terça-feira, 26 de maio de 2020

PAZ


PAZ


Muitos clamam por paz,

Alguns buscam a paz,

Alguns se perdem em meio a paz;

Almoçam a paz, jantam a paz,

Em pratos fundos da intolerância.


Monges em oração murmuram por paz,

Padres e pastores garimpam a paz,

Os tolos opressores cogitam a paz,

E regogitam a paz raquítica,

Incrédulos na hipotética Hipocresia.


A paz que muitos clamam,

A paz que alguns buscam,

E a mesma paz que tantos perderam;

A paz que fugiu da escassa mesa,

Do necessitado que não a devorou…


*JORGE LUIS BORGES

 GUAÍBA/BRASIL

 2020/05

SEMENTE DO CAOS


SEMENTE DO CAOS


Saio da cama e corro do quarto,

Escorro pra sala, ligo a televisão;

As novas notícias são tolas tão velhas,

Cansadas e enganosas, e sem opinião.


Com a barriga vazia me tranco em meu quarto,

É um parto aguentar os dias de agora;

Me jogo na cama e o corpo reclama,

A falta de sal, o sol brilha lá fora.


Levanto da cama, mal abro a janela,

Espio com medo a rua vazia;

Da fresta da porta eu vejo o portão,

E meu coração reclama a alegria.


Voltando a minha cama eu tento dormir,

Esquecer as notícias deste louco momento;

Porém a semente do caos germinou,

E agora ele pede carona ao vento…


*JORGE LUIS BORGES

GUAIBA/BRASIL

2020/05

MEA CULPA


MEA CULPA


Tudo que plantamos colheremos,

Na graça de Deus ou na desgraça;

O mal que aqui fazemos, ( não os faça).

No futuro colheremos, isso sabemos.


Chega de hipocrisia ao a bíblia lermos,

Bater no peito sem necessidade;

E verdade meu irmão, é bem verdade,

Na vida oque plantamos comeremos.


Acredito ser melhor nos despirmos,

Das frágeis riquezas desta vida;

Tentarmos assim curar estas feridas,

Bem antes desta vida nos despedirmos.


Só assim encontraremos o bem maior,

Ali, logo ali na eternidade;

Basta aqui sermos sol fraternidade,

Que teremos um futuro bem melhor.


*JORGE LUIS BORGES

GUAÍBA/BRASIL

2020/05

CAIXAS DE OSSOS


CAIXA DE OSSOS


Aqui estou, inerte e deitado,

Envolto em silêncio e escuridão;

Enquanto os humanos lá fora… coitados,

Inundados de medo...dúvidas e solidão.


Aqui com certeza nada faço de errado,

Meu mundo é minúsculo e particular;

Lá fora um mundo desumanizado,

Povoado de humanos a matar…e matar.


Minha casa é esta caixa de ossos, mais nada,

Me sinto em paz pois encontrei o meu norte;

E assim nada peço a esta gente acuada,

Carente de luz e com medo da morte.


Mas a morte os espreita e eles terão,

No futuro sua casa de ossos também;

Não interessa a riqueza, o seu galardão,

Será esta morada, que me faz tanto bem.


*JORGE LUIS BORGES

GUAÍBA/BRASIL

2020/05

A PESTE


A PESTE


O Palácio do tempo fechou suas portas,

Lacrou seus portões, portais e janelas;

Ninguem entra, ningem sai,

Não importa,

Se a lá fora a vida ainda é bela.


Os reis e rainhas dormem neste Palácio,

Cercados de servos inúteis que aplaudem,

E o povo?

Coitados, singelos palhaços,

Com medo da fome, fantasma que invade.


Mas na mesa dos reis há fartura confiscada,

Das nuas lavouras escassas de tudo;

Bela vida eles tem, desonesta e regada,

De lágrimas e suores, eu não me iludo.


Lá fora a peste, fera desgraçada,

E eles lá dentro a fugirem do povo;

Esta gente sofrida e infectada,

Foi assim no passado, e acontece de novo.


*JORGE LUIS BORGES

GUAÍBA/ BRASIL

 2020/05

AMORES DO MEU PASSADO


AMORES DO MEU PASSADO


Meus amores foram tantos,

Tantas dores, mal me lembro;

Loucas paixões, desencantos,

Que só agora compreendo.


