domingo, 31 de dezembro de 2017

PANDORGAS DA INFANCIA

PANDORGAS DA INFANCIA

Da janela transparente,

Vejo uma paisagem amarela;

É o sorriso desta gente,

Sem presente e sem futuro,

Este tempo está escuro,

Anunciando uma grande chuva.

Esta gente desgastada,

Já não tem anseios e sonhos,

A esperança cariada,

Faz parte de um tempo estranho;

Aquele tempo da infância,

Que não voltará jamais.

Do meu quarto distraído,

Me distraio em um faz nada,

É cansativa esta estrada,

Que eu não quero mais andar,

Já cansei de arar a terra,

E de ser agricultor.

E assim carrego o domingo,

Mateando e prozeando sonhos;

Da janela desta casa,

Vejo pandorgas e balões,

Longe, bem longe do meu alcance,

Mas ao alcance dos gaviões.

*J.L.BORGES
1988

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