quinta-feira, 31 de maio de 2018

QUANDO TE BEIJO

“QUANDO TE BEIJO”

Tantas são as tentações,

Que sinto quando te beijo;

Meu amor, tontas ilusões,

Eu tenho quando te beijo.

Teus lábios matam esta fome,

De amor, paixão constante;

Tua falta me consome,

Quando tu estas distante.

Por ti eu sou louco amor,

Amor, sou louco por ti;

O teu cheiro, o teu sabor,

Sensações que ficam aqui.

Quando navego em teu corpo,

Pareço barco a deriva;

Em busca deste teu porto,

Belo porto que cativa.

Por isso que sinto tantas,

Sensações quando te beijo;

Morena dos meus encantos,

Tesões...tentações...desejos.

*J.L.BORGES

YPORÃ

YPORÂ

Tu és sinuosa serpente, descendo estes vales,

Penetrando em verdes matas em grande quantidade;

A tua alma límpida abriga muitos seres,

E tu das alimento a campos e cidades.

Te vejo em grandes telas que enfeitam paredes,

Gravei-te em minhas retinas, também em minha mente;

Tu és fonte de vida, nascente de florestas,

Jamais te abandono, te quero para sempre.

Não posso imaginar a vida sem tua essência,

Sem tu sei que a terra, em prantos irá murchar;

No berço do teu leito descanso o meu corpo,

Se estou longe de ti, pra ti quero voltar.

Tu és a chave mestra que abre todas as portas,

Tuas marcas nas areias, é notas de uma canção;

Tu matas nossa sede, dá vigor a nosso corpo,

E não nos cobra nada, apenas proteção.

 *J.L.BORGES

ÁGUA

“ÁGUA”

A água é fonte fervente,

É suave...é gelada.

A água é doce, é macia,

É a magia salgada.

A água a vida se funde,

Banha o corpo da mulher;

Se espalha... se ajunta,

É a essência do ser.

Evapora em nuvens,

Ela é bruma... é concreto;

Fonte de vida nas matas,

Sonho do triste deserto.

Salva... mata... nos acalma e queima,

Nas planícies, grande estrada;

Ela afunda, flutua... dá luz e energia,

Alimenta nossa jornada.

Da vigor e sossego a todos,

Terna amiga tão querida;

E na hora derradeira,

Benze as chagas desta vida.

*J.L.BORGES

NO CHUMBO ALTO

NO CHUMBO ALTO

Eu vejo pássaros,

No chumbo alto;

E sinto o vento da solidão.

*J.L.BORGES

2004

JE SUIS ANONYME

“JE SUIS ANONYME”

Tantos passos dilacerados na estrada,

Tantas bombas a explodirem por ai;

Louca lida que esmorece e apavora,

Nesta hora onde a vida vale nada.

Ledos sonhos que ficarão na memória,

Estampados em jornais a jorrar sangue,

Sem caricaturas, mas com a dor apavorante,

Que aqui fica, porque nunca vai embora.

São anônimos os que tombam por ai,

Reféns da intolerância e do terror;

Onde as longas vestes maltrapilhas do horror,

É armadilha num complexo frenesi.

Somos anônimos carregando esta bandeira,

Da liberdade mesmo que tardia;

Onde a vida ontem farta hoje é vazia,

E engatinha num atraso derradeiro.

*J.L.BORGES

FAMILIA BRASIL

FAMILIA BRASIL

Luisinho foi a cata de sobras,

Na feira da esquina;

A menina ta lavando roupa,

Depois vai se agarrar na faxina.

O pai foi em busca de emprego,

Carteira assinada, cansou de biscate;

A mãe, ta ralando a coitada,

Pra tentar pagar o mascate.

Mais tarde o menino retorna,

As sobras catadas, em cima da mesa;

Leninha terminou a faxina,

Ta no fogão, cozinhado a incerteza.

Fim do dia, o pai ta voltando,

De mãos dadas com o nada;

Agora ta no boteco do Zé,

Sem carteira assinada.

A mãe já fez a faxina,

Ganhou seu quinhão;

Mais tarde hora extra,

Na casa do João.

* J.L.BORGES

quarta-feira, 30 de maio de 2018

NOCTURNO

NOCTURNO

A lua dorme

Envolta

Em lençóis de estrelas,

O grilo canta

Uma canção

Triste e melosa.

A lua esguia

Solitária e prosa

A um vulto espia

Do outro lado

Da cidade.

O gato mia

E o cão ladra

Para a lua

Enquanto nuvens

Choram prantos

De saudade.

Por quê elas choram?

Eu não sei

E ninguém sabe,

Talvez por alguém

Que partiu

Deixou saudades.

Um vagabundo

Cambaleante

Em loucos sonhos

Flutua                              

A madrugada

Na imensidão                        

Chega lenta e atrevida

Da longa rua.                         

E a noite    

O seu trajar                            

Que já descansa

Luto-mosqueado                   

Boceja despercebida.

Traz lembranças                    

O orvalho úmido

De alguma tarde                    

Beija praças

De ternura.                           

Vidraças e avenidas,

                                             
Enquanto a janela

Do amanhã

Da sua graça.