Algumas amei com ternura,

Outras com voracidade;

Algumas paixões, loucuras,

Outras deixaram saudade.


Hoje lembrei desses amores,

Destas paixões que passaram,

Ao longo de minha vida.


Suspirei as minhas dores,

Meus desejos retornaram,

E eu balbuciei "minha querida".


JORGE LUIS BORGES

GUAIBA/BRASIL

2020/05

SAUDADE


SAUDADE


Saudade, bichinho danado,

Fez sua morada em meu coração;

Chegou derepente, sem ser convidado,

Trancou-se aqui dentro, não saiu mais não.


Saudade, sonho sem dormir,

Teimoso pesadelo que chega ate nós;

Nos engana a ingrata, sempre a nos ferir,

Embora nem sabíamos, é o nosso algoz.


Saudade, tormento dos amantes,

Que a todo instante pensam na amada;

É a dor suave do amor constante,

É solidão, rompantes nestas madrugadas.


Saudade mata? Isso eu não sei,

Pois de ter saudade eu nunca morri;

Porém eu sei que sempre te amei,

E por ter saudade nunca te esqueci.


*JORGE LUIS BORGES

GUAIBA/BRASIL

2020/05



quarta-feira, 13 de maio de 2020

MÃE TERRA


MÃE TERRA


A terra  descansa em paz,

Descansa neste momento;

Livre de tanta poluição futil,

Enquanto o homem lamenta.


A mãe terra pede desculpas,

Mas foi um mal necessario;

O homem, seu filho ingrato,

Hoje desfia o seu rosário.


Lagrimas de dor e aflição,

Enquanto a terra descansa;

E o homem assustado,

Fomenta a frágil esperança.


Somos feitos de matéria,

Matéria terrestre apenas;

Somos frutos da mãe terra.


Eu agora confinado,

Me pergunto: vale a pena,

Ferir nossa doce mãe?


*JORGE LUIS BORGES

 GUAÍBA/BRASIL

2020/04



CANTIGA EM TORNO DA MORTE


CANTIGA EM  TORNO DA MORTE


A morte é pano escuro,

Obstruindo a luz da alvorada;

Sono sem sonho e futuro,

Sem prazer e dor, sem nada.


A morte devora o corpo,

Mas espírito e alma  jamais;

Ao morrer alcança-se o bom porto,

Conquista-se a suprema paz.


Não a paz que engana o corpo,

Inflama e cobra sem dó,

Seu falso e frágil conforto.


Mas aquela paz alcançável,

Além da vida e do pó,

Que aqui jamais é palpável…


*JORGE LUIS BORGES

 GUAIBA/BRASIL

 2020/04

CAVALEIROS DO ABSURDO


CAVALEIROS DO ABSURDO


Esta noite eu tive um sonho,

Nefasto e aterrador;

Vi quatro seres estranhos,

Lançado paz e horror.


Alguns jogavam cruzes,

Espinhos sobre a terra;

Bandeiras branca, obuses,

Maculando a  primavera.


Alguns semeavam a morte,

Outros nos davam vida;

Brincavam com nossa sorte,

E nós lambiamos feridas.


Eles com ódio ou ternura,

Em seus cavalos de fogo;

Uns espalhando loucuras,

Outros espalhando o gozo.


Alguns fomentando o mal,

Alimentando o escuro;

Uns nos oferecendo o sol,

Outros negando o futuro.


O relógio bateu três horas,

Acordei com a alma encharcada;

Vi este sonho ir embora,

Fugindo na madrugada.


*JORGE LUIS BORGES

 GUAÍBA/BRASIL

 2020/04


DE CARONA NO CORONA


DE CARONA NO CORONA 

     Estou perplexo com os últimos acontecimentos que ocorreram a redor do mundo.

     Um grande mal esta flagelando a humanidade, nações poderosas estão se curvando diante deste microscópio ser, igrejas de múltiplas religiões bradam aos céus por clemencia divina, ateus, ateias; plebeus, plebeias; reis e rainhas batem no peito bradando complexas orações em busca de gotas celestiais de algum remédio milagroso que afastes deles este ser maligno.

