terça-feira, 31 de outubro de 2017

BACO E VENUS


BACO E VENUS

                    Certo dia destes eu resolvi dar uma esticadinha no parque marinha, fiz vários exercícios, por exemplo:corri 2.400m em 9:30mints.
                    Depois de todos estes exercícios fatigantes fui tomar um café na casa de minha tia que mora no centro; quando entrei no edifício vi uma jovem e estupenda mulher ,balconista de uma farmácia ao lado, praticamente eu a possui com os olhos, e ela retribuiu.

                    Fiquei o resto da tarde pensando nela, as 6:00 hs em ponto me despedi de meus familiares e fiquei em frente ao edifício a observar o movimento da loja, as 6:15 hs ela saiu, sem perder tempo a abordei e como vi que ela tinha terminado o seu expediente, convidei-a para tomar algo.
                    Como ela aceitou fomos ao Haiti, lá ela pediu um quindinho e uma cerveja, coisa que eu estranhei foi este gosto tão diferente, depois de algum tempo, com conversas jogadas ao vento não resisti e a abracei e a beijei e ela retribuiu com êxtase; assim beijávamos com frenesi, alheios a tudo e a todos.
                    Resolvi me controlar, pois estávamos em local publico; paguei a conta e saímos em direção a meu apartamento, no cristal, o problema era ter que pegar ônibus, coisa que eu ficava invocado quando estava com uma garota, pois como todo mundo sabe, é moroso e até diminui a tesão da parceira.......

 *J.L.BORGES
Porto Alegre.1984

   

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

                  ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

                      Era uma tarde ensolarada, talvez inicio de verão, tudo parecia calmo, mas derepente tudo mudou, o céu escureceu, o sol sumiu e o universo parece que entrou em ebulição.
                      A fera apareceu, negra, sedenta de sangue, destruindo, arrasando todos os seres vivos sobre a terra, e aconteceu a metamorfose, do fundo de nossos corpos como que arrancados por mãos divinas, saíram nossas almas em forma de pássaros, rumo ao azul distante, rumo ao sol, e a fera atrás, a nos perseguir implacavelmente, destruindo os mais fracos, os retardatários e no meio de todo este caos, voávamos rumo ao sol.
                      Na terra tudo era pandemônio, sangue, mortes, angustias, tristezas e misérias, e lá ficaram nossos corpos a mercê do destino e, no espaço tudo era paz, silencio que apenas era entrecortado pelo ruflar das nossas asas e alguns gemidos de outros que a fera devorava, e chegando perto do sol, da nossa salvação e ele abrasador, como que temendo a presença demoníaca da fera, inchou, inchou e começou a explodir, seus raios terríveis queimaram milhões de nós, os mais frágeis morriam aos milhares, mas a fera também pereceu; depois tudo acabou, a sol voltou ao normal, voltou o silencio, e nós em silencio mas exultantes começamos nosso retorno a terra.
                      Era o começo de uma nova era, ficamos flutuando sob a terra a olhar estupefatas as transformações que se sucederam, cidades como num passe de mágica mudaram de lugar, montes, vales planices, tudo se transformou, a geografia de nosso planeta teve uma completa e radical mudança.
                 Nossos corpos estavam lá como se estivessem sempre a nossa espera,
Entramos novamente a nossos corpos de origem, e começamos uma vida nova, uma nova era de paz e harmonia... A nefasta guerra nuclear havia acabado e a reconstrução do novo iniciou na esperança de um novo viver.

*J.L.BORGES
PORTO ALEGRE.1984

                      

VEM BRASIL

VEM BRASIL!

Vem Brasil!
Trás a força e o vigor de seus jovens,
Trás a beleza e a poesia de suas filhas.
Vem Brasil!
Com força e paciência perene,
Vamos deixar o opressor postado a nossos pés.
Não quero ver você como escravo humilhado,
Quero ver sua vergonha estampada em seu céu,
Deixa o povo covarde fugir,
Pegue agora um pau-brasil e venha,
Vamos abater aquela ave de rapina cruel,
E manchar a cabeça dela com seu próprio sangue.
Nós somos fortes e eu te amo Brasil,
Cansei de te ver feito escravo,
Escravo em seus próprios domínios.
Venhas, levantes a cabeça comigo,
Pois o grito do Ipiranga apagou-se;
Existem muitos que se trancarão em si mesmo,
Mas outros se abrirão para você.
Vem Brasil!
Com grandeza suprema
Te quero ver como primeira potencia.
Quero a paz, eu cansei de ver guerras,
De ver o povo oprimido rastejar,
Eu cansei, quero liberdade,
Por isso te peço outra vez,
Vem Brasil!

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

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QUADRO ABSTRATO

QUADRO ABSTRATO

Queria retratar em uma aquarela,
Um outro Brasil, de sangue tupi,
Colher flagrantes de um cotidiano de luz e cor,
Com o príncipe valente sem censura, a galopar;
Em seu puro sangue, pelos verde campos desta terra.
Jamais o jovem cavaleiro negro,
Seria descriminado pela cavalaria branca,
E isto seria muito bom.
Eu pintaria um Brasil auto suficiente,
Sem dividas internas e externas,
Honesto, e sem duvidas internas.
Seria um Brasil de bons governantes,
Com uma justiça justa e seria;
Pois este seria um pais serio,
Refletido na face de nossos jovens.
Todos aqui lutariam por um bom ideal,
Sem concorrências, em campo aberto.
Os governantes estariam sempre empenhados,
Na alfabetização do povo,
Empenhados em manter alto o nível de vida deste povo,
Sem jamais visar benefícios próprios.
Seria uma pintura sem controle de natalidade e liberdade,
Sem abortos e nem prostituição;
Seria um Brasil moreno,
Com o antigo opressor morando,
No norte do Oiapoque e ao sul do Chui.
Seria um grande ideal retratando um Brasil ideal,
E isto seria muito bom.
                           
*J.L.BORGES
Camaquã.1984

PRA NÁO DIZER QUE NÃO SOU DAQUI

PRA NÃO DIZER QUE NÃO SOU DAQUI

Deus está infeliz,
Pois percebeu o que fez;
Botou outrora neste pais,
Um povo que fala português.

Alguém me disse que Deus é brasileiro,
E que o Brasil é o pais do carnaval;
Caduco mortal, frágil faroleiro,
Ledo sonho artificial.

Não quero viver de fantasia,
Pois cansei de mentira e falsidade;
Faz muito tempo que perdi minha alegria,
No meio desta podre sociedade.

E pra não dizer que não falei de justiça,
Com sua faca de dois gumes a dilacerar;
Tenra carne transformada em carniça,
Que nem os corvos querem tragar.

Me enjôo com esta burguesia,
Queria ser índio e falar guarani;
Cansei de fazer carnaval todo o dia,
Eu vou embora daqui.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

PESADELO FINAL

PESADELO FINAL

O cogumelo atômico faz desenhos,
Borrando o céu;
Lançando poeira radiativa,
Em formigas que fazem escarcéu.

A rosa atômica,
Vermelha sangrando a paz;
Desfolha pétalas venenosas,
Do nunca mais.

Tambores nucleares ruflam,
Com seu bum-bum rouco;
Fazendo explodir os tímpanos,
Do moribundo louco.

Pesadelos com monstros maus,
Saem de dentro de mim
Feras com pedras e paus,
Pressentem o inicio do fim.

*J.L.BORGES  
Camaquã.1984

O DIA DO TRABALHO

O DIA DO TRABALHO

Hoje eu acordei quase dez horas,
Como sempre meio zonzo,
Mas ainda deu pra pensar em trabalho;
Ora bolas! Dia do trabalho.
Milhões de trabalhadores ai fora,
Mendigando por um naco de pão,
Sobras de algum grande jantar,
Que algum famoso político ofereceu,
Para algum grande industrial;
Para comemorar este ditoso dia,
Para eles é lógico.
Eu acho que se devia comemorar,
O dia mundial do desempregado,
O quê a gente vê ai fora?
A gente vê desemprego, desespero, fome e miséria;
Pessoas as margens da lei,
Por culpa de meia dúzia de safados,
Que enchem os bolsos,
Lucram em cima do sofrimento alheio;
Esta divida externa e esta duvida interna,
Me enche o saco.
Até parece que vejo milhões de ex-operários,
Em suas precárias casas,
Com suas aspirações pesadas como chumbo,
Ex-funcionarios de grandes escritórios,
De alguma empresa multinacional,
Com seus sonhos a deriva
Alguns deitados em seus catres com o rosto pálido,
Olhar perdido no vazio, desanimados,
Embaixo dos braços cruzados, pensando em nada.
Os camponeses sem terra levando a enxada,
Nas costas açoitadas e doloridas,
Em uma eterna peregrinação a procura,
De um palmo de terra para plantar o seu sustento,
Seus sonhos...
Pobre gente com suas crianças desnutridas!
Neste dia eu vejo os verdadeiros donos das terras,
Ainda morando em palhoças a beira das estradas,
Sem futuro algum, porque eles os grandes barões,
Só pensam em si mesmo, e os outros?
Os outros que se danem futebol clube.
Neste mágico dia banquetes são oferecidos para os oprimidos,
Empregado e patrões se confraternizam,
Parece até um dia cheio de futuro e esperança;
Se não fosse o amanhã que vem carrancudo,
Este mesmo patrão hoje cheio de risos, e tapinha nas costas,
Amanhã mesmo bota centenas de oprimidos,
No olho da rua, sem eles saberem nem mesmo o porque,
Eu penso em tantos os motivos e chego a conclusão,
De que os homens do poder, para amenizar as injustiças sócias,
Intitularam este dia universalmente, como o dia do trabalho;
Este dias para mim, cheira mais a dia da pilantragem,
Do que a dia do trabalhador.

  *J.L.BORGES
Camaquã.1984



LIBERDADE

LIBERDADE

O povo brasileiro é povo sofrido,
Vive espremido e sofre calado;
Que posso fazer por você meu amigo
Se sou, oprimido como este gigante dourado,

Não tenho mais forças, tão pouco o Brasil,
Suporto sem queixa, com dor em meu peito;
Mas sei, pátria amada que fostes gentil,
Um dia dormi, alegre em teu peito.

