero todos os dias, todas as horas das minhas noites,

Que quase não durmo pois sei que o pesadelo;

Recomeça pra me deixar em prantos,

Ficando só na vontade de beijar teus lábios, teus cabelos.

Sei bem que outra bomba explodirá aqui,

Dentro de meu peito, no fundo de minha alma;

Cansada e que não cansa de amar de novo,

Te amar de um jeito doido, um jeito que acalma.

Embora a eternidade no fundo de teus olhos,

Já prontos a dormir, sonhar com os momentos;

Espera outra bomba na flor de meus desejos,

Sem ciúmes e sem perfumes, somente sonhos aos ventos.

Talvez até me espelhe em teus olhos mal dormidos,

Olhar de bons momentos já prestes a dormir;

Sonhar com a certeza de estar contigo embora,

A bomba de teus olhos está a me explodir.

 *J.L.BORGES

VOCÊ CHEGOU NESTA SOLIDÃO

VOCÊ CHEGOU NESTA SOLIDÃO

Você chegou nesta solidão,

Trouxe me a luz que eu tinha esquecido;

seu meigo sorriso mostrou paraísos,

A terna certeza de amar e doar.

Você chegou nesta solidão,

Agora estou sorrindo de novo;

De bem com a vida e com este momento,

São bons estes ventos com você a meu lado.

Andava sozinho, andava perdido,

Andava esquecido, a agora te tenho;

Sinto me tão bem caminhando a seu lado,

A sua chegada mudou minha vida.

Você chegou nesta solidão,

Me fez seu amigo me fez seu amor;

A luz de seus olhos mostrou me que a vida,

Não é só tristeza, não é só chorar.

 *J.L.BORGES

INDOMÁVEL BICHO HOMEM

O NDOMÁVEL BICHO HOMEM

O bicho homem é o mais ocupado,

E desocupado bicho da terra,

Faz de tudo um pouco,

Constrói e depois destrói,

A seu bel prazer.

Sem tempo para viver vive correndo a toa,

Tentando descobrir algo,

Que ele nem mesmo conhece,

Mas que pensa um dia conhecer,

Pobre tolo ignorante!

É o único bicho que mata,

Só pelo prazer de matar;

Na sua ganância e sua inveja,

Esta fera destrói em segundos,

Tudo que seus antepassados,

Levaram séculos para construir,

Tudo que a natureza,

Levou milênios para criar e aperfeiçoar.

Onde o bicho homem pisa,

Somente cresce ervas daninhas,

Raros, esgotos e escombros,

De uma sociedade falida.

Este ser é um vírus letal,

Que progressivamente em nome do progresso,

Esta destruindo a mãe terra,

E consequentemente a si próprio.

    *J.L.BORGES

SILENCIO DA NOITE

SILENCIO DA NOITE

Neste silencio quase imortal,

Passional e inefável;

Onde o mortal é melhor,

E as aparências absolvem.

É lá que o amor contido,

Choca-se com a indecisão;

Onde a noite é tua amiga,

Escura amiga que envolve

*j.l.borges

O RELOGIO

O RELÓGIO

O tic-tac,

Moroso do velho relógio,

Até parece o tic-tac,

Dengoso do meu coração.

                    *J.L.BORGES

VERÃO

VERÃO

O verão chegou,

Meio sem vontade;

Bem devagarzinho,

Foi ficando aqui.

Junto trouxe nuvens,

Pra morar no céu;

E de lá ficar,

Espiando a terra.

Lá de vez enquanto,

Saciar a sede;

Destes verdejantes,

Seres que aqui ficam.

O verão chegou,

E com ele a chuva;

Chuvas de verão,

Que alimentam rios.

Trouxe o vento andante,

Amigo invisível;

E a jovem brisa,

Pra lhe namorar.

  *J.L.BORGES



VENTOS DE SAUDADE

VENTOS DE SAUDADE

O vento que sopra,

Alem das janelas;

Me trazem noticias,

Saudades por ela.

Parece um feitiço,

Que rasga este peito;

Sementes que ela,

Jogou-me sem jeito.

Depois vai embora,

Deixando as janelas;

Abertas, coitadas!

Saudade por ela.

Sozinho olho o céu,

E vejo pandorgas;

Alem destas nuvens,

Nos olhos que afoga.

              *J.L.BORGES

VENTO NA VIDRAÇA

VENTO NA VIDRAÇA

O vento beija a vidraça,

Daquela casa amarela;

Depois corre para a praça,

De lá suspira por ela.

No espelho de seu olhar,

Ela sonha com o vento;

Ele, da praça a sonhar,

Ela na casa em lamento.

Logo outra tempestade,

E o vento corre pra ela;

A paixão do vento arde,

E outra vez beija a janela.

 *J.L.BORGES

JARDINEIRA

JARDINEIRA

As flores do jardim de minha casa,

Pacientes esperam a clave deste sol;

São rosas violetas, e margaridas,

Pedindo um pouquinho de teu sol.

No azul da inocente primavera,

Os pássaros acasalam-se sob o céu;

Teu céu, lá, bem longe do jardim,

A onde as flores esperam tua luz.

Não canso de pedir o teu sorriso,

O sopro que alegra os verdejantes;

Insetos, flores e os passarinhos,

Que esperam em meu jardim o teu afago.

Não canso de pedir teu beijo leve,

No orvalho e na chuva que aqui cai;

Insetos, flores e os passarinhos,

Te esperam em meu jardim e tu não vens.

Eu sei que tu estas lá, bem distante,

Cuidando outros jardins e outras flores;

De cristais reluzentes em avenidas,

Cravejadas de antenas de babel.

*J.L.BORGES

FLORES ASTRAIS

FLORES ASTRAIS

As flores astrais,

Que flutuam no tempo;

São flores de vento,

Emblemas de paz.

Perfumes florindo,

Sem magoa do povo;

Vertentes do novo,

Sulcando a terra.