*J.L.BORGES.
2004

VAMOS VERBALIZAR

“VAMOS VERBALIZAR”

É tanto blá blá blá na minha orelha,

Não dá mais pra agüentar;

Conversa fiada que não leva a nada,

Vou vomitar.

É tanto ti ti ti nos meus ouvidos,

Promessas forjadas, fraco linguajar;

Uma praga criada, nefasto castigo,

Preciso amigo verbalizar.

Reclamar das mentiras que são travestidas,

Promessas enganosas que jogam em nós;

Com frases de efeitos e tão corroídas,

Se eles são feras, quem será o algoz?

Eles são surdos, não ouvem a gente,

E assim não adianta contemporizar;

Vamos dar um basta a estas serpentes,

Não vamos ser mudos, vamos verbalizar.

*J.L.BORGES


A CHAVE MESTRA

CHAVE MESTRA

Nunca deixe o ócio,

Fazer morada em teu corpo;

Pois o ócio é o pai da preguiça,

O porteiro do inferno.

Seja ativo na boa luta,

A boa luta é o combustível;

Do sucesso e da vitória,

Chaves que abrem o amanhã.

Nunca fale “amanhã eu faço”,

Faça o teu hoje tornar-se realidade;

O aqui e o agora é o que importa,

A porta aberta levando a felicidade.

A boa labuta em verdade é a mola,

Que nos impulsa a plena realização;

A boa labuta é a chave mestra verdadeira,

Do sucesso e da felicidade.

     *J.L.BORGES

AQUELA MULHER QUE PARECE UM CAMPO

AQUELA MULHER QUE PARECE UM CAMPO

Teus olhos parecem lagos,

A onde navego continuamente;

Tuas curvas são longas ruas,

A onde derrapo sempre.

Es ninfa na paisagem,

Regando minha semente;

Teus beijos são tatuagens,

De demônios e serpentes.

Teus seios parecem montes,

Na terra do leite e mel;

Tua língua parece fontes,

Jorrando águas no céu.

Teus cabelos parecem pétalas,

De rosas dançando ao vento;

Se sou teu amor sou tudo,

Oh! Musa de meus momentos.

Teu corpo enfim parece campos,

A onde fico a flutuar;

Se pégazo sou não importa,

Me importa é saber te amar.

  *J.L.BORGES

COVERSAZIONE CON DIO

"CONVERSAZIONE CON DIO"

Sono a casa mia
Con Dio che parla;
Così dolce la conversazione,
E gli angeli lodano.

Dio mi ha visitato,
E qui vuole restare;
Prendi il caffè,
Quindi riposati.

Rimanere in ritardo,
Qui, vicino a me;
Per conoscere il mio frutteto,
Anche il mio giardino.

Così dolce è la visita,
Di Dio, mio ​​Signore;
Arrivato a casa mia,
E ha portato l'amore.

È a casa mia,
Parla con me;
È dolce parlare,
Da Dio, amico mio.

Poi se ne va,
Ma prometti di tornare;
Perché io fui scelto,
Questa è casa mia.

... sono a casa mia,
Con Dio che parla ...

* J.L.BORGES

GAUCHINHO

GAUCHINHO

Eu gauchinho,

Nasci em uma noite fria,

Noite enluarada;

O vento sul,

Vento de geada,

Soprando nos umbrais,

Do meu ranchinho.

Cresci correndo chinas,

Nas estradas,

Domando chucro potros,

Peleando em vilas,

Esquinas e campereadas;

Tendo como abrigo,

Os açudes e as picadas.

Foram tantos os fandangos,

Tantas chinocas emprenhadas,

Que as contas perdi;

Hoje homem de alma pronta,

Ando por ai,

De pago em pago,

Proseando e tomando trago.

E um bom mate amargo,

Nas distancias das estâncias,

Sorvo com prazer e sonho

Voltar ao meu ranchinho,

Lá dos tempos de menino,

Que a vida e o destino,

Tirou deste gauchinho.

 *J.L.BORGES

DOMINGO

DOMINGO

Um churrasco de sonhos,

Na brasa do coração;

Momentos de eternidade,

Cevando meu chimarrão.

Tonteante trago de canha,

Que trago dentro da alma;

Nos meus domingos de vento,

Num tempo bom que acalma.

Me dá vontade de andar,

Ginetear em brancos cavalos;

Alados que vem em bandos,

Depois do cantar dos galos.

Na brasa ardente meus sonhos,

Tomam a forma da saudade;

Cevando meu chimarrão,

Galopo na eternidade.

Vejo ao longe pradarias,

No céu azul da ilusão;

Enquanto o churrasco chora,

Na brasa do coração.

  *J.L.BORGES

terça-feira, 29 de maio de 2018

ABUTRES DO PLANALTO

“ABUTRES DO PLANALTO”

...Eles te tiram de cena,

E te deixam sem nada;

Quer no risco da pena,

Ou no fio da espada.

Eles roubam de tudo,

(Tola vida cansada);

Quer na forma feroz,

Ou na voz delicada.

Tanto faz maltrapilho,

Ou pessoa engomada;

No final da historia,

Esta lida e suada.

Eles são os abutres,

Nesta negra “alvorada”

Sangue suga do povo,

Nossa gente enganada.

A CARRETA

A CARRETA

Lá vai a carreta,

Da vida pela estrada,

São quatro rodas,

Eternos elos,

Que levam a nada.