Por isso te amo, e fico aqui,
Jamais te abandono e morro contigo
Um dia feliz, aqui eu nasci,
Tu fostes meu lar, paraíso e abrigo.

Estamos sofrendo, eu, tu e teu povo,
Mas sei que és forte, tu és varonil;
Vamos um dia cultivar mundo novo,
Pois nos somos fortes, tu és o Brasil.

Um dia a Europa se curva pra nos,
Será respeitada no mundo a bandeira;
De nós fugira este triste algoz,
Seremos então livres, nação brasileira.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984



A BUSCA DO INFINITO


A BUSCA DO INFINITO

Eu talvez não diga infinito,
Mas o que na realidade,
Em muitos momentos custamos a acreditar,
Que um dia reconquistaremos.
Liberdade que como tudo na vida,
Só é verdadeira no momento que a perdemos;
É tão triste o homem estar privado,
De seus direitos, de seus familiares, de seus amigos,
Privado da natureza com seus campos verdes,
Do mar com sua noite estrelada,
Enfim, de tudo aquilo de mais belo,
Que o universo nos dá:”a liberdade”.

Nos somos iguais a uma criança,
Que passa do seu mundo maravilhoso,
Para um mundo de sonhos e ilusões,
Estamos agora neste submundo,
De grades, correntes e cadeados;
Mas buscamos através de nossos pensamentos,
As mais lindas e coloridas conquistas,
As quais acreditamos piamente,
Acreditamos que um dia vamos alcançar por ai.
Amores e anos vão correndo em nossas vidas,
E nós mesmos magoados ou inconformados com a vida,
Magoados com esta peça que o destino nos pregou,
Buscamos sempre o melhor semblante,
Para iluminar nossas faces tristes e magoadas;
Sabem? Nos não somos crápulas ou marginais,
Na verdade somos heróis que o mundo não reconheceu,
Na verdade somos mártires e cobaias,
Desta sociedade podre e capitalista,
Nos somos simplesmente guerreiros,
Só não conseguimos iludir nossa própria imaginação,
Colocando dentro de nós mesmos a convicção,
De que um dia na busca do infinito,
Que é a nossa tão sonhada liberdade,
Voltaremos a sorrir,
Igual a uma criança que recebe um doce.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1o84

FABULA CENSURADA

FÁBULA CENSURADA

Quisera escrever uma fabula,
Colorida e nostálgica;
Falando de jovens e velhos,
Reunidos no fim do dia.

Que transformasse as velhas ideologias,
Desta falsa sociedade tão presente;
Com sua demagogia moralista,
Declamadas por um político indecente.

Talvez fosse uma fabula natural,
Desta bela terra tupi-Guarani;
Com seus guerreiros reinando e vivendo,
No sul do Oiapoque e norte do Chui.

Seria uma fabula inocente,
Falando de um lindo presente,
A colorir nossa estrada.

Mas como todo o sonho acaba um dia,
Eu vou fazer uma poesia,
Que não seja censurada.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

ANIMAL IRRACIONAL

ANIMAL IRRACIONAL

O que há de novo abaixo do céu?
Existe ainda algo para ser descoberto
Talvez ainda exista um véu,
De duvidas neste mundo deserto.

O homem busca a paz,
Construindo bombas e canhões;
Se inspira na rosa, talvez lilás,
Rosa irada que tonaliza com ironias as ilusões.

O ditador espalha impune o terror,
Arrasa indivíduos condenando-os a morte;
Espalha como quer a dor,
No povo oprimido e sem sorte.

O século xx chega a seu final,
Trazendo o outro século tão sonhado,
Mas tudo é sempre igual,
Uma foto cópia do passado.

Pois o homem continua um animal,
Porem trajado de paletó e de chapéu;
Uma pobre fera irracional,
Destruindo o que existe abaixo do céu.

  *J.L.BORGES
Camaquã.1984

VONTADE DE TUDO

VONTADE DE TUDO

Eu tenho vontade de ter você,
Aqui, me dando alegria;
Afastando esta disritmia,
O medo de te perder.

Eu tenho vontade de sorrir,
Sorver sua boca que não me alisa;
Afastar esta ojeriza,
O medo de te ver partir.

Eu tenho vontade de te beijar,
Afagar seu corpo lindo;
E depois te ver sorrindo,
Com vontade de me amar.

Eu tenho vontade de dizer: Te amo,
E ouvir: te amo também,
Sem você não sou ninguém,
Sem seu amor eu reclamo.

Pois sem você não me iludo,
Sei que a tristeza é triste;
Sei também que ainda existe,
Esta vontade de tudo.                  

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984


VONTADE DE TE AMAR

VONTADE DE TE AMAR

Eu quero pelo menos te encontrar,
Me deixa amor, com você voar;
Beijar seus lábios mais de uma vez,
Deixa amor eu te acariciar.

Eu preciso te encontrar,
Para matar esta vontade de te amar;
Sei que estas esperando um grande amor,
Um amor que só eu posso te dar.

Deixa amor eu sussurrar em seu ouvido,
Palavras que ninguém ousou falar
Deixa ao menos eu dizer que te adoro,
Deixa amor, quando um dia eu te encontrar...

Pois és linda e estas a me esperar,
Em algum lugar que eu não sei;
Mas sei amor, que você está sozinha,
Esperando aqueles beijos que eu não dei.

Fico aqui, sozinho também a esperar,
O seu frágil corpo junto amo meu;
Corpo quente que um dia irá me dar,
Quando enfim, meu amor eu te reencontrar.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984


VERÃO DE 84

VERÃO DE 84

Tudo é lindo quando o amor paira no ar,
O céu pertence aos amantes a ao sol;
Queria tanto navegar até Vênus,
E de lá trazer a rosa universal do nosso amor.

O verão esta chegando, amor,
Tudo é quente, até meu coração queima por ti;
Queria sair desta fornalha, deste inferno,
Mas não posso, pois te amo tanto.

Estou suando de amor e medo,
Minhas lagrimas se confundem com este suor;
Meu medo é silencioso, mas eu insisto,
Em querer ouvir a sonoridade de tua voz.

Vem amor! Vamos viver este verão lindo,
Que chegou de mansinho, trazendo o fogo do nosso amor;
Vem sentir o contato dessa água fria,
Que não consegue apagar o amor que eu sinto por ti.

Mil saias que rodam ao vento da doce ilusão,
Mil amores que se uniram em um único amor;
Quisera eu poder ser o sol deste verão que nasce,
Para bronzear este teu corpo moreno, sedento de amor.

*J.L.BORGES



segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Verdade

VERDADE

A terra é redonda,
Mas dela nada cai;
Tudo nela permanece,
Igual sombra que não sai.

No espaço infinito,
Do grande universo;
Tudo é misterioso como o átomo,
Eterno como seu rosto bonito.

A minha vida é curta,
E quando terminar;
Esquecerei a luz do sol,
Mas nunca a luz do seu olhar.

Meu amor por você,
Continuará em mim;
Como uma gota dágua,
Que parece nunca ter fim.

Ou talvez meu amor,
Se espalhe pelo universo com calma;
Levando a canção da sua voz,
Bálsamo da minha alma.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

TU


TU

Amor, como foi bonito te conhecer,
Nunca pensei em possuir um amor assim,
Tão grande como o universo,
Onde as estrelas brilham para mim;
Novas emoções tivemos ao nos conhecer,
Ilusões profundas povoaram nossa alma,
Os mesmos sorrisos, o mesmo querer.

Cada beijo que te dei ficou marcado,
Anseio agora cada vez mais novos beijos,
Romance que transformamos em delírio,
Loucuras estampadas no desejo,
Outros beijos amor estão guardados,
Somente para te dar.

Bela princesa de minha vida,
Amada flor de meu jardim,
Serena rosa colhida,
Toda a vida para mim;
Onde estiver levarei comigo,
Sua imagem amante e amiga.

Diamante, menina morena,
Infeliz fico se estas longe;
Amo seu olhar serio e sereno,
Saudade que não se esconde.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

EU QUERIA

EU QUERIA

Eu queria estar contigo,
Neste dia tão sombrio;
Eu queria teu amor,
Neste dia tão vazio.

É frio e faz muito frio,
Estou aqui tão sozinho;
Precisando de teu amor,
Precisando de teus carinhos.

O vento sopra tão forte,
A chuva teima em molhar,
Eu com frio neste canto,
Vivendo sem teu olhar.

O vento sopra em minha porta,
A chuva molha meu corpo;
Eu triste aqui isolado,
Vivendo sem teu conforto.

Eu queria estar contigo,
Meu eterno e grande amor;
Tu me darias carinho,
Eu te daria calor.

*J.L.BORGES
Camaquã.1977

SABADO A NOITE

SÁBADO A NOITE

Como é doce te amar,
Te amo tanto que fico louco;
Fico tonto se te beijar,
Eu quero então te beijar mais um pouco.

Como é suave beijar tua boca,
Acariciar teus ombros com mais ardor;
E no sabor te deixar bem louca,
Ficar ativada com meu amor.

Como é alucinante beijar teu pescoço,
Deixar minhas marcas, deixar minha vida;
E no supremo desejo encontrar teu poço,
E nunca mais achar a saída.

Tuas curvas amor, me dão frenesi,
E os teus seios é aguardente;
Eu fico amor, te amando aqui,
E possuindo teu corpo quente.

Quando te possuo sinto um amor molhado,
Mistura de dor, paixão e realidade;
Te desejo amor, um desejo calado,
Mistura de medo, mentira e verdade.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

SONHO DE AMANTE

SONHO DE AMANTE

Quero te encontrar sozinha,
Numa ilha deserta talves;
Quero te encher de luz,
Descansar em teu olhar.

Quero te encontrar sozinha,
Num canto de meu quarto;
Brincar de cabra cega,
Me perder em teu corpo.

Quero te encontrar sozinha,
Aquecendo minha cama;
E no frio do inverno,
Me aquecer com teu corpo.

Quero me encontrar no armário,
Do teu quarto burguês;
Te amar de madrugada,
E ficar até o amanhecer.

Quero te encontrar antes de outro,
Ou depois, não importa;
Eu quero é ser dono,
De teu coração impulsivo.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

SOB O SIGNO DO PECADO

SOB O SIGNO DO PECADO

Tenho ainda nos lábios,
O sabor de teus beijos ardentes;
A tua boca é a flor,
Que veio com a primavera.