Beijando as cores,

Astrais da espera;

Azul deste céu,

Estático no ar.

E as jovens sementes,

Germinam no leito;

Do amor satisfeito,

Suave e ardente.

Refeitas das dores,

Saudade e apatia;

Da paz nostalgia,

Tapetes de cores.

*J.L.BORGES

FIM DE TARDE

FIM DE TARDE

O velho sol espia,

A jovem lua esguia,

Enquanto estrelas desfilam,

Na grande avenida,

Da noite que amanhece.

  *J.L.BORGES

FAZ TEMPO QUE NÃO OLHO O CÉU

FAZ TEMPO QUE NÃO OLHO O CÉU

Faz tempo que não olho o céu,

Faz tempo que não penso.

No sol depravado, carente e sozinho;

Sonhando com ela,Seus sonhos dourados.

Na lua prateada, saudosa alvorada;

Estrelas mirradas, esquias e distantes.

Nas nuvens faceiras, bailando em bandos;

Parecendo andorinhas trazendo verões.

Nas pandorgas indecentes, alem das antenas;

Parecem pequenas perdizes nos campos.

No verão invisível,Surfista prateado;

Andando acolá por sobre montanhas.

Na chuva macia, sem sonhos nublados;

Alem dos trovoes, num tempo de guerras.

No dia que chega, com brilho de aurora;

Trazendo o presente, austral nos relógios.

Faz tempo que o céu, não olho e nem sonho;

Faz tempo não penso, só quero dormir.

 *J.L.BORGES

CHUVA DE NOVEMBRO

CHUVA DE NOVEMBRO

A chuva cai lá fora,

Também na minha alma;

A chuva não me acalma,

Somente me arrasa.

A chuva cai lá fora,

Por sobre os telhados;

Saudade que não sai,

Meu eu desesperado.

A chuva cai lá fora,

Por sobre os jardins;

E os sonhos já molhados,

Não saem mais de mim.

A chuva cai e traz,

O amor tonto e cansado;

A paz imaginaria,

Inerte que não vem.

Assim a chuva cai,

Seus raios e trovoes;

São choques de ilusões,

Que o homem não comenta.

Perdido nesta ilha,

Sozinho e flagelado;

Meus nervos são uma pilha,

Na paz desesperada.

As sombras chegam em mim,

Apagam meu olhar;

O vento rasga a pele,

Mal dá pra agüentar.



Na tristeza desta gente,

A dor trava e não sai;

E a chuva ainda cai,

Depois que o sol calou.

Nos umbrais e nos portais,

A marca desta chuva;

Que vem, não traz a paz,

Somente um sonho negro.

A onde a esperança,

É um sonho e nada mais;

Na chuva que aqui cai,

Sufoca, e nada traz.

 *J.L.BORGES

VENDAVAL

VENDAVAL

O vento que sopra,

E castiga a noite fria;

São espíritos Tibetanos,

Vagando por ai.

O resmungo dos trovoes,

É a voz de Buda;

Dizendo aos espíritos,

Voltarem à seu tempo.

A chuva que cai,

São lagrimas das viúvas;

Chorando de saudade,

A falta de seus homens

*J.L.BORGES

UMA VIDA APENAS

UMA VIDA APENAS

Uma vida apenas,

Um momento frágil,

E nada mais;

Uma lagrima que escorre,

No sorriso que morre,

Na busca da paz.

Tempo que revoa,

Em louca debandada,

Para algum lugar;

Onde a flor povoa,

Esta curta estrada,

Que irá findar.

São frágeis momentos,

Da vida cansada,

Louca pra voar;

Flutuar ao vento,

Igual pensamento,

Depois dissipar.

  *J.L.BORGES

POBRE MISERÁVEIS

POBRES MISERÁVEIS

Pobres miseráveis somos nós,

Andando ao léu sem nada achar;

A vida antes suave é hoje algoz,

Mas culpar, a quem vamos culpar?

Dias de calor e tempestade,

Momentos de pavor e de degredo;

Os sonhos, pesadelos a meter medo,

A onde a solidão o peito invade.

Nos culpamos velhas culpas do passado,

Velhos pecados que hoje nos assolam;

Feras loucas que nas noites apavoram,

Entrando em nos livremente igual serpente.

Somos culpa, somos partes do passado,

Que idiotamente hoje cultuamos;

As sementes do passado que plantamos,

Hoje são florestas petrificadas.

 *J.L.BORGES

MINHA ALMA DE CHUMBO

MINHA ALMA DE CHUMBO

Minha alma de chumbo,

Sorrir não consegue;

Minha alma antes leve,

É hoje pesada.

Sigo só nesta estrada,

Igual andarilho;

Sem ter esperança,

Guarida e destino.

Vai ano, vem ano,

E esta saudade;

É só tempestade,

De dor e engano.

Minha alma de chumbo,

Violou esta fonte;

A onde o horizonte,

Era sede de amar.

 *J.L.BORGES

UNA NEVE CHE CADE

UNA NEVE CHE CADE

La neve che cade,

Diventare buio stasera;

Lasciandomi stanco,

In questa ricerca infinita.

La neve che cade in silenzio,

Sbianca il mio cuore

Questo è già scoraggiato,

Per vivere in questa solitudine.

La neve soffice,

Cade a poco a poco;

Mi sta congelando l'anima

Lasciandomi quasi pazzo.

Sento sete in questo momento

Mi sento freddo, perché manca l'amore;

Questa neve mi trasforma,

Soffocando questo calore.

* J.L.BORGES

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

MESMO CHORANDO

MESMO CHORANDO

Mesmo chorando,

Sonhava em ser feliz;

Meu coração teimoso,

Teimava em gritar bis.

Mesmo chorando,

Fingia em ser feliz;

Minha alma em chamas,

Teimava em gritar bis.

Hoje é passado,

O sonho ser feliz;

Meu pobre coração,

Já não mais pede bis.

Meu riso triste,

Não fala em ser feliz;

Minha alma aguada,

Rasgada e infeliz.