Lá vai a carreta,

Buscando na vida,

Uma interrogação

Seu destino segue em frente,

Na busca da solidão.

Lá vai a carreta,

Para um nunca mais voltar,

Segue vagarosamente,

Abrindo caminhos,

Na porta fechada.

Com seus velhos bois,

Lá vai a carreta,

Em seu trajeto cego,

E o tempo carreteiro,

O guia assobiando uma canção.

    *J.L.BORGES

NO AMANHECER

NO AMANHECER

O vento chegou ligeiro,

Beijando a relva orvalhada;

E os vaga-lumes apagam os lampiões.

            *J.L.BORGES

DEPENDE DE MIM

*DEPENDE DE MIM*

CHARLES CHAPLIN

"Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio
marque meia-noite.
É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.
Posso reclamar porque está chovendo... ou agradecer às águas por
lavarem a poluição.
Posso ficar triste por não ter dinheiro... ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício.
Posso reclamar sobre minha saúde... ou dar graças por estar vivo.
Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria.... ou posso ser grato por ter nascido.
Posso reclamar por ter que ir trabalhar.... ou agradecer por ter trabalho.
Posso sentir tédio com as tarefas da casa... ou agradecer a Deus por ter um teto para morar.
Posso lamentar decepções com amigos... ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades.
Se as coisas não saíram como planejei, posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser.
E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.
Tudo depende só de mim."

OS DONOS DO BRASIL

OS DONOS DO BRASIL

Enquanto os cães ladram lá fora,

Dentro deste peito bate um coração,

Sedento por amor e luz;

Eu sigo tateando por labirintos,

A procura do nada.

Nas tardes de um dia qualquer,

Algum banqueiro toma champanhe,

Em alguma mansão desta cidade,

E eu neste quarto de pensão,

Tomo cachaça e mais nada.

Neste circo nefasto e irreverente,

Eu sou apenas palhaço,

Tristonho arlequim nesta comedia nacional,

Fingindo rir das piadas enlatadas,

Em invólucros de algum comercial.

Tudo cheira a estrume nesta hora,

Teu radio, tua televisão mirabolante;

E a cada instante este chão em falso,

É apenas mais um pedaço do universo,

Feito sob encomenda para os donos do Brasil.

São tantos escândalos financeiros,

Tantos sonhos drogados por nada,

Que esta realidade só existe,

Nas manchetes inacabadas dos jornais,

Que a própria censura consentiu.

 *J.L.BORGES

MI VIDA ERES TÚ

"MI VIDA ERES TÚ"

Me gustaría compartir mi amor por usted,

Decir a todo el mundo que sólo me gusta;

Que no se sienta bien,

Que es el amor de Dios.

Es grande esta pasión que siento por ti,

Y toda mi ternura daré sólo a ti;

Algunos están hablando que estoy loco por ti,

Y ellos tienen razón, yo amor sólo tú.

No importa lo que digan, me gusta,

Amor que esperaba a lo largo de este tiempo;

Además de mi vida, en todo momento,

Por toda la eternidad, mi vida es sólo tú.

* J.L.BORGES

LA MIA VITA È TU

"LA MIA VITA È TU"

Mi piacerebbe condividere il mio maestro per te,

Dì a tutti che mi piaci;

Chi sa come andare in giro a parlare con te,

Fare poesie d'amore solo per te.

È grande questa passione che provo per te

E darò tutta la mia tenerezza a te solo;

Alcuni dicono che sono pazzo di te,

E hanno ragione, ti voglio bene.

Non importa quello che dicono, mi piaci,

Amore che avevo sperato per tutto questo tempo;

Oltre alla mia vita, per tutto il tempo,

Per tutta l'eternità, la mia vita è solo te.

* J.L.BORGES

MINHA VIDA É VOCÊ

“MINHA VIDA É VOCÊ”

Gostaria de compartilhar o meu amo por você,

Dizer a todo mundo que só gosto de você;

Quem sabe ir por ai falando em você,

Fazendo poemas de amor só pra você.

É grande esta paixão que sinto por você,

E toda minha ternura darei só a você;

Alguns estão falando que sou louco por você,

E eles tem razão, eu amor só você.

Não importa o que digam, eu gosto de você,

Amor que eu esperava ao longo deste tempo;

Além da minha vida, por todo o momento,

Por toda a eternidade, minha vida é só você.

*J.L.BORGES


segunda-feira, 28 de maio de 2018

TROPEIRO

TROPEIRO

A tropilha vem chegando,

Vem mugindo campo a fora;

O tropeiro vem cantado,

Vem rompendo com a aurora.

Na cancela quase aberta,

O guaipeca a me esperar;

Na varanda tão discreta,

A chinoca a me espiar.

Tudo é paz quando aqui chego,

Sem vontade de partir;

Na chinoca me aconchego,

Dá vontade de sorrir.

Sou feliz neste rincão,

Sou feliz mas já vou indo;

Vou voltar noutra ocasião,

A boiada está mugindo.

Adeus chinoca querida,

Brevemente voltarei;

Nas tropeadas desta vida,

Outros beijos ganharei.

    *J.L.BORGES

A BELA DO MEU SERTÁO

A BELA DO MEU SERTÃO

Saudade do meu sertão,

Saudade do meu país;

Te quero meu coração,

Eu quero quem não me quis.