Trago em meus olhos,
A morna luz de teu olhar;
Luz que ilumina minha alma,
E afasta a solidão.

Há em teu corpo alvoradas,
Rubras de desejo;
Rompantes de vagas livres,
Sobre o mar da tua língua.

Tu sabes que eu te adoro,
Eu te disse aquela noite;
Quando estava em teu leito,
Sendo teu escravo, princesa.

Naquele instante longo,
E cheio de delicias;
Tu bebias o liquido de meu amor,
Sob o signo do pecado.

Vi então o céu morrer,
Mansamente nos teus olhos verdes;
E a terra aberta em flor,
Em teus lábios de mel.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

SEM SEU AMOR NÃO TEM SENTIDO


SEM SEU AMOR NÃO TEM SENTIDO

Mesmo estando aqui,
Eu não deixei de te amar,
E dada dia que passa,
Te amo mais.

Meu amor não mudou nada,
Apesar de tantos erros,
De tantas coisas erradas,
Tudo que fiz,
Foi pensando em você.

Mas agora você se foi,
E eu me sinto tão sozinho;
O mundo não tem mais sentido,
Sem você amor.

Porisso te peço agora,
Voltes amor;
Voltes para mim por favor,
Não me transformes,
Em prisioneiro de mim mesmo.

Sem seu amor vivo triste,
Se você não voltar, prefiro ficar aqui;
Pois o mundo lá fora,
Não tem sentido sem você.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

SEM QUERER

SEM QUERER

A vida sem querer,
Fez de mim o quê bem quis;
Fez meus sonhos esquecer,
Me tornando infeliz.

E agora sem querer,
Novamente te encontrei;
Vou fazer, vais me fazer,
Mais feliz do que eu sonhei.

Depois de muito tempo,
Lembro os beijos que eu beijei;
E hoje amor, eu solto ao vento,
Os velhos sonhos que acordei.

Sem querer, eu andava sozinho,
Sem futuro e sem presente;
Hoje te encontrei em meu caminho,
Me oferecendo um beijo quente.

Sem querer fiz do mundo uma fantasia,
Fiz da vida um pacote de surpresa;
Pacote que hoje abri com nostalgia,
Pra fazer afastar esta tristeza.

Vou te amar com realidade,
Nunca mais vou fazer você sofrer;
Vamos agora afastar esta saudade,
Que eu tinha sem querer.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984


SAUDADE DE VOCÊ

SAUDADE DE VOCÊ

Estou com saudade de você,
De seu riso e seu olhar;
Vontade de te querer,
Vontade de te beijar.

Pois eu te amo e quero te amar,
Com tempo e com vontade;
Sentindo a luz do luar,
Suavizar esta saudade.

Não quero mais ficar sozinho,
Sem ter você a meu lado;
Eu preciso de seus carinhos,
Pois estou apaixonado.

Vem pra mim sem medo, vem,
Todo o amor quero te dar,
As caricias que alguém,
Um dia quis te negar.

Vem, estou sem ninguém,
Com vontade de te amar;
Desfrutar teu corpo belo,
E nunca mais me achar.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

SABOR DE AMOR

SABOR DE AMOR

Eu te amei com todo o sabor,
Com todos os fatores,
De todas as maneiras,
Senti mil primores,
Curtir o meu amor,
Minha pele inteira.

Eu te beijei até o céu da boca,
Com toda a vontade,
Com alma e coração;
Você ficou louca
Me amou de verdade,
Com fúria e paixão.

Senti o teu corpo,
Estremecer em meus braços,
Com todo o carinho,
Te dei meu conforto,
Caricia e cansaço,
Ganhei um carinho.

Teu amor tem sabor,
De mel e Ambrósia,
Mistura e desejo;
Teu corpo é flor,
Fragrância e magia,
Mistura de beijo.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

PINTURA ABSTRATA

PINTURA ABSTRATA

Na mente estampada,
Dou cores a alegria
Pintura drogada,
De azul melodia.

Com misturas de magoas,
Eu vou pincelar;
Olhar rasos dágua,
Sem o teu olhar.

Retrato a tristeza,
E sonhos apagados;
Pintado a certeza
De não tê-la a meu lado.

Sem tê-la em meus braços,
Eu pinto a vontade;
Que aos poucos desfaço,
Estampo a saudade.

Minha vida magoada,
Retrato sem cor;
Na tela borrada,
Do teu falso amor.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

PEDAÇO DE PAIXÃO

PEDAÇO DE PAIXÃO

Por favor amor não chora,
Eu cheguei com a noite escuro;
Descansei a minha procura,
Mas já está chegando a hora.

Eu não posso mais fingir,
Pois a noite está calada;
Vou sair de madrugada,
Sem vontade de partir.

Tudo fica triste agora,
Até a dor estancou;
Em meu peito se trancou,
Mas eu tenho que ir embora.

Não sei quando voltarei,
Mas me espere sem chorar,
Que outro dia irei voltar;
Eu teu corpo me acharei,
Doce amor que eu sonhei,
Com vontade de te amar.

Talvez até eu não parta mais,
Só falta encontrar minha paz,
Para ficar sempre a teu lado;
Por enquanto nada faço,
Mas amor, sou teu pedaço,
Que está apaixonado.

J.L.BORGES
Camaquã.1984



NO CORREDOR

NO CORREDOR

Eu te amei no corredor,
Selvagemente;
Jurando eterno amor,
Eternamente.

No corredor,
Eu te encontrei;
E com ardor,
Amor te amei.

No corredor te fiz,
Minha mulher;
Que no calor quis,
Sempre me quer.

Era uma bela tarde,
Cheia de sol;
Ficou o amor que arde,
E um rouxinol.

Eu te beijei querida,
Lábios de mar;
E para toda a vida,
Irei te amar.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

VOGLIO AMORE.

domingo, 29 de outubro de 2017

NAVIO FANTASMA

NAVIO FANTASMA

Depois que tu foi embora,
O silencio veio em teu lugar;
Tomando conta destas horas,
Escuras e sem luar.

Tudo ficou vazio derepente,
Minha vida ficou parecendo;
Aquele riso que não mais existe,
Pois estou secando...Morrendo.

Agora eu sou o vulto,
De um navio morto;
Levando bofetadas e insultos,
Longe de teu belo corpo.

Nunca mais jogarei amarras,
E as ancora que lancei;
Ficaram como garras,
Dilacerando os sonhos que sonhei.

Eu não passo de um navio abandonado,
Sem tua presença, sem teu conforto;
Meus anseios morrerão naufragados,
No fundo do meu porto.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

Estranho encontro

ESTRANHO ENCONTRO

Nunca pensei que um dia,
Eu pudesse encontrar você;
Nunca pensei que um dia,
Meu coração por você fosse bater.

Rosa Maria, garota de São Sepé,
Tão linda você é;
Me jogo a teus pés,
Pois quero teu amor.

Tanto tempo sem te ver,
Sete meses, longos meses
Agora que te encontrei,
Não te deixarei jamais.

Isto tudo foi apenas um sonho,
Ela namora um amigo meu;
Eu fiquei na saudade,
Lembrando os olhos dela.
                                        
*J.L.BORGES
Camaquã.1984

Mulher

MULHER

És o sorriso límpido e puro,
Lábios de mel e de luz;
Olhar sereno e maduro,
Que me cativa e seduz.

És a voz na ventania,
Leve brisa na garoa;
Ternas horas de alegria,
Pedaço de vida boa.

És a luz que ilumina,
Ledos sonhos e quimeras;
Gesto meigo que fascina,
Faz nascer a primavera.

És a esperança que nasce,
Canção de um amor qualquer,
Lábios vermelhos na face,
Na vida de quem te quer.

Paixão que aqui renasce,
Pois és bela, es mulher

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

MULHER NUA

MULHER NUA

Doce mulher que me fascina,
Com seu corpo...Com suas curvas...Com sua boca.
Me cativa...Me aninha...Me anima..
Me dá uma vontade louca.

Quando fico com você fico colado,
Em teu corpo...Em seu sangue...Na tua alma...
Quando possuo seu amor fico hipnotizado,
Fico agitado e depois repinto a calma

Não existe pecado quando te amo,
Tudo o que faço é sublime e puro
Só existe pecado quando não te chamo,
Quando me esqueço de você, não te procuro.

Seu corpo nu, seu pensamento,
Sau presença, tudo eu espero;
São tão eternos estes momentos,
Quando te quero.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

MULHER BONITA

MULHER BONITA

O tridão era a sereia mais bonita,
Dentre as ninfas,
Do lendário mar Egeu;
Mas você amor, como é que fica,
Pois és a criatura mais bonita,
Que um dia este reino conheceu.

Quero te amar,
Porisso vou te roubar,
Assim como fez um dia Plutão;
Vou te levar ao inferno,
E te trancar a sete chaves,
No fundo do meu coração.

Você será a sereia mais bonita,
Mais bela que tridão;
Mais sedutora que Vênus ou Afrodite
Me saciará com Ambrósia de desejos,
Me afogará com a melodia dos seus beijos,
Mas não apagará meu apetite.

Quero voar igual Icaro,
Cavalgar como um centauro a tua procura,
Pois desejo te encontrar frágil mulher
Possuir teu corpo lindo com ardor,
Te saciar com meu amor,
Este amor que é a tua loucura.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

MOÇA BONITA

MOÇA BONITA

Menina...Moça bonita,
Fingindo que corre nua;
Teu vulto que me agita,
Me fita na outra rua.

Faz dengo meu violão,
Quando eu faço uma melodia;
Pra ti, minha inspiração,
Minha canção e poesia.

Tu és mistura de menina,
Meu pedaço de mulher;
Sorriso que me fascina.
Me deixa tonto, me quer.

Raio de sol na garoa,
Minha lua, estrela, meu céu;
Pedaço de vida boa,
Rosa presa no chapéu.

Arisca e frágil perdiz,
Seriema a cantar;
Canto que me faz feliz,
Me embriaga e faz voar.

Sereia que canta e encanta,
E este canto me enfeitiça
Me dando terno acalanto,
Me enchendo de preguiça.

Gosto tanto de te amar,
Navegar em teu belo corpo;
Me embriagar com teu olhar,
Que me enche de conforto.