Hoje chorando,

Acordei e percebi,

Não sou feliz...

     *J.L.BORGES

LÁGRIMAS DE CHUMBO

LÁGRIMAS DE CHUMBO

Lagrimas de chumbo,

Caem sem parar,

Dentro de meu coração;

Fazendo a semente,

Da saudade ficar,

Presa nesta solidão.

Junto com as lagrimas,

Raios, riscam o céu,

De minha alma tão cansada;

Estou sofrendo tanto,

Com esta chuva ingrata,

Escura anda minha alma.

Lagrimas de chumbo,

A cair do céu,

Dentro do meu coração;

Estou sofrendo tanto,

Por este amor ausente,

Não quero mais a solidão.

*J.L.BORGES

INCOERENCIA

INCOERENCIA

Nesta incerteza prolixa e mutável,

De palavras que não compreendo;

Falo por falar sem dizer nada,

Digo por dizer e nada entendo.

Porque o começo do compasso,

Na eternidade é quase nada;

São palavras escritas em descompasso

No turbilhão infernal da longa estrada.

Na incerteza do falar quem vai ouvir?

Nesta eterna imensidão do nada ter;

A onde os pesadelos em debandada,

Aguardam a sua vez de prosseguir.

   *J.L.BORGES

DELÍRIOS

DELÍRIOS

Nas profundezas de meu inferno,

A teimosa paixão parece suspiros;

De velhos demônios misturas de vermes,

Rastejando em escombros de escuro delírios.

O verbo satã é um verbo encarnado,

A onde odiar e matar criaturas;

O ser descartável é um ser desejado,

Amado e odiado na sua loucura.

No fim do segundo a loucura que passa,

Te faz sentir graça e rasgar tua blusa;

Arranha o brilho que vem da vidraça,

Na forma nefasta, cruel e reclusa.

Te quero no inferno do amor depravado,

A onde o cruel é uma forma de amar;

Estar sozinho é estar a teu lado,

Numa forma imunda talvez de gostar.

*J.L.BORGES

CHUMBO

CHUMBO

O chumbo da vida,

Entranha-se na alma;

Aumenta esta ferida,

A fonte esquecida,

Onde eu saciava a sede.

Esta rede de aço,

Impregnada de chumbo,

Me prende igual a peixe,

Transforma meu viver,

Num feixe de espinho.

 *J.L.BORGES

PRIMAVERA AMANHECENDO

PRIMAVERA AMANHECENDO

Num tempo exigente as flores florescem,

Rasgando os sonhos, e o dia amanhece.

São sonhos e luzes flutuando em campos,

Florestas de cores, sorrisos e prantos.

A noite eclodindo por sobre as cidades,

Trazendo mil sonhos de paz e saudade.

Chegando depressa aromas, perfumes,

E a vida começa, de novo o ciúme.

Suspiros tangentes dispersos no ar,

Na musica do bosque um elfo a cantar.

E as fadas risonhas a noite sorvendo,

É um sonho encantado do céu escorrendo.

Milhões de estrelas sorrindo pra ela,

A dama das flores, formosa donzela.

Seu toque floresce as rosas, jasmins,

Milhões de estrelas por sob os jardins.

*J.L.BORGES

A BAGACEIRA

A BAGACEIRA

A pureza é tenra taça,

De cristal em mãos estranhas;

A certeza da esperança,

Em duras penas é o bom inferno.

O sorriso da coitada dançarina,

Em louca dança sem dançar;

Onde os astros sem luz própria,

São meros coadjuvantes a divagar.

Vejo rosas pequeninas sem perfume,

Confusas e apáticas perambulando em madrugadas;

Seus ciúmes são disfarces tão confusos,

Nos jardins das desfolhadas defloradas,

São ralhadas as andorinhas, coitadinhas,

Sempre em busca do verão;

Primavera adolescente nesta vida,

Indecente, onde a luz esquecida é tentação.

 *J.L.BORGES


ROSA DE IPANEMA

ROSA DE IPANEMA

Cadê a ânsia desta criança?

Jovem que sabe o que quer;

Mais um sossego,

Sem ter o medo de prosseguir.

São tantos ventos,

Tantos momentos;

De sonhos que até a alma chora,

Talvez sem pressa de conseguir.

E ela passa rente a vidraça,

Desta casinha mal colorida;

De bem com a vida,

Bela menina!

Bela criança que me acalma,

Flor de Ipanema;

Rosa que enfeita,

As louras praças.

 *j.l.Borges

RECOMEÇO

RECOMEÇO

Ano novo está chegando,

Trazendo a felicidade;

De saber que se está vivo;

Com ele vem a esperança,

Saúde e paz a teu povo.

Mais um ano que renasce,

Tudo é transformação;

Com ele vem o futuro,

Esta luz da esperança,

Que imunda tua alma.

Assim faz a tua calma

Expandir-se a teu irmão.

Este amor no coração;

Esta vontade de doar,

E começar tudo de novo.

*J.L.BORGES

domingo, 25 de fevereiro de 2018

VAGALUME

O VAGA-LUME

Uma luz a brilhar,

No final da estrada;

Uma lanterna encantada,

Nos mostrando o lugar.

Onde a vida começa,

Sem pressa de nada;

O final da estrada,

É uma doce promessa.

Esta luz que nos chama,

Com certeza é o futuro;

Nos dizendo que o escuro,

Se afastou desta chama.

Esta luz com certeza,

É a luz do amor;

Onde a paz do Senhor,

Será nossa riqueza.

   *J.L.BORGES

NOITE DE NATAL

NOITE DE NATAL

Os sinos dobram e a noite estrelada,

Reflete nas poças dàgua a luz;

Uma luz que amanhece na alma da gente,

Preciosa semente pronta a germinar.

Mais um natal chegando a nós,

Suave e veloz igual esta luz;

E o belo menino Jesus está nascendo,

Na alma sedenta de um bom coração.