Quem não me quis foi embora,

Sem dar adeus me escapou;

Agora meu peito chora,

Por ela que me deixou.

Eu sinto saudade dela,

Mulher lá do meu sertão;

Saudade eu tenho da bela,

Saudade do meu matão.

Se tenho saudade dela,

É dela meu coração...

 *J.L.BORGES

CANTO DE SAUDADE

CANTO DE SAUDADE

Este canto de saudade que hoje faço,

Faz lembrar o meu rancho de capim;

Faz lembrar desta prenda adorada,

Esta amada que está junto de mim.

É um canto de amor e de ternura,

Que devora estas horas de bons tragos;

Junto a prenda abro o bucho da sanfona,

E imagino nesta canção meu lindo pago.

Sou gaúcho, homem simples desta terra,

Sou camaqüense, de suor, de lagrima e sangue;

Neste canto eu repinto a minha terra,

Sou das barrancas do Camaquã, este Rio Grande.

Por nada troco minhas origens, e a chinoca,

Sou de Camaquã e dou valor a este torrão;

Chimarreando os verdes campos de meu pago,

Vou cantando de mansinho esta canção.

Este canto camaqüense de saudade,

Onde a distancia não é nada para mim;

E nestes versos eu recordo a toda hora,

A minha terra e o meu rancho de capim.

  J.L.BORGES

INGRATIDÃO

“INGRATIDÃO”

         Você pode fazer milhões de favores para uma pessoa, ser cortes, ter a gentileza de agradecer, enfim, uma gama de coisas boas para esta pessoa, mas se esta mesma pessoa tiver o gene da ingratidão  em seu coração, se você uma vez só por uma razão qualqier a contrariar e assim ferindo seu ego, por mais sutil e leve que seja este ferimento, com toda a certeza você terá um ferrenho inimigo em sua coleção de desafetos.

         É esta a forma de agradecimento das pessoas ingratas.

*J.L.BORGES

domingo, 27 de maio de 2018

ANDEJANTE

ANDEJANTE

No lombo do cavalo,

Me torno um andejante;

Tropeiro viajante,

A repontar geadas.

A alva madrugada,

De estrelas andarilhas;

São gotas cristalinas,

A enfeitar estradas.

No lombo do cavalo,

Me torno altaneiro;

Gaúcho missioneiro,

A desdobrar rincões.

São tantos quero-queros,

No louro destes campos;

Que até os pirilampos,

Apagam os lampiões.

No lombo do cavalo,

Eu volto pra chinoca

A dor que me provoca,

É a dor desta saudade.

É fim de madrugada,

Levanta um outro dia;

Nos braços da guria,

Eu vivo de verdade.

No lombo do cavalo,

Chego no meu ranchinho;

É bom estar no ninho,

Depois desta viagem.

Preparo o chimarrão,

Depois o bom churrasco;

É bom estar de volta,

Aqui no meu torrão.

                              **J.L.BORGES

sábado, 26 de maio de 2018

DOMINGO

DOMINGO

Um churrasco de sonhos,

Na brasa do coração;

Momentos de eternidade,

Cevando meu chimarrão.

Tonteante trago de canha,

Que trago dentro da alma;

Nos meus domingos de vento,

Num tempo bom que acalma.

Me dá vontade de andar,

Ginetear em brancos cavalos;

Alados que vem em bandos,

Depois do cantar dos galos.

Na brasa ardente meus sonhos,

Tomam a forma da saudade;

Cevando meu chimarrão,

Galopo na eternidade.

Vejo ao longe pradarias,

No céu azul da ilusão;

Enquanto o churrasco chora,

Na brasa do coração.

                                     
*J.L.BORGES

ALMA GAUCHA

ALMA GAÚCHA

Sou a flor da lua cheia,

Se esparramando no chão;

Sou vento que serpenteia,

Sou tapera, sou lampião.

Sou rio adentrando em matas,

Sou clareira, sou clarão;

Sou vertente, sou cascata,

O verde do chimarrão.

Sou ferradura e cavalo,

Sou valo margeando a estrada;

Sou sol de maio e pealo,

Sou cerração e geada.

Sou riso da prenda bela,

A saudade do gaúcho;

Sou piá sobre a cancela,

Sou peão simples e sem luxo.

Sou este povo farrapo,

Esta chama que se expande;

Sou índio rude, sou guapo,

Sou a alma do Rio Grande.

                             
*J.L.BORGES

QUANDO O MAR TOCA MEU CORPO

“QUANDO O MAR TOCA MEU CORPO”

Quando se esfrega em meu corpo,

E lambe meu ouvido;

Me provoca arrepios,

Me incomoda? Não ligo.

Quando toca em meu corpo,

Sussurrando melodias,

Que sugerem emoções,

Tanta paz e alegria.

Sem pudor, em meu corpo,

Ele desliza e me provoca;

Igual serpente encantada,

Quando vem e me toca.

*J.L.BORGES

DENTRO DE TI

DENTRO DE TI

Nas noites dos titãs quanta loucura,

Um happy, um blues sonoro e eu aqui;

Te quero, te namoro minha doçura,

Me acho num vazio dentro de ti.