Tua bela paisagem,
Eu costumo desdobrar
E em sonhos tua imagem,
Vem no meu quarto flutuar.

Eu te quero, eu te desejo,
Pois és tudo para mim;
És o espelho onde me vejo,
Meu arcanjo e querubim.

És um sonho passageiro,
Meu vento de primavera;
Gazela a correr ligeira,
Pelos campos de minha terra.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

MINHA VIDA SEM VOCE

MINHA VIDA SEM VOCÊ

Você partiu derepente,
Deixando minha vida tão só;
Que até tenho pena dela,
Tola vida que um dia te amou.

Você não teve dó desta vida,
Depois de tê-la tirado de casa;
Fez o que bem quis com ela,
E a deixou jogada em um canto.

Magoou os sentimentos dela,
Pobre vida que acreditou em você;
Como você foi falsa, oh mulher!
Até chorar nos braços dela você chorou.

E a vida ficou atirada,
Em um canto qualquer;
Ficou a espera de alguém,
Que passa-se e lhe entendesse a mão.

Eu fiquei com pena desta vida,
Que fugiu de casa por sua culpa;
Ela bateu em minha porta e me pediu pra voltar,
E eu a deixei voltar novamente.

 *J.L.BORGES  
Camaquã.1984

MINHA PARTICULA

MINHA PARTÍCULA

Você foi pequena partícula,
Partícula pequena em grande ventania;
Que passou leve, suave e serena,
Partícula leve que com o vento passou.

Você foi o perfume que encharcou o meu coração,
Que me enterteu nas horas de solidão;
Que vingou docemente no solo da ilusão,
Uma boa semente que aos poucos floresceu.

Você foi o desespero no desespero,
Alegria na alegria distante;
Púrpura saudade encravada no peito,
O pensamento vazio e sem sono.

Você foi a musica soprada em meus ouvidos,
Sereia mulher sensual em meus braços;
O delírio constante a contagiar,
A loucura que eu jamais esqueci.

Você foi meu sol de sábado,
O acordar preguiçoso de domingo;
O gosto doce e amargo do mel,
A felicidade de acordar sempre

Você foi a pintura na parede,
Uma bela paisagem  ame contemplar;
Agora te guardo em meu peito,
Como uma partícula do meu passado.

 *J.L.BORGES
Porto Alegre.1984

MINHA DOCE AMARGA ESPERA

MINHA DOCE AMARGA ESPERA

Onde estás amor?
Eu não te esqueci;
Eu não consigo te esquecer,
Nada dá certo.

Onde foi você?
Quanto tempo faz;
Eu precisava te esquecer completamente,
Pois não tenho mais nada agora.

Não faço nada a não ser te lembrar,
Onde você está?
Você partiu sem dar adeus,
Nem sequer um olhar eu ganhei.

Você me esqueceu?
Eu não consegui te esquecer;
Seus beijos, sua voz,
E o tempo passa...

Você não vem,
Que importa...
Eu te espero,
Pois não perdi a esperança da sua volta.

Outro amor não vou querer,
Pois tenho esperança da sua volta;
Eu sempre te amarei,
Te esperarei pra sempre.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

MEU PEQUENO DESEJO

MEU PEQUENO DESEJO

Quero um dia
Te encontrar
Junto ao mar
De Ipanema.
Com o sol
A te iluminar;
Beijar tua boca
Pequena,
Teu macios seios
Afagar.
Beijar teu corpo,
Morena,
Nas tuas curva
Me afogar,
Na tua boca,
Pequena.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

MEU MAIOR DESEJO

MEU MAIOR DESEJO

Eu queria ver você,
Sem ter vontade,
Sem ter maldade
Na realidade,
De uma saudade.

Eu queria ter você,
No meu jardim,
Como um jasmim;
Sem ter um fim,
Toda pra mim.

Eu queria amar você,
Sem sentimentos,
Te amar ao vento
Sem um lamento,
Sem juramento.

Eu queria beijar você,
Com emoção,
Sem solidão;
No seu portão,
Em seu coração.

Eu queria olhar você,
Como olho a rua,
Como olho a lua;
Na face sua,
Todinha nua.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

MENINA

MENINA

Diante de você...
Bela...Suave, morena sem afagos;
Me dá uma vontade de te beijar,
De apertá-la em meus braços.

Acalentar-me em seu corpo moreno,
Aconchegar minha cabeça no seu colo;
Sentindo o contato de seus dedos,
Em meus cabelos.

Imaginei-me no seu corpo penetrado,
Sentindo o perfume suave da fêmea;
Matando a fome da paixão,
Nesta angustia loucamente etérea.

Me vi preso nos seus cabelos,
Mordendo os seus lábios carnudos
Escondendo a mão no teu sexo,
E você gemendo de desespero.

Senti escorrer o prazer em seu corpo,
E nele perpetuar-nos como seres,
Eu me vi te amando num amor tamanho,
Que ninguém consegue entender.

Te vi passar apenas, e ficastes gravada em mim,
Fostes a mulher que fez despertar;
A realidade de um novo amor,
Quando você passou por mim...

*J.L.BORGES
Camaquã.1984


MAGNETISMO

MAGNETISMO

Estou hipnotizado a viajar,
Pelo espaço sideral do coração;
Contigo amor estou a velejar,
No doce barco branco da ilusão.

Quero colher a flor suave,
Dos teus lábios, teu conforto;
Pilotar a astronave,
Do teu corpo.

No céu da tua boca estrelada,
Sorver as estrelas dos teus beijos
E tentar afogar este desejo,
Contigo minha doce amada.

Vamos viajar de mãos dadas pelo infinito,
Alem de Alfa, alem de Beta, alem de Omega;
Iluminaras o universo com teu olhar bonito,
Sorriso que não me negas.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

JANELA VAZIA

JANELA VAZIA

Olho o horizonte,
O sol impiedoso,
Me queima a fronte,
Me faz ter uma enorme saudade dela,
E a janela está vazia,
A janela está deserta.
Minha alma com saudade
Minha vida cheio de ilusão.
Queria olhar o horizonte,
E ver as estrelas,
No beijar da fronte,
Queria teu sorriso iluminado,
Para acabar com esta tristeza,
Mas olho a tua janela,
E ela está trancada,
Uma angustia em meu peito,
Está estancada,
Abra amor tua janela,
E jogue um sorriso para mim,
Que aqui de baixo,
Vai voar para o mundo,
Mostrando a felicidade que nos aguarda.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1984

IMPOSSIVEL TE ESQUECER

IMPOSSIVEL TE ESQUECER

Hoje eu vou parar de pensar em você,
Faz de conta que não te amo mais;
Pois quando penso em você me desatino,
Perco a calma e perco a paz.

Você não merece meu sofrimento,
Nem minhas lagrimas você merece;
Você, que de dia tento esquecer,
Mas que de noite em meus sonhos aparece.

Fazendo-me lembrar mais e mais de você,
Lembrar dos beijos que há tanto tempo te dei;
Dos passeios de mãos dadas pelas ruas,
Palavras tolas de amor que acreditei.

Eu sempre acreditava em você,
E você sem pena foi embora;
Deixando lembranças perdidas em mim,
Estou tão sozinho, me sinto tão só nesta hora.

Hoje eu vou parar de pensar em você,
Fingirei que vivo descontraído a sorrir;
E para você não aparecer nas minhas noites,
Amor, eu não vou mais dormir.

  *J.L.BORGES
Camaquã.1985

sábado, 28 de outubro de 2017

FUGA DA REALIDADE

FUGA A REALIDADE

Hoje a noite eu sonhei com você,
Com seu rosto bonito;
Naveguei nesta linda fantasia,
Tendo seu corpo colado ao meu.

O contato de seu corpo nu,
Suas imagens...Segredos...
Tudo foi criando forma pouco a pouco,
Sua boca queimava meu corpo.

Com ansiedade eu toquei em você,
A promessa de seu corpo ferveu o meu;
Fiquei louco de desejo,
E depois eu não consegui mais dormir.

Na insônia eu notei que era uma fuga,
Da realidade estampada em mim;
Queria você, precisava de você,
E este sonho foi fuga.

Nesta noite eu sonhei,
Com seu riso matinal;
Mas depois acordei,
Sem você a meu lado.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

ESQUECIMENTO

ESQUECIMENTO

Esqueci o meu cansaço,
Quando estava em teus braços,
Tenros caule de uma flor;
Afoguei-me de desejos,
Só roubando estes teus beijos,
Com mistura de calor.

Esqueci minha tristeza,
Pois teu amor me deu riqueza,
Que eu guardei no coração;
Tenho agora tua alegria,
Que eu tempero noite e dia,
Com temperos de paixão.

Esqueci minha liberdade,
Afastei esta saudade,
Quando amor, te conheci;
Agora sou prisioneiro,
Doce amor e o mundo inteiro,
Dou agora para ti.

Esqueci que era esquecido,
Sou teu amante e teu amigo,
Teu escravo e teu senhor;
Vem que eu vou te abraçar,
Tenro bem, vou te embalar,
No balanço do amor.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

DOCE VIDA BOA

DOCE VIDA BOA

Foi lindo te conhecer,
Por isso vem amor, eu te espero;
Em teus braços vou adormecer,
Vem amor, pois te quero.

Quero dormir a teu lado,
Que vida boa a gente vai levar!
Tocando guitarra no meu barraco,
Tomando suco de maracujá.

Nada mais quero da vida,
A não ser teus beijos e sorriso;
Meu desejo vais ser sufocado,
Ficarei saciado no teu sorriso.

Vem amor, não fujas de meus beijos,
Estes beijos eu guardei só pra te dar;
Vem suavizar um pouco mais este desejo,
E acender esta vontade de te amar.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

DOCE MENTIRA

DOCE MENTIRA

Luz que fusco do meu viver,
Ocaso de bons momentos;
Sinto mil canções ao vento,
Que falam de bem querer.

Falam de tudo que é lindo,
Falam de desejo e ternura;
Falam também da procura,
Que eu fiz para te encontrar sorrindo.

Você então sorriu,
Com carinho, graça e desejo;
Me deu de surpresa um beijo,
Um beijo que não partiu.