Sorrisos fraternos, apertos de mãos,

Abraços sinceros na noite que chega;

A luz das estrelas a paz pousa mansa,

Igual a criança que nasce esta noite.

E a pomba da paz fraterna e sem jeito,

Procura um lugar pra fazer o seu ninho;

Enquanto na noite, sorrisos festivos,

Mostrando que a vida ainda é perfeita.

 *J.L.BORGES

FERIAS

FÉRIAS

Enquanto os pássaros acasalam-se,

Nesta manhã pumblea a chorosa,

Fico roçando-me em ti,

E num instante fico contente;

Porem não somos selvagens,

Vamos deixar eles se amarem lá fora,

Se roçarem, se molharem,

E nós bem juntinhos,

Nesta quietude matinal da lareira,

Sorvendo uma taça de vinho,

E ouvindo Bee Gees.

*J.L.BORGES

O ESCRITOR

O ESCRITOR

A vida que abraça,

Aquele que sonha;

É jóia preciosa,

Que poucos conhecem.

Sorrisos na face,

De quem realiza;

O sonho guardado,

No seu coração.

Assim vai seguindo,

Na vida que passa;

Com tons reluzentes,

De satisfação.

Estrelas nos olhos,

Daquele que vê;

Sua obra concreta,

Escritas no tempo

*J.L.BORGES

FLORES DE NOVEMBRO

FLORES DE NOVEMBRO

Vejo flores de novembro,

Nos verdes campos sem fim;

Flutuando em brancas nuvens,

Bem alem de teu jardim.

São flores da mocidade,

Perfumando de esperança;

Esta densa mocidade,

Este sonho que não cansa.

Vejo flores de novembro,

Onde a dor jamais alcança;

Somente flores de paz,

Neste amor jovem que dança,

Bem alem destes meus ais.

Lindas flores de novembro,

Sorriso em jovem bonita,

Aquela jovem que passa,

Me trazendo a primavera,

No doce ar de sua graça,

Este amor que em ti palpita.

 *J.L.BORGES

ESPERANÇA

ESPERANÇA

Rosa vermelha que perfumam,

Lenços brancos que acenam;

O sonoro apito do trem,

Anunciando que ela irá chegar.

Ela chega mansamente,

Trazendo em sua bagagem de sonhos;

Presentes de papais Noeis,

E a certeza de outros natais.

Na pacenciedade desta estação,

Acenamos lenços, lhe jogamos rosas;

Porque sabemos que sua chegada,

É veloz, devemos aproveitar.

Logo a seguir ela irá embora,

Levando em sua mala couro de estrelas;

Nossos sonhos mais íntimos,

Nossas magoas em taças de cristais.

    *J.L.BORGES

PARAÍSO PARTICULAR

PARAÍSO PARTICULAR

Estradas esquivando-se,

Entre rios e montanhas;

Com ela vai o silencio,

Esta paz doce e estranha.

Entradas que nos mostram,

Varais, campos e pomares;

Frescor na noite que chega,

Na inocência dos lares.

Rios que serpenteiam,

Entre fazendas e vilas;

Levando meu barquinho,

Bem pra perto do lugar.

A onde o sonho é possível,

E é permitido amar;

A onde o nada é proibido,

Só não se pode chorar.

Onde o paraíso é plausível,

E está ao alcance das mãos;

Basta afastar o impossível,

Ter o dom no coração.

  *J.L.BORGES

UM NOVO DIA

UM NOVO DIA

Um novo dia está nascendo,

Meu coração diz sim;

E dou bom dia para a alegria,

Só não sei por que.

Talvez a chuva, talvez as nuvens,

Me deram a inspiração;

De dar bom dia para a terra unida,

Aos insetos e as flores do jardim.

Estou feliz neste momento,

Igual arvore verdejante,

A receber os pingos dágua,

Que chegam sem nada cobrar.

Tenho esperança que o novo dia,

Será talvez melhor,

Que o ontem velho que aqui passou,

Deixando sua historia escritas no livro do tempo.

Historia que um dia ficará nos corações,

De quem compreende, de quem entende,

Lições que o tempo ensina,

E não cobra tributos a nós.

 *J.L.BORGES

RÁIO DE SOL*

ESPÍRITO NATALINO

ESPÍRITO NATALINO

Do alto a estrela guia,

Ilumina o ser humano;

Igual todos os anos,

A paz ela anuncia.

Orvalho de esperança,

Caindo sobre a terra;

É boa a doce espera,

Nos sonhos da criança.

Assim a noite vem,

Carinhos e mensagens;

No olhar a boa imagem,

No homem que é do bem.

Em tantas catedrais,

O amor é decantado;

Nas portas e portais,

Jesus iluminado.

Em choupanas e mansões,

O bom menino nasce;

Sorrisos em muitas faces,

E paz nos corações.

 *J.L.BORGES

RÁIO DE SOL

RÁIO DE SOL

Um raio de sol surgiu em minha vida,

Chegou tão de repente sem pressa de acabar;

Iluminou minha existência antes esquecida,

Plantou esta semente vontade de te amar.

Agora sou alegre e vivo rindo a toa,

Contigo a meu lado meu mundo é só verão;

Você me faz sentir a vida linda e boa,

Promessas de mil juras escritas na canção.

Você é este raio de sol em minha vida,

A onde a tempestade da dor não vinga mais;

Você é este raio de sol minha querida,

Eterna densidade de riso, amor e paz.

 *J.L.BORGES


WALQUIRIA

WALQUIRIA

Ela veio em seu cavalo,

De um lugar claro e distante;

Onde os homens são eternos,

E os deuses são instantes.

Trouxe consigo o vento,

Junto com a tempestade;

De calor, belos momentos,

Este amor que me invade.

Ela veio em seu cavalo,

Trouxe junto o paraíso;

A paixão , esta ternura,

Este amor que mais preciso.

Foi chegando de mansinho,

E deixando junto a min;

A semente da saudade,

Este amor que não tem fim.