Nas luzes de néon te busco agora,

Esqueço de sofrer o que sofri;

Estar contigo amor é sempre bom,

Agora e sempre amor, dentro de ti.

Chamar-te de senhora, oh minha garota!

Ouvindo um roque eterno frenesi;

Depois na quieta madrugada,

Me desmanchar de amor dentro de ti.

Se amanhã chamar-me para ir embora,

Eu sairei um pouco por ai;

Mas certamente a noite me espera,

Para outra vez estar dentro de ti.

         *J.L.BORGES

DANÇA DO VENTRE

DANÇA DO VENTRE

Teu olhar malicioso,

Teu sorriso inocente;

Teu desejo a flor da pele,

O suor escorrendo em meu corpo.

Tua ginga bonita,

Igual beija flor na primavera;

De flor em flor colhendo o perfume,

Num misto de volúpia e prazer.

Neste paraíso crepuscular,

Vaga lumes com seus faróis levitam;

Iluminam algum caminho secreto,

Onde a amada os espera.

Cães ladram para a lua vadia,

Que está a espera do sol;

Sapos coaxam na lagoa,

Tentando conquistar a amada.

Cavalos galopam pelos campos,

A chuva cai, retumbam os trovoes;

Enquanto eu neste apartamento,

Levito ternamente em ti.

       *J.L.BORGES

SEMENTE DE UM TEMPO ETERNO

SEMENTE DE UM TEMPO ETERNO

Quando penetro em tuas entranhas,

Fazendo te gemer;

Sinto o fogo do teu gozo,

A me envolver.

Sinto-me viajante em noite estranha,

Com o fogo do teu gozo a me incendiar;

Me sinto meteoro em tuas entranhas,

Areias de um deserto a escaldar.

Neste vulcão cuspindo cores,

Nesta bomba atômica a explodir;

Tu és um botão de rosas a se abrir,

A receber milhões de flores.

Aos poucos surge em ti uma semente,

Plantada em pleno gozo e prazer;

Fazendo eternizar estes momentos,

Até morrer.

Um elo incandescente e mitológico,

Une eloquentemente os dois amantes;

Fogo eterno a renascer fantasmagórico,

Neste instante.

                                  *J.L.BORGES

PROFANA

PROFANA

Teu feitiço e broca,

Furando aos poucos meu coração;

Uma roca,

Fiando lentamente a ilusão.

Teu corpo é uma chama,

Tu me chamas todo o dia;

Fantasiando-se de alegria,

Mostrando que és putana.

Eu em ti ando perdido,

No fundo do labirinto;

Teus beijos meu absinto,

Em algum tempo esquecido.

Onde o amor era insano,

O pecado vaginal;

Vertente original,

Neste teu corpo profano.

    *J.L.BORGES

MENINO E MENINA

“MENINO E MENINA”

Que menino safadinho!

Bate a porta e quer entrar;

Se eu abrir minha portinha,

Jura não me machucar?

Quero entrar sim menininha,

Bonitinha, eu quero entrar;

Se abrir tua portinha,

Juro não te machucar.

Entra então devagarinho,

Se tu é grosso não importa;

Sei que tu é danadinho,

Vou abrir a minha porta.

Não sou grosso menininha,

Assim fico magoado;

Vou entrar devagarinho,

Pois sou moço educado.

Se tu é educadinho,

Ou é grosso não importa;

Pode entrar assanhadinho,

Já abri a minha porta.

*J.L.BORGES

ETERNIDADE DO SABER AMAR

ETERNIDADE DO SABER AMAR

Quando penetro nas entranhas de teu corpo,

Sinto o fogo do teu gozo a me queimar,

Fogo este que somente acalmo,

Com a saliva da minha boca,

A te banhar.

Levitar em teu corpo preciso,

É entrar em outra dimensão;

É como andar em uma estrada,

A cento e oitenta por hora,

Na contra mão.

O vulcão de meu ser explode em ti,

Nos fundimos e tornamo-nos um só ser;

Quanta paixão e loucura,

Nesta forma fecunda de amar,

Até morrer.

Morrer meu bem, pra renascer de novo,

Feito um buraco negro em teu infinito,

Explodindo, implodindo e se encolhendo;

Se envolvendo nesta fôrma que é teu corpo,

Tão bonito.

                                  *J.L.BORGES

SAUDADE

SAUDADE

La nostalgia es una tempestad,

Que arde en mi corazón;

En los domingos por la tarde,

En la paz de esta soledad.

En el caso,

Tal como las canciones de antaño;

Mi deseo insatisfecho,

Me hace nacer ahora.

Una nostalgia que mata,

Me deja triste, al final;

En la actualidad,

Me siento de mí.

En este momento,

Morir de amor por ella;

En este momento,

Batalla en mi ventana.

* J.L.BORGES

REFLEXO DO ESPELHO DO MAL

REFLEXO DO ESPELHO DO MAL

No reflexo do espelho do mal,

Toda a noite tu iras se espelhar;

No teu mundo de ira e de dor,

Outra realidade virá.

No momento da tua loucura,

Teu complexo se transformará;

No reverso da medalha maldita,

Que satã te condecorará.

A moeda que Judas te deu,

Comprará teu lugar no inferno;

Teu reflexo no espelho maldito,

Será mistura de sangue e inverno.