Num segundo descobri a felicidade,
Pois conheci teu corpo moreno;
Corpo suave e pequeno,
Que agora me dá saudade.

Pois estamos longe os dois,
Um do outro estamos longe;
A onde estas amor, a onde?
Pra que deixar pra depois.

Não, não adianta insistir,
Tenho que suportar esta vontade;
Esta ânsia cheia de saudade,
Que veio ao me ver partir.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

LÁGRIMAS DE FERRO DE PLUTÃO

LÁGRIMAS DE FERRO DE PLUTÃO

Meus olhos parecem um velho gramofone,
Estou derramando lagrimas de ferro de plutão;
Queria tanto seqüestrá-la, Perséfone,
E levá-la ao inferno de meu coração.

Eu sinto estas lagrimas de ferro quente,
Derretendo este meu triste olhar;
Que hoje amor, não está mais ardente,
Vendo nosso amor voar.

Ele voa igual a um corvo,
Que nas alturas percebe seu fim;
Final que hoje absorvo,
Pois você não quer voltar pra mim.

Hoje pareço ser um homem louco,
Amassado por esta solidão;
Amor, minhas lagrimas não são poucas,
São iguais as que derramou Plutão.

Pobre de mim! Frágil mortal arrasado,
Queria tanto ser um deus e te seqüestrar;
Te aprisionar dentro de meu coração apaixonado,
E com meus beijos amor, te torturar.

Serias minha escrava, minha deusa e amante,
Eu seria seu escravo, sua paixão;
Ficaria preso por grilhões, e num instante,
Me trancaria dentro do seu coração

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

DOCE LOUCURA DE UMA PAIXÃO

DOCE LOUCURA DE UMA PAIXÃO

Ah! Meu amor,
Estou pronto a ser teu capacho;
Ficar como um cão a teus pés,
E nas noites de inverno,
Estar pronto a aquecer teu corpo.

Quero lustrar teus sapatos,
E tirar o pó da tua solidão,
Pois sinto-me feliz,
Em ser teu servo,
O teu amor prioritário.

Tu sabes que eu necessito,
Dos teus beijos molhados,
Que me enfeitiçaram derepente
Preciso galgar teu corpo,
A tua boca de mel.

Eu quero lavar tua roupa intima,
Varrer e espanar o quarto de teu coração
Eu quero tê-la sempre a meu lado,
Mas teu amante,
Eu não quero ser.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

CÉU DA SUA BOCA


CÉU DA SUA BOCA

Sua boca suja de baton,
Sua boca cheia de desejo;
Manchando a gola de minha camisa,
Murmurando palavras que jamais ouvi.

Sua boca ardente colada na minha,
A descobrir caricias em meu corpo;
Indo a lugares antes nunca alcançados,
Me matando de amor e ansiedade.

Sua boca me desperta mil paixões,
Antes guardadas por mil anos, talvez mais;
Ela baila, ela dança em meu corpo,
No meu dorso deixa a marca do amor.

Como é quente a sua boca!
Me queima e alimenta este fogo;
Me transporta derepente,
Para o céu da sua boca.

Viajo dentro de seu corpo,
Me transformo em leite e mel;
Sua boca pede e implora muito mais,
E eu sem ter pressa vou amando.

  *J.L.BORGES
Camaquã.1984


UM CANTO DE VOCÊ


CANTO DE VOCÊ

Depositei em você amor,
Aquele sonho que almejo realizar;
Pois sou aquele que te quer,
Que todas as noites sonha com você.

Eu quero um canto de você,
Para enfeitar minha vida;
Seus beijos saciarão minha sede,
Seu olhar iluminará minha noite.

O contato de seu corpo,
Será cálido como uma manhã de sol;
O perfume do seu corpo me embriagará,
Sua boca matará minha fome.

Sua voz será canção de sereia,
Nas vozes da ventania;
O canto de você me hipnotizará,
Me tornará cisne manso.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

A FALTA QUE VOCÊ ME FAZ


A FALTA QUE VOCÊ ME FAZ

Está faltando algo em minha vida,
Aqui tudo está vazio;
Sinto falta deste ar que não me alisa,
Sinto falta deste dia, hoje sombrio.

Sinto um peso de chumbo,
Dentro da minha cabeça;
Eu preciso te encontrar,
Antes que o amor adormeça.

Você querida é o algo doce,
Que acaba com este amargor;
Minha garganta está seca,
Com a falta de seu amor.

Sem você o dia não passa aqui,
Ele estanca, fica parado e morre;
Mas com você á meu lado,
O dia dança, flutua, serenamente escorre.

Eu quero que venhas para mim, amor,
Com seus braços meigos é o algo bom que envolve;
Traga-me aquela felicidade hoje longínqua,
E aqueles beijos que eram meu, devolve.

*J.L.BORGES

AMOR DE VERÃO


AMOR DE VERÃO

Vem pra mim sem medo,
Quero te ensinar a amar;
Te ensinar os segredos,
De uma vida a dois.

Vem pra mim, sem receio,
Pois é você que eu quero;
Quero te fazer feliz,
Vem amor, eu te espero.

Depois sairemos a caminhar,
Sem ter medo do futuro;
Meu presente é você,
Sou seu porto seguro.

Vamos curtir o sol de verão,
Beijando o mar;
Só nos dois e o mundo,
Lá num canto a espiar.

Não precisas ter duvidas,
Pois sou seu namorado;
Te espero na esquina,
Do barzinho do lado.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

ALUCINAÇÃO


ALUCINAÇÃO

A hipotenusa do teu olhar,
Trás desenhos borrados de fantasia;
Sonhos drogados de luar,
Que bailam na minha mente todo o dia.

Planejo fugas e loucuras só pra te agradar,
Invento viagens no universo do teu corpo;
E igual a um marinheiro me ponho a navegar,
No espaço sideral do teu conforto.

Contigo amor, eu procuro me perder,
Na floresta encantada do desejo;
Me olhar no teu corpo e sorver,
Na fonte límpida a fragrância dos teus beijos.

Somos dois apaixonados sem censura,
Na procura de um mundo diferente;
Somos dois que se derretem na loucura,
Do contato um do outro, suave e quente.

Somos mistura de delírio e de paixão,
Em ebulição num vulcão que nunca finda;
E esta película rubra de alucinação,
Está gravada e fotografada em mim ainda.

*J.L.BORGES
Camaquã.1984

BEIJO AZUL

BEIJO AZUL

Só você me dá sorriso,
Só você corre pra mim;
Doce corpo que sem pressa aliso,
Ternos beijos que não tem mais fim.

Só você me dá carinho,
Lábios que de leve beijo;
Vem amor para nosso ninho,
De amor, afogar o desejo.

Só nós dois podemos compreender,
Tudo que aconteceu;
Só nós dois faremos florescer,
Aquele amor que ainda não morreu.

Depois amor, juntos cantaremos,
De mãos dadas outras canções do sul;
Só nós dois é que lembraremos,
Aquele beijo, tímido e azul.

Beijo que um dia desenhei,
Em seus lábios, com desejo e vontade;
E que agora mais doce voltou, eu sei,
Em forma de espera e de saudade.

  *J.L.BORGES
Camaquã.1984

EU QUERO BEIJAR


EU QUERO BEIJAR

Eu quero beijar uma boca,
Que nunca tenha sido beijada;
Que tenha gosto de mar,
Fragrâncias da madrugada.

Eu quero beijar uma boca,
Serena e um rosto bonito;
Lábios com gosto de sol,
Réstias que vem do infinito.

Eu quero beijar uma boca,
Vermelha como a brasa ardente;
Que tenha gosto de fogo,
Atômico, nervoso me quente.

Eu quero beijar uma boca,
Pequena, doce e cristalina;
Beijo com gosto de veneno,
Mistura de vitamina.

Eu quero beijar uma boca,
Estrelada e com luar;
Uma boca virgem e inocente,
Pra beijar e me apaixonar.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1984

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

MAEZINHA.

UMA LUZ PERDIDA NO TUNEL.

PAIXÃO.

PAIXÃO.

ESTRELA VEGA.

A NAMORADA.

ALEM DO RIO.

PEQUENO POEMA DE AMOR.

RUA DA ALEGRIA.

GENESIS.

PRA VOC€.

MELANCOLIA

MELANCOLIA

Sejas sempre assim,
Como agora;
Não se esqueças de mim,
Não vás embora...

Te amo!
És a razão do meu viver;
Sem você me sinto triste,
Com vontade de te ver.

Se estou longe de você,
Fico louco de saudade;
Meu coração bate forte,
Com tristeza e ansiedade.

Nunca se esqueças de mim,
Sejas sempre assim, minha querida;
Pois te amo com todas as forças,
Da minha alma, da minha vida.

Meu amor, estou aqui,
Longe de você agora;
Mas meus sonhos são pra você,
Todo o sempre, toda a hora.

*J.L.BORGES
PORTO ALEGRE.1983

HOJE O AMOR ESTA TRISTE

HOJE O AMOR ESTÁ TRISTE

Sabes amor, hoje tudo parece vazio,
Pois amor, eu estou triste;
Não sei se foi culpa minha ou sua,
Mas sei que o amor por você existe.

Eu quero o seu amor mas estou tão só,
Sem aquele seu sorriso que me faz tão bem;
Amor não me enganes mais, por favor,
Pois eu quero o seu sorriso e o seu olhar também.

Te esperei tanto tempo amor,
Você que disse que me esperaria;
Mas que não me esperou e eu fiquei perdido,
Num desabrigo, sem sua calmaria.

Fiquei nervoso amor, pensava o que dizer,
Sonhava com você e pedia mais calma
Mas você amor, não me esperou,
E triste então ficou minha pobre alma.

Mas hoje amor, te encontrarei,
E então direi que amo só você;
Não me perguntes amor, pois não saberei dizer,
Por que te amo, pois não sei por que.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

MENINA MORENA

MENINA MORENA

Menina morena,
Cabelos pretos que nem carvão,
Luz que se apaga,
Luz que acende;
São duas estrelas,
Sempre a brilhar no meu terreiro,
Dando ilusão.

Menina morena,
Lábios vermelhos de solidão,
Querem beijar-me,
Luz que me queima,
Me dá ânsia e desejo;
São três estrelas,
Da minha solidão.