Sem despedidas foi embora,

Só deixou esta saudade;

Deixou-me um sonho distante,

Esta dor que rasga e arde.

 *J.L.BORGES

OS MORTOS

OS MORTOS

Os mortos parecem ventos,

Soprando a alma da gente,

Os mortos...

Seus belos corpos,

Os mortos são imortais.

Eterna são as sementes,

Deixadas por estes deuses;

Parecem canções à lua,

Os mortos...

Os mortos não morrem mais.

São flores na primavera,

São sonhos na longa noite;

De tempestades, açoites,

No coração de quem fica.

A onde a vida não chega,

É lá que descansam os mortos;

Descansam na paz escura,

Que guarda seus belos corpos.

 *J.L.BORGES

FIM

FIM

O recomeço sempre é o começo do fim,

A certeza de morrer pra renascer de novo;

Sair do fogo, voar ao espaço,

De lá começar outra longa jornada.

Jogar suas cinzas ao vento,

E buscar o concreto etéreo;

Trocar suas vestes já gastas,

Pelo tempo, (relógio implacável).

Não basta querer viver eternamente,

Viver por viver e mais nada;

É preciso recomeçar outra vida,

Apagar os suores passados.

A vida é igual ano velho,

Que dá lugar a um novo recomeço;

Outro ano que chega cheio de vida,

Esperança de tempos melhores.

O fim é o começo do novo,

O inicio de uma nova jornada;

Para um tempo de sonho e fartura,

A onde a sabedoria faz sua morada.

 *J.L.BORGES

RIQUEZAS DO BEM VIVER

RIQUEZAS DO BEM VIVER

Bom é o dia de hoje,

Melhor é o dia de amanhã;

O dia que passou não deve ser lamentado,

É apenas passado, não volta jamais.

A chuva que cai é tão boa,

Os dias de sol são belos meus bem;

O vento que beija teu rosto,

Um campo de flores, sem espinhos também.

O frio que castiga teu corpo,

Mormaço numa tarde sem brisa;

São bênçãos da mãe natureza,

A fonte importante de Deus.

O pão que alimenta a alma é sagrado,

O pão que alimenta o corpo também;

Bendito na vida é o sonho do homem,

Dormir o bom sono e amanhã renascer.

Dizer obrigado para as coisa da vida,

Saber produzir para depois receber;

Pois tudo que dás a vida te volta,

Em dobro amigo, só bastas saber.

 *J.L.BORGES

PAZ

PAZ

Sobre o céu pumbleo,

As canções dos astros falam,

De uma paz antiga,

Andando por ai;

Sob as bombas astrais,

Do homem inconseqüente,

Que fere a natureza,

Com seus beijos serpente.

É uma paz quase caduca,

Ardente e teimosa,

Paciente e perigosa,

Mas é paz do coração.

E sob este céu pumbleo,

O sonhador caminha,

O sonhador almeja,

A busca do melhor.

Mal sabe o coitado,

Que o mal ainda ruge,

E bate em tantas portas;

Porem a paz caduca,

Caminha por ai;

Só basta abrir a porta,

Deixar que ela entre,

E não sai daí.

 *J.L.BORGES

O PREGADOR

O PREGADOR

Felizes os inocentes,

Estes não conhecem o pecado,

Felizes os de vida longa,

Estes aprendem o bom caminho,

Na longa hora de sua existência.

Não basta viver por viver,

Tem que viver pra saber;

Adquira o conhecimento das plantas,

Que pacientemente espera o tempo da chuva.

Adquira o conhecimento dos insetos,

Que sabe precisamente,

Quando chega a primavera,

E o momento exato de acasalar.

A sabedoria dos homens,

Não é somente ensinar;

A também aprender,

Principalmente com a natureza que o cerca.

O canto das aves...

O barulho do vento nas copas das árvores...

O murmúrio do rios...

A canção da chuva que cai...

O crepitar da lenha no fogo...

Tudo é belo, imortal e expelndido,

Quando se ama com o coração;

Quando a voz da sabedoria,

Suspira a voz da canção.

Devemos respeitar as coisa mais simples,

Deste universo celestial;

Até a lava incandescente,

Que saem das pedras em ebulição,

É muito importante,

Para o equilíbrio da vida.

Uma simples gota de orvalho,

É alimento inigualável para os pequeninos;

A tênue luz do sol,

Infiltrada entre as pedras das montanhas,

É to importante para nós.

Sinto-me tão feliz,

Feliz igual a inocente criatura,

Que não conhece o pecado;

Feliz igual aquele de vida longa,

Porque certamente adquiriu sabedoria.

A sabedoria consiste em não destruir,

Nunca destrua aquilo que não possa criar,

Vida em harmonia com a natureza,

Que tu terás tudo de bom,

Tudo de bem que emana do universo.

Não agida a mãe terra,

Para não ser órfão nos séculos vindouros,

Harmonia e criação,

E o catalisador que uni,

O universo com os seres viventes.

*J.L.BORGES

O INSENSATO

O INSENSATO

Loucas palavras que não falam nada,

Tolos ouvidos que mal sabem ouvir;

Olhos vendados que não enxergam nada,

Estrada que não leva a lugar nenhum.

Beijos frios e falso, carentes de amor,

Abraços e apertos de mãos sem tocar;

Sorrisos de desdém fingindo ser sincero,

Sem saber pra quem, nem mesmo o motivo.

Fugaz é o sopro da sabedoria,

Tentando em vão entrar no coração daquele;

Que se diz saber d e tudo mas que mal percebe,

Quando o sol surgiu ou quando a noite chega.

O vento do saber bate em tantas portas,

Que trancadas ficam e permanecem assim;

Enquanto a vida abre novos horizontes,

Mas eles coitadinhos, permanecem o mesmo.

Nada, nada muda no coração do insensato,

Quanto menos tem, mais deixam de ter;

Deixando a fortuna lhe escorrer das mãos,

E a água da sabedoria fugir por entre os dedos.