Na implosão desta alma fervente,

Só a serpente irá contar tua historia;

Fragmentos de um tempo profano,

Encravado em tantas memórias.

Mil memórias deste sonho maldito,

Encarnado em teu espectro fatal;

Pesadelos de um tempo sinistro,

No reflexo do espelho do mal.

                                      *J.L.BORGES

DEUS ATEU

DEUS ATEU

Quando penetro em tuas entranhas,

Torno-me um rei;

Em terra estranha,

Onde sempre navegarei.

Tu és rainha, fada encantada,

A deusa altiva a me contemplar;

Mas quando penetro em tuas entranhas,

A vida estrelada volta a brilhar.

O teu paraíso completa o meu,

E torna nosso este paraíso;

Me torno um deus nefasto e ateu,

Sorvendo o mel deste sorriso.

        *J.L.BORGES

BONITINHA MAS ORDINÁRIA

BONITINHA MAS ORDINARIA

Cabelos cacheados,

Sorriso maroto;

É bela a garota,

Não canso de olhar.

Um riso suave,

Corpo que promete;

Meu quer? Eu não sei,

Mas quer vadiar.

Me faz seu brinquedo,

Amigo discreto;

No jeito direto,

Tentando agradar.

Porem é safada,

Não levo a serio;

Garota levada,

Que finge beijar.

E tão bonitinha,

Porem ordinária;

Me faz seu capacho,

Na hora de amar.

Eu finjo que aceito,

Que quero só ela;

E assim fingiremos,

Até um enjoar.

+J.L.BORGES

PORTO ALEGRE MINHA PAIXÃO

PORTO ALEGRE MINHA PAIXÃO

Porto alegre me envolve,

Eu me sinto Porto alegre;

Se respiro Porto alegre,

Porto alegre me absolve.

Sou teu átomo Porto alegre,

Teu escravo e teu amante;

Em meu palco és a estrela,

Esta luz de todo o instante.

Porto alegre sou os passos,

Dados lentos em tua estrada;

Andejante solitário,

Penetrando em tuas entradas.

Na paixão densa e estranha,

Porto alegre adormecida;

És minha vida em tua vida,

Sou esperma em tuas entranhas.

Tu me intimas, Porto alegre,

Com lampejos de prazer;

Teu sorriso a me envolver,

É feitiço de menina.

Quando estou dentro de ti,

Me encontro num universo,

De fadas... gnomos... sacis,

Um mundo meigo e perverso

Quando estou dentro de ti,

Porto alegre de meus versos;

É eterno o frenesi

Em nosso denso universo.

   *J.L.BORGES

FOGO E PAIXÃO

FOGO E PAIXÃO

Quando penetro nas entranhas de teu corpo,

Sinto o fogo do teu gozo a me queimar;

Fogo este que só consigo acalmar,

Com as salivas de minha boca,

A me beijar.

Levito devagar neste complexo,

Usina nuclear pronta a explodir;

Sou da medalha maldita o reverso,

O outro lado do espelho a refletir.

Fogo e paixão é o que sinto nesta hora

Tanta tesão em meu corpo a expandir;

Quando penetro-te, me desnudo em teu sexo,

Feito anjo mau, anjo anormal,

Um deus profano.

Sou viajante a desvendar tantos segredos,

Tantos mistérios no buraco negro desta estranha dimensão;

Amar-te assim sem pressa me dá medo,

Tenho receio de entrar em ebulição.

Fundiremos em um só corpo duas almas,

Insaciáveis na vontade de amar,

Com os mesmos pensamentos e desejos,

O fogo eternizado na paixão,

Tatuagem catalisada por meus beijos.

      *J.L.BORGES

ENGRAÇADINHA

“ENGRAÇADINHA”

Que menina tão bonita,

A mais linda colegial;

É uma bela duma cabrita,

Faz meu corpo passar mal.

Ela é uma santinha,

Sua carinha e de inocente;

É danada a safadinha,

Diz que tem o sangue quente.

Delas todas é a mais putinha,

Que menina tão legal;

Ordinária e engraçadinha,

A mais bela colegial.

*J.L.BORGES

CYBERBULLYNG

“CYBERBULLYING”

Anjo incolor a flutuar em minhas noites,

Onde o profanismo é intocável,

E o ufanismo é incontrolável e ensurdecedor.

Entra em minhas noites silenciosamente,

Fortuitamente fica aqui feito um poltergeister;

Talvez uma vampira on line,

Ou uma deusa imaginaria e insaciável,

A sugar esta tesão em mim.

... Quando vais embora bruscamente,

Sem avisar, sem dar-me adeus,

Deixa os teus frutos maliciosos,

Plantados em minha alma antes calma,

Onde o terreno é campo fértil,

A teu cyberbullying.

E para fugir desta perturbação virtual,

Que entra em meu sono,

Me desconecto então de ti.

*J.L.BORGES

MEDALHAS

MEDALHAS

Ganhei da vida um colar,

De perolas e amarguras;

Ganhei da vida um cocar,

De penas e desventuras.

Mas nada fiz pra merecer,

Desta vida uma lida torta;

Fatias de mal querer,

Laminas de um metal que corta.

Que dilacera meu peito,

Rasga meus sonhos e suspiros;

Hoje estou insatisfeito,

Queria ganhar um lírio.