Menina morena,
Fruto selvagem,
Vem pra mim,
Vem saciar,
Tudo o que queres,
Tudo o que quero,
Minha paisagem.

Menina morena,
Égua no cio,
Vou te galopar,
Vais flutuar,
No paraíso;
Pois desfias,
Meu desafio.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

PORTO ALEGRE MEU AMOR

PORTO ALEGRE, MEU AMOR

Porto alegre, meu amor,
Te escrevo esta carta de despedida,
Não é uma carta de um adeus eterno,
E sim de adeus passageiro.

Eu gosto muito de você,
Mas não posso viver a seu lado,
Me sinto amor, tão cansado,
Minha vida está triste;
Mas eu sei que longe de você,
Mais triste amor, ficarei.

Vai ser dura esta saudade,
Com doses de solidão;
Mas terei o seu sorriso,
Dentro de meu coração.

Seus parques, bares e praças,
Me dão alegria e tédio,
O seu sol de fim de tarde,
Ilumina meu ocaso.

Não penses que não lutei,
Pra ficar aqui meu bem,
Mas não deu, sei que não deu;
Sou feliz, mas já vou indo,
Pois tenho que partir agora,
Adeus cidade sorriso!
Porto alegre, meu amor.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

ESTRELA VEGA

ESTRELA VEGA

Vejo um raio de luz,
Nas noites do meu viver;
Milhões de vaga-lumes,
Querem superar você.

De repente percebo que alguém,
Do outro lado do infinito;
Tenta tocar uma sonata,
Pra você, pois és a preferida.

Todas as noites, fico hipnotizado,
Quando as pupilas do meu olhar;
Tocam seu corpo imortal,
Pois és etérea e magna.

Sinto você tão longe de mim,
Sinto indiferença no brilho de seu olhar;
Mas eu tenho um sonho, um sonho maior,
De um dia pousar no universo de seu corpo.

 *J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

MOMENTOS

MOMENTOS

Hoje estou mais preguiçoso,
Que manhã de segunda feira;
Vendo este sol calado,
Escondido atrás das nuvens.

Vejo então um ponto escuro,
Que vai sumindo no horizonte;
Será uma andorinha que vai para o sul,
Ou minha saudade que mando a você?

Você partiu, eu fiquei,
Tendo a solidão a meu lado;
Sentindo-me triste igual pátio,
De edifício em tarde de domingo.

Sinto a saudade agitando,
Roendo meu coração;
Sinto você tão distante,
Como uma quarta feira que morre.

Eu já fui manhã de sábado,
E noites de sexta feira;
Encharcado de perfume,
De flores, beijos e musicas.

*J.L.BORGES
Porto alegre.1983

O MEU ULTIMO PECADO

O MEU ÚLTIMO PECADO

Não tenho culpa por você gostar de mim,
Não tenho culpa por você me olhar com amor;
Só tenho culpa por ter um coração agitado,
Que nunca te deu alegria, só duvida e dor.

Não tenho culpa de querer só sua amizade,
Não tenho culpa de não te chamar de bem;
Só tenho culpa por ter um olhar vazio,
Que fingi dar promessas que nunca vem.

Não tenho culpa de não querer falar com você,
Não tenho culpa de não querer ficar a seu lado;
Só tenho culpa de um dia ter mentido a você,
De ter fingido e também ter te enganado.

Não tenho culpa de não sonhar com você,
Não tenho culpa de não te beijar mais como outrora;
Só tenho culpa de ter te dado um naquinho de amor,
Por isso amor, eu preciso ir embora.

Adeus, voarei para o futuro,
Sem olhar para o passado de minha vida;
Pois sei que o meu último pecado,
Foi ter te chamado de querida.

 *J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

METAFISICA

METAFÍSICA

Os mortos de antigamente,
Falavam coisa tão doces;
Hoje mudos e soturnos,
Só pensam em descansar.

Os mortos, corpos cansados,
Belos corpos de outrora;
Com quem se parecem agora?
Só o vento sabe a resposta.

Corriam...Viviam rindo...
Falavam frases de amor;
Hoje estão hirtos e quietos,
Inertes em seus leitos escuros.

Quantos corpos abandonados,
Pois deixaram suas almas partirem;
Para um lugar ignorado,
Alem do sol, muito alem...

Hoje eu falo coisas doces,
Falo frases de amor;
Amanhã, pra onde irei?
Só os mortos sabem a resposta.

*J.L.BORGES
Gravatai.1983

AMOR ANTIGO

AMOR ANTIGO

A gente nunca esquece o amor antigo,
Existe sempre algo a recordar;
Doces lembranças de um amor amigo,
Que fez a gente rir, cantar, depois chorar.

Um amor antigo repleto de esperança,
Cheio de alegrias, com muita ansiedade;
Mas que foi, deixando muitas lembranças,
Deixando tantas magoas, muita dor, saudade.

Como é bom lembrar de um amor que era,
Algo bom na vida que a alegria almeja;
Amor que nos deu tantas primaveras,
Mas deixou o inverno, chuva, frio, tristeza.

Pois tudo se vai como o vento brando,
Que sopra suave em nosso terno abrigo
E a gente recomeça outro grande amor,
Mas sempre lembrando,
Que nunca se esquece do amor antigo.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

PENUMBRA

PENUMBRA

Hoje sinto-me só,
Sem aquela luz que ilumina minha estrada;
Até parece que eu perdi o meu caminho,
Parece até que tudo não passa de atalhos.

Preciso encontrar você,
Pois estou aqui tão perdido;
Cercado por um imenso labirinto,
Que eu próprio construí na minha vida.

Onde está o amor?
Será que eu o perdi?
Não, eu só não soube amar,
Mas agora aprenderei.

Eu quero um céu aberto,
Com sol, com lua, com vida;
Não quero esta procura,
Que eu faço nas minhas noites.

Eu quero é que voltes,
E esqueças o que passou;
Estou fervendo, amor,
Meu coração é louco.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

DAYSI

DAYSI

Estou amando como nunca amei alguém,
Em minha vida, daysi;
Sem teus beijos me perco,
Por isso vem, estou aqui.

Te quero tanto quanto minha vida,
Pois tu és minha vida, Daysi;
És a magnitude de meu ser,
És a alegria que um dia perdi.

Vivo a sonhar com teu sorriso,
Desde o dia que te vi;
Eu te quero amor, te espero,
Minha bela, estou aqui.

Doce Daysi estou te amando,
Estou louco de amor por ti;
Estou te esperando minha querida,
Vem amor, não te esqueci.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983


PAIXÃO

PAIXÃO

É o beijo dado com força,
São duas línguas que se chocam,
Se engasgam na boca;
Temporais que embora se torça,
Não cedem, se embocam,
Numa forma grotesca e louca.

É a mão sedenta e maliciosa,
Que almeja uma aventura,
Um desejo calado;
É a voz macia e dengosa,
É o dedo que vai a procura,
E volta molhado.

É o olhar encabulado e sem jeito,
São os ombros carnudos e desnudos,
É o cabelo suave e macio;
É o amor encravado no peito,
Que me deixa tesudo,
Que te deixa no cio.

A paixão galopa como quer,
Deixando nossos corpos suados,
Sou madeira, teu fogo me acende;
És menina...És amante...És mulher...
És vitalidade e eu sou um corpo saciado,
Que te ama, deseja e te atende...

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

DISTÂNCIA

DISTÂNCIA

A distancia entre nos dois se faz presente,
E eu estou longe de seu calor;
Longe de seus beijos ardentes,
Mas não longe de seu pensamento, amor.

No meu caminho existem muitos espinhos,
Muitas nuvens escuras carregadas de desilusões;
Mas eu sei que não estou sozinho,
Pois apesar da distancia estou perto de seu coração.

O meu caminho que era errante,
Se transformou em sorriso de criança;
Minha alegria que de você estava distante,
Agora permite que eu tenha um pouco de esperança.

Sim, a distancia fez eu sentir,
Até o tímido perfume de uma flor;
Uma flor que um dia irá florir,
Para você doce amor.

Esta distancia fez eu pensar,
Em correr mais e mais para seus braços;
Em querer sempre e sempre com você ficar,
Para encontrar esta alegria que sem você não acho.

Mas somos feitos de distancia,
Somos feitos de meros sonhos;
Somos feitos de loucas esperanças,
Que amanhã será realidade, dias risonhos.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

NOVEMBRO ESTA VAZIO DIA 23

NOVEMBRO ESTÁ VAZIO DIA 23

Mais uma vida que passa,
Aos poucos some na curva,
Tenuamente desaparece,
E eu tento em vão uma prece,
Minha vida se torna turva,
Então me encho de graça.

Pra que chora?Vou cantar,
Viver uma doce alegria,
Neste dia tão vazio;
Meu sol tornou-se sombrio,
Eclipses de um longo dia,
Mosqueiam o meu velho olhar.

Está vazio meu Novembro,
Meu coração teimoso arde,
Galopa agitado e aflito,
Então, por Deus, dou um grito,
Que ressoa nesta tarde,
Palavras que nem me lembro.

Mais um ano...Mais um ano...
E os anos somem em filas,
Mais parecem procissões,
De magoas, dor, ilusões,
Plantados na minha vida,
Deste meu poder insano.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

TUDO NA MESMA

TUDO NA MESMA

Apesar de te ama,
Vou ficar na minha;
Percebi que não adianta insistir,
Nem sequer seu amor eu possuo,
Só um beijo que eu roubei de você.

Não consegui fazer sua cabeça,
Aquele toque de sonhos ficou calado,
Os primeiros sorrisos,
Palavras sopradas ao vento,
E uma falta de amor.

Uma musica a quebrar o silencio,
Nos dois a flutuar no espaço,
Tão imenso, vazio e sem nexo;
Um sufoco, uma magoa e traição,
E o amor fugindo de mim.

Vou ficar na minha,
Deixar você ir só,
Ou seguir com alguém que quiser;
Vou tomar o que trago dentro do peito,
Solidão com dois cubos de tristeza.

 *J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

AMIGO

AMIGO

Meu bom amigo das longas jornadas,
Galgamos caminhos de pouca esperança;
Companheiro fraterno de tantas paradas,
Da vida cansada, minha tênue lembrança.