  *J.L.BORGES

O AMOR

O AMOR

O amor paira no ar,

Em manhãs de primavera;

Flutua igual pandorga ao vento,

Tentando tocar as brancas nuvens,

Que anseiam momentos de sol.

O amor é igual canções,

Tocadas em noites de verão,

Por seres estranhos e afáveis,

Naquele canto remoto,

Onde só o pensamento vai.

O amor é uma jovem esperança,

Entrando e ficando nos corações,

Daqueles que o querem;

Sem medo das conseqüências,

Que um dia o amor trará.

Na dança imortal dos astros,

O amor sempre está presente;

Não basta querer, tem que saber,

Conhecer o amor que está a teu lado,

Te esperando, te convidando a amar.

*J.L.BORGES

GIROS DO TEMPO

GIROS DO TEMPO

Existe o tempo de mil tempestades,

O tempo em que o solo parece ruir;

Depois vem o tempo da calmaria,

Tempo em que o campo começa a florir.

Tempo em que nada dá certo na vida,

Negócios, trabalho, amizade, paixões;

Depois vem o tempo da paz tão pedida,

Abundancia e harmonia em teu coração.

Existe o tempo da noite escura,

Sombra e tédio na alma da gente;

Depois vem o tempo de dias risonhos,

Da calma serena na alma semente.

Existe o tempo de inverno infindável,

Na vida pacata do pobre irmão;

Depois vem o tempo do longo verão,

A paz adorada, plausível e afável.

Existe o tempo da vida agreste,

Espinhos no chão ferindo o pé;

Depois vem o tempo, tapete de flores,

Perfumando a vida, só basta ter fé.

*J.L.BORGES

DENTRO DE TI

DENTRO DE TI

Nas noites dos titãs quanta loucura,

Um happy, um blues sonoro e eu aqui;

Te quero, te namoro minha doçura,

Me acho num vazio dentro de ti.

Nas luzes de néon te busco agora,

Esqueço de sofrer o que sofri;

Estar contigo amor é sempre bom,

Agora e sempre amor, dentro de ti.

Chamar-te de senhora, oh minha garota!

Ouvindo um roque eterno frenesi;

Depois na quieta madrugada,

Me desmanchar de amor dentro de ti.

Se amanhã chamar-me para ir embora,

Eu sairei um pouco por ai;

Mas certamente a noite me espera,

Para outra vez estar dentro de ti.

 *J.L.BORGES

O CIRCO

O CIRCO

Crianças que pulam,

Que correm, que gritam;

Num gesto sereno,

De ser e sorrir.

Comendo pipocas,

Chupando os dedos;

Olhando os macacos,

E o velho leão.

No alto um trapézio,

De sonhos tangentes;

O fio do arame,

Rasgando o horizonte.

Sorri a criança,

E grita extasiada;

Com as velhas piadas,

Do velho palhaço.

São tantos inocentes,

Num mesmo lugar;

Que fico sonhando,

Não quero sair.

Fazer deste circo,

Eterno momento;

E pô-lo em um canto,

De meu coração.

*J.L.BORGES

TELEVISÃO

TELEVISÃO

O olho que tudo vê,

Que tudo mostra,

Que tudo faz,

Promove intriga,

Promove brigas,

Promove tréguas,

Promove paz.

Na ânsia de tudo ver,

Revela medos,

Tantos segredos,

Já sepultados,

Dos imortais,

Não revelados.

O olho que tudo vê,

Que tudo lê,

Que tudo traz,

Renova cores,

Remove dores,

Resolve amores,

Dissolve a paz.

*J.L.BORGES

DEPOIS QUE O NATAL PASSA

DEPOIS QUE O NATAL PASSA

Caras rasgadas em sorrisos,

Fartos apertos de mãos;

Promessas de paraísos,

Fáceis na televisão.

Propagandas nos jornais,

Mostrando a porta aberta;

Para o sucesso diário,

Só falta o cartão nas mãos.

Pacotes e mais pacotes,

Embrulhos de ilusões;

Tanta fartura nas mesas,

Muita paz nos corações.

Porem logo é meia noite,

Quebra a taça de cristal;

A magia perde a graça,

E tudo volta ao normal.

  *J.L.BORGES

JUVENTUDE MALDITA

JUVENTUDE MALDITA

Esta indomável juventude,
De crianças dependentes;
Onde a dor que rasga a alma,
Acalma a frágil semente.

Esta juventude maldita,
Viciada, tosca e estranha;
A onde a dor que palpita,
Esta no fundo das entranhas.

Onde o pavor social,
É mero pano de sonhos;
Drogados de ansiedade,
Maldade em faces risonhas.

Juventude que não cresce,
Nada constrói, nada cria;
Corrompida juventude que padece,
Juventude que fenece dia a dia.

Juventude que titubeia no escuro,
Defecando seus sonhos drogados;
Neste esgoto de uma sociedade sem futuro,
Sem presente e sem passado.

*J.L.BORGES RODRIGUES

sábado, 24 de fevereiro de 2018

REALIDADE

REALIDADE

A duvida pertinente que fere minha alma,

Me agita e acalma, é espinho a arder.

Tantas duvidas ferindo esta gente,

Num tirano sistema, não dá pra vencer.

Noticias partidas em mil fragmentos,

Cada um noticiando a seu bel prazer.

Memórias sofridas expostas ao vento;

Na chuva do medo, não dá pra viver.

                   *J.L.BORGES

VOLTA PRA MIM

VOLTA PRA MIM

Não deixes o amor acabar,

Não deixes o amor triste assim,

Você é tudo querida,

É luz em minha vida,

Linda flor no jardim.

Te quero e te espero,

O perdão não existe,

E sim este amor por você,

A vontade de estar a seu lado;

Esquecerei o passado,

Se voltares pra mim.

Insisto amor, não resisto,

Esta dor, da saudade,

Ardendo em meu peito;

É duro estar tão distante,

Sem teus beijos de antes,

Vem e volta pra mim.