Medalhas não valem nada,

Nem colares e nem penas;

Eu quero é uma boa estrada,

Com uma vida serena.

                        *J.L.BORGES

ESTRELAS

ESTRELAS

Adeus dançando, na chuva,

Dançando na chuva, adeus;

Canção de um tempo distante,

Mas não distante de Deus.

Adeus a Borges e a Quintana ,

A voz de um menino só;

Vida em forma de versos,

Nunca distante do pó.

Adeus as noites de lua,

Na voz deste violão;

Onde o gaúcho dedilha,

E depois forma canção.

Aos meninos de Guarulhos,

Meu adeus irreverente;

Eras pó, voltastes ao pó,

Feito estrela cadente

São tantos poetas mortos,

Flutuando num sem fim;

Alem de meu coração,

Reunidos num jardim.

Onde todos são iguais,

Pontos de luz no infinito;

Mirando a terra aquecida,

Com seus olhares bonitos.

   *J.L.BORGES


CREPÚSCULO

CREPÚSCULO DE AÇO

Ouço bombas explodindo no horizonte,

Vejo vidas que não param de cair;

Sem futuro vejo o sol frio e sem calor,

No nefasto amanhecer a denegrir.

Todo o presente para de repente,

Sob a luz frigida das estrelas;

A paz hedionda toma conta do mundo,

Sinto frio, mas não consigo mais conte-la.

Sou um homem solitário no universo,

A fugir deste inferno celestial;

Nesta hora o presente é estático,

Explodem bombas, implode um riso glacial.

Com pressa de acordar vejo a vida,

Fugindo do inferno, indo embora;

Dá vontade de sonhar, mas não consigo,

O que será de nós amor, agora?

Dá vontade de sorrir, mas não consigo,

Não consigo reviver a esperança;

Dá vontade de chorar, mas não consigo,

Tenho inveja, tenho pena das crianças.

O meu mundo já não é aquele mundo,

De promessas, de paz e de futuro;

O meu mundo agora é amargo,

Corroído, idiota mundo obscuro.

A luz prisioneira não mais chega,

Fiquei perdido, estou amargo e infeliz;

Estou doído, estou doido e não consigo,

Afastar este crepúsculo que não fiz

    *J.L.BORGES

ROSA ATÔMICA

ROSA ATÔMICA

A vida não era tão ruim,

Pois ainda existia flores,

Com perfumes e com colores,

Mas eu não posso sentir o perfume,

Então sinto as belas cores,

Das flores que não perfumam.

Plantei um dia a semente,

De uma rosa artificial,

No fundo do meu quintal,

Lixo atômico nuclear.

Sem ninguém no mundo sigo,

Com saudades do sorriso,

Da criança sem camisa,

Que um dia aqui correu.

Sem ninguém no mundo sigo,

Com saudades da mulher,

Que um dia me beijou.

A onde esta o perfume

Daquela rosa incolor,

Que eu plantei no meu quintal?

*J.L.BORGES

CAOS

CAOS

Na harmonia do cotidiano,

Uma nuvem negra chega traiçoeira;

E nesta vida de desenganos,

A eternidade foge ligeira.

É tudo troca neste momento,

Vai a alegria, vem a tristeza;

Implode a paz em loucos ventos,

E a negra noite é a certeza.

O caos da lama nos aprisiona,

É tudo escuro, nos falta a luz;

Falsa euforia que vem e engana,

Este presente não mais seduz.

Nestes destroços da madrugada,

Só ouço risos de homens maus;

Novos caminhos não levam a nada,

Somos jogados no louco caos.

*J.L.BORGES

PAZ NA GUERRA

PAZ NA GUERRA

A paz nasceu do sorriso,
Das rosas na primavera;
A paz trás o paraíso,
Azul de futuras eras.
No fundo de um pano escuro,
Espreita a hedionda fera;
A guerra espera o futuro,
A paz a certeza espera.
Bem longe os canhões trovejam,
Assustando o alegre povo;
A paz e a guerra festejam,
Na busca de um ano novo.
Um ano de paz na guerra,
Sem dores e falsidades;
Com os pés descalços na terra,
Caminha a humanidade.

*J.L.BORGES

MEUS RESTOS

“MEUS RESTOS”

Quando eu der por mim,

Estará chegando o meu fim,

Sobre a efêmera terra.

Despois que eu partir,

Talvez ainda reste,

Por breve instante,

Em alguma estante,

Um retrato meu.

E talvez quem sabe,

Um livro empoeirado;

Com poemas meus.

*J.L.BORGES

CACOS

CACOS

Uma mesa de bilhar, suja e empoeirada,

Uma bola já trincada e alguns tacos;

Um copo de vinho quase sem nada,

Um coração triste, virado só em cacos.

Uma carta de baralho rota e rasgada,

E lá num canto uma mesa com alguns dados;

Uma vidraça logo em frente, fosca e quebrada,

Uma magoa, um amor tosco e apagado.

Um cachimbo já queimado pelo tempo,

Uma mariposa encostada no balcão;

Fria chuva embalada pelo vento,

Num recanto, esquecido um coração.

Doces sonhos de amor que foram embora,

Só deixando uma roleta que viciada;

Vai matando a ansiedade que outrora,

Fazia alguém amar bem mais a sua amada.