Amigo tão calmo, de gestos tão louco,
Amigo real de singela aparência;
Amigo valoroso, como poucos, tão poucos,
Um vulcão de sonhos, num mar de paciência.

Teus horizontes se rasgam e desdobram-se também,
Tua estrutura se abala, teu valor aparece;
E tu fica agitado como se fosse alguém,
Assim como eu que pouco a pouco envelhece.

Quero que saibas meu bom companheiro,
Que um dia nos dois iremos morrer;
E quando chegar o momento derradeiro,
Desta vida para a outra iremos viver.

Caminharemos então naquela linda estrada,
Sobre a poeira da saudade de uma doce primavera;
Que faça esquecermos da vida passada,
Que pouco passamos por sobre esta terra.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983


ROSA

ROSA
 (UM POEMA FEITO DE AMOR)

Rosa linda: suave e pura,
Frágil flor do amor, madura.

Rosa singela, de calor e graça,
Me faz pirraça, e eu a acho bela.

Rosa espinho, aroma e medo,
Te dou um beijo, em mim se aninha.

Rosa mulher, vulcão de amor,
Meu doce mel, o meu sabor.

Rosa suave, tão linda rosa,
Rosa ave, terna e prosa.

Rosa insegura, plena paisagem,
Ternura em flor, fruto selvagem.

Rosa rainha, que em sonhos chamo,
Chama tão minha, rosa eu te amo!

 *J.L.BORGES
Porto Alegre.1983






TUDO TERMINOU

TUDO TERMINOU

Ponha a tua cadeira na varanda,
E venhas por favor olhar o céu,
Que está cheio de estrelas a nos chamar,
A nos convidar para vir com a primavera,
Com aquela brisa e aquele sol que quer nascer.

Ponha teu sorriso junto ao vento,
Para secar estas lagrimas tão teimosas,
Que me ferem, me fazem chorar,
Chorar como esta musica que toca,
No fundo de minha alma sem você.

Ponha o pensamento longe...Longe...
A flutuar num mundo inteiro sem amor,
Ponha este amor no espaço louco,
Pra que amor,
Se eu não tenho nem você?

Ponha a tua graça e o teu sorriso,
Trancados em um cofre a sete chaves;
Esqueças tudo aquilo que te disse,
Esqueças os meus beijos e os meus carinhos,
Por favor, vá embora!

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

METAMORFOSE

METAMORFOSE

Hoje senti o amargo punhal,
Atravessar a garganta;
Desta minha vida letal,
Que não mais canta.

Tudo é vazio e amargo,
Nesta minha vida sem gloria;
Pra que glorias? Eu só guardo,
Derrotas e não vitórias.

É tão difícil viver,
A realidade dia a dia;
Sentindo a vida correr,
Cruel e sem alegrias.

Preciso erguer a cabeça,
E tornar sólido meu futuro;
Antes que esta dor amanheça,
Por Deus que eu preciso, juro.

Pois ainda resta uma esperança,
No fundo da minha alma;
Este meu coração criança,
Cansou de desilusão e quer calma.

Eu cansei desta rotina,
Sem futuro e sem primavera;
Voarei pelas campinas,
Eu vou arar a terra.

 *J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

O VENTO E A LUA

O VENTO E A LUA

Eu sou o vento que corre,
Tu és a lua que foge;
Foge para meu coração,
E eu fujo para teus braços.

Eu sou feito de teus beijos,
Preciso de teus carinhos
Cansei de correr da realidade,
Teu sorriso me conforta.

Vem lua que foge pra mim,
Vem banhar-se neste meu vento;
Vento feito de teus beijos,
Vem que eu vou te saciar.

Tu és selvagem e és vida,
Que um dia joguei a teus pés;
Te dominei e fiz escrava,
Sou escravo do seu corpo.

Como é bom te amar querida,
Sentir seu corpo em meu corpo;
Sou feito deste infinito,
Que um dia te ofereci.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

TEMPI DIFFICI

TEMPI DIFFICI

Notte dell'insonnia,
Tavolo vuoto;
Ansietà amara,
Nessuna gioia.

Fa male e stanchezza,
Piatto vuoto;
Nervi in ​​bagasse,
Giorni scuri.

Niente di nuovo,
Solo una batteria;
Da dolori e sconfitte,
Su questa isola.

Tempi di vecchio,
Lo hanno perso;
Giorni di adesso,
Nessuna misericordia.

Tempi difficili,
Appendi nell'aria
Senza speranza,
Cassa per sanguinare ...

* J.L.BORGES
Porto alegre.1983

UMA LUZ PERDIDA NO TUNEL

UMA LUZ PERDIDA NO TÚNEL

Eu nada posso fazer,
Pois a luz partiu;
Como uma tempestade,
Em dias de mar bravio.

Talvez um dia o sol volte,
E a praia fique calma;
Fique tranqüila, mas deserta,
Solitária igual minha alma.

Então irei curtir a solidão,
Ser egoísta e só eu ver o sol nascer;
Captar a luz que hoje perdi,
Na esquina do meu viver.

Quero ser mais rápido que esta luz,
Que hoje chegou, mas que agora mesmo se foi.
Quero encontrar o universo perdido,
E chegar veloz numa carreta de boi.

*J.L.BORGES
Porto alegre.1983

OS DEUSES TAMBEM ERRAM

OS DEUSES TAMBEM ERRAM

Corpo de bruxa, de fada,
Imaculado, com macula;
Beleza ninfo maníaca,
Desejo louco no peito.

Eu me sinto insatisfeito,
Estando longe de teus beijos;
Quero me perder neste céu,
O inferno da tua boca.

Te deixar amor, bem louca,
De vontade e frenesi;
Querendo ser galopada,
Inundada de amor.

Um amor puro e sem dor,
Como um potro em desatino;
Um inferno de paixões,
Num paraíso selvagem.

Desdobrar tua paisagem,
Ler tua mente e sua alma;
Descobrir os teus segredos,
Pesadelos noite e dia.

E na tua geografia,
Ser aluno e professor;
Pois amor, sou teu escravo,
Desejas ser possuída?

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

AINDA HÁ FLORES NO MEU CAMINHO

AINDA HÁ FLORES NO MEU CAMINHO

Sinto você no meu coração,
Como um sonho que se apaga;
Eu fico pensando em tudo,
Que se foi, restou raízes.

Lembranças de longos beijos,
Sorrisos e olhares cúmplices;
Longa fuga da saudade,
Fragmentos de um amor.

Recordações de noites frias,
Corações pegando fogo;
Nos dois loucos de desejo,
Iguais potros em desatino.

Mas tudo isso passou,
Igual estrela cadente;
Não foi sua culpa,
Não foi culpa minha.

Hoje estou só, mas não triste,
Pois creio no amanhã;
Sei que ainda restam flores,
No meu caminho a brilhar.

 *J.L.BORGES
Camaquã.1983

TEMPOS DIFICEIS

TEMPOS DIFICEIS

Noite de insônia,
Mesa vazia;
Ânsia amarga,
Sem alegria.

Magoa e cansaço,
Prato vazio;
Nervos em bagaços,
Dias sombrios.

Nada de volta,
Somente uma pilha;
De dores e derrotas,
Nesta ilha.

Tempos de outrora,
Deixaram saudades;
Dias de agora,
Sem piedade.

Tempos difíceis,
Pairam no ar
Sem esperança,
Peito a sangrar...

*J.L.BORGES
Porto alegre.1983

ESTRELA DA MANHÃ

ESTRELA DA MANHÃ

Minha vida estava vazia,
Tudo era triste,
Nada tinha sentido de ser;
De repente uma estrela tornou dia,
A noite do meu viver.

Agora sou feliz como uma criança,
Que no natal ganhou um brinquedo,
Você é o meu brinquedo;
Minha doce esperança,
Que no coração cultivo sem medo.

A seu lado amor vivo sorrindo,
Meu passado que era triste esqueci,
Tudo que reflete de você é lindo;
Você é minha crença e religião,
Você me dá caricia e frenesi.

És linda, és pura,
És anjo minha querida,
E plantastes em meu coração um puro amor,
Que colherei sempre e por toda a vida,
Terei primavera, sol e flor.

  *J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

VOCÊ JÁ ME ESQUECEU

VOCÊ JÁ ME ESQUECEU

Você já me esqueceu,
Da janela de meu quarto,
Vejo o sol que ainda não morreu;
Eu fico aqui a imaginar e a pensar,
Neste amor que já não é mais meu.

A noite chega e a lua,
Tão sozinha, sem o sol que feneceu;
Eu a maldizer este inverno,
Este inferno que nasceu.

A madrugada fria entra na minha alma,
Me faz perder a calma e a lembrar o que era meu;
O seu retrato na parede como a rir de mim,
Me faz perder a fé e a me tornar ateu.

A manhã chega envolvida no silencio,
Fazendo eu recordar de tudo que era seu;
Aquele sorriso, aquele olhar, aquele corpo,
Que tanto me aqueceu.

Mais um dia que passa e eu aqui,
A dor em meu peito a muito floresceu;
Perdi a alegria, só ganhei tristeza,
Pois você já me esqueceu.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

MINHA PREFERIDA

MINHA PREFERIDA

Ando tão perdido por você,
Quero te amar que até duvido;
Duvido te amar como você,
Diz ter este amor que eu bendigo.

Queria sempre te amar, sempre;
Tanto eu queria te amar;
Mereces mais que este amor, mercês tudo,
E este tudo eu jamais posso te dar.

Eu digo que te amo, você duvida,
Pois prova de amar-te nunca te dei;
Só disse que uma noite com você,
Calada em meus braços eu sonhei.

Amor,faz eu gostar de você,
Faz eu te achar mais querida;
Pois de todas as mulheres do meu mundo,
É você a que eu faço preferida.

 *J.L.BORGES
P.Alegre.1983


A RUA DO MEU AMOR

A RUA DO MEU AMOR

Esta rua é minha rua,
Tua rua da espera;
Vejo flores no caminho,
Muitas lamas e esperança.

Talvez ainda o sol venha brilhar,
Nesta rua tão modesta;
Deixe que a chuva caia,
Pois um dia irá passar.

Eu me sinto tão cansado,
Certas noites na minha rua;
Mas que importa a fadiga,
Pois possuo seu amor.

Se estou longe de sua presença,
Sinto falta de seus beijos;
Hoje eu sei que na tua rua,
De mãos dadas iremos andar.