    *J.L.BORGES

PRIMAVERA EM FLOR

PRIMAVERA EM FLOR

A flor tornou-se mulher,

Na tarde densa e copiosa;

Enquanto os astros suspiravam,

Com inveja do beija flor.

A luz surgiu no poente,

Alem da vaga desconhecida;

Chegou branda e de repente,

Expandiu-se em teu labirinto.

Milhões de estrelas implodiram,

No universo de teu corpo;

A flor serena de meu pensamento,

Perfumou de sois tua primavera.

Milhões de novembros sucumbiram em mim,

Enquanto eu te navegava tranqüilo;

No turbilhão deste oceano,

Desconhecido que hoje descobri.

*J.L.BORGES

O AMOR

O AMOR

O amor,

É uma faca de dois gumes;

Rasga, dilacera,

Mas faz tão bem.

 *J.L.BORGES

GRAMÁTICA

GRAMÁTICA

Na hipérbole de teu olhar,

Com a catacrese de teu sorriso;

Encontro metáforas desta ternura,

Em teu paraíso.

Na silepse de teu conforto,

Teus quentes beijos é o meu pleonasmo;

Os teus abraços, este teu corpo,

Tão natural nestes orgasmos.

No cacófato de nossas brigas,

O amor prolixo não vale nada;

As minhas dores, nossas intrigas,

Uma concisão desesperada.

Na harmonia de nossa trégua,

Sou onomatopéia de amor sem fim;

E tu querida, prosopopéia,

Do amor nefasto andando em mim.

  *J.L.BORGES

AMOR EM FUGA

AMOR EM FUGA

São tantas a ilusões,

Que a gente esmorece;

Perde-se por quase nada,

Ganha-se o que não presta.

Assim na vida o que resta,

São apenas fragmentos de ternura;

Nos escombros da loucura,

Que bruscamente fenece.

A vida passa em vão,

Passa em branco nesta estrada;

A onde estar sozinho,

É apenas o começo deste nada.

Migalhas de paixões,

Que a vida explodiu;

Em nossos corações,

Depois que o amor sumiu.

   *J.L.BORGES

AMOR DEPENDENTE

AMOR DEPENDENTE

Tu apareceu de repente em mim,

Igual raio na chuva que cai;

Aqueceu minhas tardes de inverno,

Iluminou minhas noites vazias.

Num instante me apaixonei,

Os meus dias de inverno passaram;

No calor de teu corpo macio,

Na envolvente delicia do amor.

Fiquei dependente de ti,

Deste corpo macio tempestade;

Onde a dor que invade é tão boa,

Que até vale a pena sofrer um pouquinho.

Um pouquinho, somente um pouquinho,

E depois te amar novamente;

Viajar neste mar de ternura,

E aportar num cantinho de ti.

*J.L.BORGES

NOITE

NOITE

As poças dàgua,

Refletem teu olhar;

Enquanto a noite,

Deixa sua graça.

E a luz da esguia lua,

Desenha na vidraça;

A imagem dela,

Nua a levitar.

São tantas as estrelas,

Morrendo de ciúme,

Do riso dela,

Gracioso a iluminar;

Um riso suave,

Que faz a noite,

Sentir o seu perfume,

Disperso no ar.

E o poeta sonhador,

Recria cambaleante,

Versos à bela lua;

Momentos raros,

Estes ternos instantes,

Que as poças dàgua,

Despidas de magos,

Refletem pacientemente,

A imagem dela.

E outra vez revejo,

Estrelas em seu sorriso,

E a noite em seu olhar;

O ardente beijo,

O corpo que aliso,

Te juro amor, não dá,

Vontade de acordar.

 *J.L.BORGES

FENIX

FENIX

Te vejo toda a noite,

Em meus sonhos de pranto;

A onde o terno encanto,

É sonhar sempre contigo.

Te beijo a voz do vento,

O vento que te toca;

Na dor que me provoca,

E que me deixa triste.

Te afago em belos sonhos,

Meus sonhos de agora;

A onde a alma implora,

Não quer mais acordar.

Te quero em desespero,

Tão perto da saudade;

Tamanha eternidade,

Na noite que aqui chega.

Te espero aqui sozinho,

Na calma desta rua;

A onde a luz da lua,

Reflete teu olhar.

Na dor deste destino,

O amor nunca naufraga;

Apenas é um menino,

Brincando de dormir.

Na dor desta distancia,

O amor não morre nunca;

Apenas adormece,

Pra renascer de novo.

      *J.L.BORGES

O LOBO*

REALIDADE*

NAUFRAGO*

PRESENTE*

O BOM DA VIDA

O BOM DA VIDA

Eu vejo meus amigos,

Nos olhos da criança;

A paz e a esperança,

Que li em velhos livros.

Eu vejo o paraíso,

Na paz do homem antigo;

Dizendo que o bom,

Da vida é perdoar.

Na ânsia de amar,

Procuro em velhos livros;

Mas a receita certa,

Está dentro de nós.

Na voz da natureza,

Que só os bons escutam;

Detalhes tão pequenos,

Porem grande demais.

 *J.L.BORGES

MOLEQUE

MOLEQUE

Me perder pra me encontrar,

Neste teu corpo moreno;

Complexo corpo de fada,

Diáfano corpo sereno.

Onde o amor é tempestade,

De alguns domingos a tarde;

Onde o desejo me arde,

Me agita e da vontade.

Vontade de navegar,

Em teu corpo em ebulição;

Naufragar a contra mão,

Neste teu corpo encantado.

Vontade de me encontrar,

Neste teu corpo pequeno;

Onde o amor transborda em fúria,

Ternura na paz suprema.

Quero correr nesta estrada,

Igual jovem calhambeque;

Me perder pra te encontrar,

Meu amor, pois sou moleque.