     Alguns dizem que Deus percebendo o rumo que o planeta estava tomando a caminho de uma terceira grande guerra, lançou sobre nós esta criatura para aplacar a ira terráquea, se assim o fosse, pior que conseguiu; outros falam que isso e obra de algum laboratório clandestino de fundo de quintal, outros tantos  que foram lançados por seres extraterrestre, e outros falam em teoria da conspiração. 

     Assim, pessoas mal intencionadas pegam carona na contra mão da historia sem nenhum conhecimento prático ou teórico sobre este assunto, falando em fim do mundo,apocalipse,  fim de uma era zodiacal, etc e tal… Sem saber nada mesmo desta pandemia que nos assola neste momento, deveriam abrir alguns livros de história para tentar compreender o que está acontecendo neste momento e pesquisar sobre algumas  tragédias universais ocorridas ao longo do tempo na terra para não falarem asneiras; existem relatos na bíblia por exemplo de endemias ocorridas em determinados lugares da terra, um relato bem  conhecido  são as pragas do Egito, onde um Deus furioso procurou castigar um determinado povo que não seguia os seus preceitos, as pragas foram lançadas, muitas mortes são relatadas no sagrado livro, porém a praga passou e aquela nação seguiu seu curto curso na historia.

     Assim foi caminhando a humanidade em passos trôpego, sempre lutando contra inimigos visíveis e invisíveis;  se pesquisarmos alguns livros de historia, nos depararemos com a famosa peste negra que assolou e matou um terço da população europeia, parte da África e da Ásia no século XIV, obra de quem? de deuses ou demônio?  esta famigerada pandemia completamente desconhecida ceifou milhões de seres humanos, porém com abnegação o homem conseguiu controlar e eliminar da face da terra este grande mal, e a vida outra vez seguiu seu curso natural.

     Recentemente outro mal assolou a humanidade; por volta de 1918 outra pandemia avassaladora  açoitou a Europa, foi denominada de gripe espanhola, que de espanhola não teve nada, pois foi levada por soldados americanos infectados nos Estados Unidos e assim atingiu o velho mundo no  decorrer da primeira guerra mundial, esta pandemia ceifou mais de 50 milhões de pessoas no mundo inteiro, alguns falam que seria o vírus h1n1, que hoje felizmente tem cura e controle com vacinas adequadas.

     Voltamos a abrir os livros de historia e de 1919 a 1938 tivemos um período de calmaria, sendo interrompido pela segunda guerra mundial; este povo não tem jeito ou é peste ou guerra, sempre procuram achar algo para depois chorar e se lamentar, após este período turbulento a vida seguiu seu curso calmo, “entre aspas”, através do rio de nossa existência, e eis que “BUM”, surge bruscamente nos confins da China este minúsculo e mortal ser chamado COVID-19, criaturinha esta que prostrou nações e religiões pelos quatro cantos da terra, pânico total, isolamento social em massa, e a massa faltando a nossa mesa; idiotas de plantão dizendo ser uma gripezinha atoa, alarmistas dizendo ser um vírus invencível, que é o fim, nem uma coisa e nem outra, devemos ter prudência, cuidado; calma e cautela, como dizia minha avó “ cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”, vamos assim seguir as recomendações de pessoas especializadas neste assunto e fiquemos em casa na medida do possível. Que tal pegarmos aquele velho livro empoeirado pelo  nosso descaso literário,  livro este que há tempos iniciamos a ler e nunca terminamos esta leitura que com certeza poderá ser agradável; ou quem sabe escrevermos algum poema, pegarmos uma carona e intitula-lo de Corona.

     Eis a dica e que os deuses levem este vírus peçonhento para os quintos dos infernos para assim voltarmos a nosso cotidiano plausível onde ser feliz não tem preço.


JORGE LUIS BORGES

GUAIBA/BRASIL

2020/04


     






AMOR


AMOR

És tu mulher a minha adorada,

A deusa encantada que sempre me abraça,

Contigo a meu lado a vida é uma graça,

Mulher de meus sonhos, meu anjo, minha fada.


Se estou distante eu sinto saudade,

Te amo é verdade, te amo demais;

So tu é que eu quero e espero querida,

Aqui nesta vida, pois tu és a paz.


O porto seguro que sempre me abriga,

E eu marinheiro teu servo e senhor.


És tu meu farol, o sol que ilumina,

Esta longa estrada,pois és meu amor.


*JORGE LUIS BORGES

GUAIBA/BRASIL

2020/04