*J.L.BORGES
Camaquã.1983

VIDA

A VIDA

A vida não passa de um sonho,
Prenuncio de um dormir sem acordar;
São bolhas de sabão (dias risonhos)
Que estouraram e jamais irão voltar.

A vida é uma nuvem passageira,
Flutuando num céu tórrido de verão;
É uma andorinha que voa ligeira,
Em uma tarde sem fim de solidão.

A vida são folhas secas navegando,
Flutuando sobre as águas da saudade;
É uma canção que alguém passa entoando,
Numa rua escura que chamamos eternidade.

A vida é uma lâmpada que se apaga,
No final de uma quieta madrugada;
É o orvalho, o sereno, a geada,
É uma tênue luz a iluminar a longa estrada.

A vida é uma torneira que pinga teimosa,
Na eterna noite sem dormir;
A vida traz insônia (é dengosa)
A vida é um punhal sempre a ferir.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

NUVEM

NUVEM

Vejo neste céu turquesa de Porto alegre,
Milhões de nuvens a flutuarem em desatino;
Ventos que sopram igual a um menino,
A correr pelos prados de nosso céu.

Um ponto escuro surge derepente,
É uma andorinha que vem do norte;
Trazendo alegrias e anseios desta gente,
Que procuram no futuro a sua sorte.

Relâmpagos riscando este céu,
A chuva que cai sem piedade à meu lado;
Raios a duelarem loucamente,
E eu aqui, a pensar, triste e calado.

Nuvens que levam meu pensamento,
Para muito alem, para o nordeste
Lá não tem nuvens, só lamentos,
Só mortes, secas e fomes, vidas agrestes.

Quisera eu ser uma nuvem,
Para poder pra lá levitar;
Eu juro por Deus que iria,
Lá de cima então chorar.

 *J.L.BORGES
Porto Alegre.1983


METAMORFOSE

METAMORFOSE

A natureza veste de flores,
O duro asfalto artificial;
A tarde arde com saudades,
Pois a alegria quer ir embora.

A tarde chora, e como chora!
Corre louca em desatino;
Igual um cão peregrino,
A buscar seu osso e gosto.

A natureza insiste,
Em colorir a estrada
Que vive tão sufocada,
Pelas fugas que os loucos fazem.

Eu sou louco e pescador,
Pois fugi com meu amor;
Tentando encontrar um rio,
Para pescar lambaris.

Pois cansei de jacarés,
De baleias e tubarões;
Quero só doce ilusões,
Para poder descansar.

*J.L.BORGES
Gravatai.1983


ROSINHA MEU AMOR

ROSINHA MEU AMOR

Meu amor é uma canoa,
Com remos de coração;
A flutuar num rio que entoa,
Correntezas de canção.

Vou remando esta minha vida,
No doce rio da saudade;
Com você minha querida,
Rosinha da eternidade.

Vem sem medo e com paciência,
Que um dia a árvore te deu;
Luz da mina sapiência,
Vida deste olhar ateu.

Vem cortando águas de um futuro,
Que surge com a madrugada;
Vem sem medo pois é segura,
Esta minha alma lavada.

Toque-me com todo o carinho,
Pois o sol te deu calor;
Te deu a luz de uma caminho,
Vem Rosinha meu amor.

*J.L.BORGES
Camaquã.1983

CARNAVAL

CARNAVAL

Carnaval é fumaça,
É cigarro, é silencio,
É cerveja, é barulho, é cachaça.

É o amor escondido num canto,
Rindo de ti, te fazendo pirraça;
É a menina pedindo acalanto,
Terno encanto,  fazendo sua graça.

É o lento girar dos ponteiros,
É a rua, a calçada, a janela,
É a poeira que mancha a vidraça;
É a vida estampada na face,
É a dor, a alegria, a desgraça.

Carnaval é o beijo calado no peito,
É o braço colado em um abraço;
Carnaval é a vida que vai,
São mil vidas que vêm.

 *J.L.BORGES
Porto alegre.1983

DESPEDIDA

DESPEDIDA

O verão está partindo,
A chuva teima em ficar;
Mais alguém que fica velho,
Alguém que teima em ficar.

As flores da primavera,
Nem sequer pensam em nascer;
Pois não existe primavera,
Só o inverno do querer.

Nunca esqueças de amar,
De tornar-se mais querida;
Pois tudo é passageiro,
No outono desta vida.

Onde foi parar saudade?
Talvez dela eu saiba pouco;
A saudade era suave,
Astronauta muito louco.

Tudo é frio, mas é gostoso,
Eu até queria a neve;
Queria um pouco de brisa,
Para te deixar mais leve.

Onde foi parar a verdade?
Real valor da pessoa;
Uma canção que a voar,
Na tua alma ressoa.

 *J.L.BORGES
Porto alegre.1983

LUZ INDANDESCENTE

LUZ INCANDESCENTE

Já e hora de levantar a cabeça, sem dor,
Ontem eu sei que o dia já passou;
Recordarei sempre que ainda existe amor,
Aquela flor que me embala e não murchou.

Quero gerar um pouco mais de alegria,
Pois sei que logo virá o sol dourado;
Para iluminar mais e mais este meu dia,
De alegria, um coração apaixonado.

Botarei logo este meu peito livre ao vento,
Uma luz então brotará incandescente;
Para sufocar estas minhas noites de tormento,
E fazer eu ficar bem mais contente.

Onde há tristeza nada existe a recordar,
E eu quero gozar desta vida, desta brisa;
Esperar a felicidade a me esperar,
Com o sol a flutuar com seus raios que me alisa.

Serei feliz, serei homem, serei maduro,
Perpetuado para todo e todo o sempre;
Terei então um amor firme e seguro,
Que durará toda a vida, eternamente.

*J.L.BORGES
Porto alegre.1983

UM AMOR LONGE DEMAIS

UM AMOR LONGE DEMAIS

Meu amor está tão longe,
E não voltará jamais;
O meu amor que se esconde,
Está tão longe demais.

Nunca mais...Nunca mais...Nunca mais...
Meu amor partiu, minha alma chora;
Tão doloridos são meus ais,
Que poderei fazer agora?

Só resta-me chorar e recordar,
Aqueles bons tempos de outrora;
Tempos em que eu sabia sonhar,
Antes deste amor ir embora.

Agora estou triste, eu vivo triste,
Minhas noites são vazias;
Só a saudade e que insiste,
Em preencher meus dias sombrios e sem alegria.

Dias que para nada representa,
Pois o nada é o meu companheiro;
Na minha vida agora só existe tormenta,
A primavera foi embora, meu inverno é derradeiro.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983

MEMÓRIAS

MEMÒRIAS

Meia noite, um som fanhoso na calçada,
Parece que é pra mim, mas é a lua a preferida;
E eu a perguntar por tudo ou nada,
Pareço um perdedor nesta avenida.

A lua se perdeu em vã memória,
E fica lá pendurada, me pedindo;
Um pouco do que era a sua gloria,
Pois perdeu tudo que era grande e lindo.

Nas luzes das lâmpadas morrem os sonhos,
E o vento começa a laminar seco em meu peito;
Tudo passou, e eu tristonho,
Deixei o meu ego insatisfeito.

Lembranças que completam minha vida,
Perdida sob a luz da lua triste;
Vida que era grande e tão querida,
Mas que agora sem você já não resiste.

Eu passo a sonhar com os velhos dias,
Quando tudo era sereno e tinha aquela;
Que preenchia as minhas noites de alegria,
Que fazia eu achar a vida bela.

Eu relembro aquele tempo,
Quando sabia o que era a felicidade;
Não era como agora, pois o lamento,
Não enchia os meus dias de saudade.

Agora cada lâmpada se apaga,
E eu procuro não lembrar mais deste amor;
Que me deu o Maximo, mas me deixou sem nada,
Quando partiu, pois levou até seu calor.

A extinção fica martelando, fica ecoando,
Parece os passos de alguém na rua fria;
E o som fanhoso continua frágil, cantando,
Para a lua nesta noite tão vazia.

A manhã eu sei que logo chegará,
E antes que o sol chegue eu preciso acordar;
Para poder pensar na nova vida que entrará,
Na minha alma que ainda teima em naufragar.

Eu não devo desistir da felicidade,
Quando a madrugada vier, eu já quero ser feliz;
Quero dar adeus, e matar esta ansiedade,
Quero ser meu réu, e também ser o meu juiz.

E o nova dia vai começar límpido e puro,
Sem esta neblina que me atormenta e me atrapalha;
Cansei de ficar triste e inseguro,
Cansei de te amar e receber migalhas.

Um cheiro pesado fica parado na madrugada,
Pairando como alguém que quer ficar;
Estagnado em meu caminho, na minha estrada,
Para sufocar a minha voz, o meu olhar.

Toque-me: será tão fácil amar,
Ou me deixar sozinho com as lembranças;
Lembranças que não excitam em penetrar,
Na minha vida, e sufocar minha esperança.

Toque-me: pois é lindo o paraíso,
Se você me tocar compreenderá;
Saberá como nasce um sorriso,
Como vive, e como então se apagará.

Um longo dia vai começar bem de mansinho,
Longe da noite, longe da lua, longe do frio;
Começara comigo, com você e seus carinhos,
Terminara comigo, sem você e tão sombrio.

Não sei de fato se te amo, se te quero,
Se não me amas então recuso esta vitória;
E assim meu bem, eu irei embora e só espero,
Te apagar completamente da memória.

 *J.L.BORGES
Porto Alegre.1983














LUZ QUE FOGE

LUA QUE FOGE

Tu és a lua que foge,
Os lobos ficam a uivar;
Tu és o doce remédio,
Que faz eu mais te amar.

Quando o sol passar novamente,
Verei o meu ultimo amanhecer;
Onde estás lua que foge?
Prometas não mais morrer.

Pois preciso de sua luz,
Para andar nas noites tristes;
Lua que foge me diz,
Jura amor que ainda existe.

Lua que foge, eu sou,
O vento que corre em ti;
Sem seus beijos tenho insônia,
E sofro sozinho aqui.

Não quero mais aguardente,
Sozinho não me encontro, enfim;
Quero só seu corpo quente,
Lua que foge pra mim.

*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983