  *J.L.BORGES

LACRIME

LACRIME

Sono una stella nel cielo,

Star nel mare;

I nostri corpi si incontrano solo,

Nei sogni

Un sospiro nel cielo,

Un altro sospiro nel mare;

Questa distanza mi lascia,

Triste.

Un dio alato nel cielo,

Una sirena nel mare;

Così tante costellazioni,

Sono solo nel nido.

Gocce di rugiada nel cielo,

Gocce di nuvole nel mare;

Lacrime in solitudine,

In questo modo

Il mio sogno ritorna in paradiso,

Il tuo sogno è nel mare;

Milioni di stelle mi circondano,

Sono solo

* J.L.BORGES

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

OUTROS AMORES*

AMOR TEMPESTADE*

FOLHAS MORTAS*

CANÇÃO DA ESPERA PERDIDA*

NUNCA MAIS*

PRIMAVERA NA PELE*

ANOITECER*

TEU CORAÇÁO*

NAQUELA TARDE QUIETA E SOSSEGADA*

INSONIA*

SÓ*

ILUMINADA*

FOGO*

A CRIANÇA*

BOA NOITE QUATORZE ANOS*

SABEDORIA*

O LOBO

O LOBO

Com mágoa e com saudade,

Suplica à lua;

Clamando aquele amor,

Que era dele.

Sozinho e solitário,

Chora pra ela;

E eles incrédulos,

Não o compreendem.

 *J.L.BORGES

ESPÍRITOS DO PASSADO

ESPIRITOS DO PASSADO

As fadas lembram diamantes,

Os duendes lembram rubis;

Unicórnios, ventos uivantes,

É o que me lembram sacis?

Os anjos lembram nuvens,

Neves em altas montanhas;

As ninfas velhas imagens,

De paisagens estranhas.

Os gnomos lembram tesouros,

Escondidos nas florestas;

Os titãs me lembram ouro,

Baco lembra loucas festas.

As sereias lembram algas,

Algo nas ondas do mar;

As medusas tão confusas,

Difusas bolhas no ar.

As yaras lembram pratas,

Prantos a beira do rio;

Os dragões me lembram paixões,

Lembram guerras, desafios.

*J.L.BORGES

AUSENTE

AUSENTE

Já morri em Camaquã,

Sonhos de minha mocidade;

As manhãs de riso solto,

Longe da realidade.

Já morri em Porto alegre;

Onde o sonho do concreto;

Era a forma mais conexa,

De florir o meu deserto.

Já morri em Cachoeirinha,

Pra encontrar o meu destino;

O meu sonho de esperança,

Meu sorriso de menino.

Já morri em Gravataí,

Onde o amor me fez sonhar;

Onde abri a minha porta,

E fugi pra te encontrar.

Não cansado de morrer,

Fui morrer em Viamão;

Outra vez em Porto alegre,

Pra escapar da solidão.

Mais uma vez em Guaíba,

Eu morri jovem de novo;

Hoje tento germinar,

Ser semente deste povo.

*J.L.BORGES

CHEIRO DE SAUDADE

CHEIRO DE SAUDADE

Um cheiro de mato,

A beira da estrada;

A chuva soluça,

Reclama por nada.

O berrante geme,

No romper da alvorada;

O homem suspira,

Saudade da amada.

Um cheiro de terra,

A beira da estrada;

Cheiro de saudade,

Tão longe da amada.

E chora a viola,

Geme o violão;

Se foi o tropeiro,

Deixou solidão.

Restou cheiro de mato,

E cheiro de terra;

A beira da estrada.

O dia amanhece,

A chuva soluça;

É outra jornada.

 *J.L.BORGES

O QUINTO ELEMENTO

O QUINTO ELEMENTO

O vento que beija,

Pula muros,

E janelas;

Lhe deseja nua e bela,

No segredo da paixão.

A chuva que lhe molha,

E lhe devora o coração;

É a mesma que provoca

Com ternura, sem razão.

A voz que fala a ela,

E ilumina sua emoção;

É a voz da inocência,

A mesma voz do trovão.

Quando estou juntinho dela,

Me desfaço igual trovão;

Me desmancho igual a chuva,

E a molho com tesão.

Eu sou junto dela os elementos,

Que vitalizam o coração;

Água, fogo, terá e vento,

Simplesmente esta paixão.

 *J.L.BORGES

TRISTEZA

TRISTEZA

Estou triste, muito triste,

Triste mesmo;

Não falo e nem reclamo,

Eu me calo.

Me engano,

Nesta dor sem ter começo;

Insisto, reinsisto mesmo,

Me aborreço.

Eu choro e me devoro,

Nestas magoas sem ter preço;

Os olhos razoa dagua,

Me transformam em ser a toa.

O mundo me provoca,

Vira as costas e bate em mim;

Deixando minha vida antes boa,

Esquecida e triste assim.

*J.L.BORGES

REALIDADE

REALIDADE

Tudo nos é sonegado,

A frágil verdade,

Nossa realidade,

Os sonhos de criança.

Nossa esperança é hoje castrada,

Sem bagos de fé,

Jogada na estrada,

Corroída por corvos,

Que nos catam os sonhos,

Da vida serena com restos de nada.

É dura esta vida,

E curta esta fé,

Saudade de um tempo,

Que o homem era homem,

Não fera insana,

Que hoje ele é.

*J.L.BORGES

NAUFRAGO

O NÁUFRAGO

Neste dia cinzento,

Esta dor me atrai;

Se parece com o vento,

Com a chuva que cai.

Me transformo e pareço,

No transtorno do mundo;

Este amor vagabundo,

Sem valor e sem preço.

Nesta tarde cinzenta,

Onde a chuva naufraga;

Esta dor me atormenta,

Me afogo em minhas magoas.

 *J.L.BORGES

PRESENTE

PRESENTE

Não existe futuro,

Nem mesmo passado;

Somente nos livros de historia,

E nos filmes de ficção.

Não existem futuros,

E nem passados;

Nós somos presente,

E nada mais.

 *J.L.BORGES