Da minha historia de amor nada restou,

A não ser um belo e triste conto;

Vou tomar mais um pileque, pois estou,

Tentando pelo menos só um ponto.

      *J.L.BORGES

ALQUIMISTA

ALQUIMISTA

Se o amor existe eu me sinto triste,

Me perco em um fosso sem saber amar.

Se te amo brigo, se te quero ligo,

E a tomada acende esta guerra eterna.

Teu belo sorriso é meu paraíso,

Uma porta aberta que me leva ao inferno.

Neste longo inverno o teu beijo terno,

É uma rosa atômica pronta a explodir.

Vejo o fim do mundo neste copo fundo,

Onde bebo a paz que sonhei um dia.

    *J.L.BORGES

O LOBO

O LOBO

Com mágoa e com saudade,

Suplica à lua;

Clamando aquele amor,

Que era dele.

Sozinho e solitário,

Chora pra ela;

E eles incrédulos,

Não o compreendem.

    *J.L.BORGES

LONGA METRAGEM

LONGA METRAGEM

Num mundo veloz de tanta procura,

Eu ouço uma voz soprando ao vento;

Igual esta chuva que cai preguiçosa,

Cantando na rua canções de ternura.

Se quero a saudade desenho no tempo,

Momentos de paz, jamais despedida;

Recordo o passado e filmo o presente,

A onde a tristeza é fita esquecida.

Se quero o presente, relembro o passado,

E sinto o futuro de longe a acenar;

Dizendo que é hora de apenas sorrir,

Pra não mais fingir e também não chorar.

A vida que passa parece-me um filme,

Remotas comedias do doce Chaplim;

Vestido de preto, com ele o menino,

O doce destino sorrindo pra mim.

Assim esta vida que entre em cena,

Me afaga de leve e abre o futuro;

Me mostra que a estrada sofrida é apenas,

Momentos de cortes na vida cinema.

   *J.L.BORGES

PERDAS E GANHOS

PERDAS E GANHOS

Ganhei o dia,

Ganhei a vida;

Mala nas mãos,

Bolsos vazios.

Aperto no peito,

Nó na garganta;

Ferida no coração,

Perdi a vida,

Perdi as malas,

Esvaziei os bolsos,

Não encontrei minhas mãos,

Quando delas precisei,

Eu queria afagar teu rosto.

Perdi o caminho,

Os bolsos,

As mãos.

Perdi o rumo,

Meu sorriso,

Meus amigos,

Perdi o dia,

Perdi uma vida inteira.

*J.L.BORGES

sexta-feira, 25 de maio de 2018

HORIZONTE PERDIDO

HORIZONTE PERDIDO

Vejo no céu o horizonte,

No horizonte o passado;

No passado vejo a rua,

A rua do meu passado.

A ponte dentro de uma ponte,

No bordel a dama nua;

Vejo num bar da minha rua,

O jogo do vinte e um.

Um lago em frente a minha casa,

Meu barquinho de papel;

Vejo um céu dentro de um céu,

Minha pandorga sem asa.

No fim da rua a ladeira,

Carrinhos de rolimã;

Vejo a menina faceira,

Com sua boca de maçã.

Lembro-me dos velhos amigos,

Povoando a minha rua;

A casa da luz vermelha,

Uma lua cheia de luas.

No quintal da minha casa,

Cinamomo e cerca - vivas;

Sarita, a mulher dama,

Bailando na minha avenida.

A casa do meu amor,

Pertinho da minha casa;

A igreja, o velho colégio,

O meu velho professor.

A estância do faz de conta,

O meu cavalo de pau;

Lembro-me também da menina,

Maluca menina tonta.

No vídeo tape dos sonhos,

Tremulam meus doces medos;

Mboi-tatá no escuro,

Infância dos meus brinquedos.

Que saudade da minha rua,

Rua eterna e imutável;

Sinto-me hoje tão distante,

Num futuro inviolável.

Revejo-me no vídeo tape,

O céu dentro de uma ponte;

A ponte do horizonte,

Perdido do meu passado.

*J.L.BORGES

A VIDA

A VIDA

É uma montanha russa traiçoeira,

Uma faca cega a nos rasgar;

É uma bolha de sabão, leve e ligeira,

Flutuando para nunca mais voltar.

É o inocente riso da criança,

O sonhar acordado do caduco;

Velho a bocejar numa esperança,

E o jovem inocente e maluco.

Ele vem e depois sai devagar,

Anunciando o futuro que virá,

Para fazer outro sonho acordar.

E no passado inerte ficará,

Para nunca mais voltar,

Nunca voltará...

       *J.L.BORGES

A BAGACEIRA

A BAGACEIRA

A pureza é tenra taça,

De cristal em mãos estranhas;

A certeza da esperança,

Em duras penas é o bom inferno.

O sorriso da coitada dançarina,

Em louca dança sem dançar;

Onde os astros sem luz própria,

São meros coadjuvantes a divagar.

Vejo rosas pequeninas sem perfume,

Confusas e apáticas perambulando em madrugadas;

Seus ciúmes são disfarces tão confusos,

Nos jardins das desfolhadas defloradas,

São ralhadas as andorinhas, coitadinhas,

Sempre em busca do verão;

Primavera adolescente nesta vida,

Indecente, onde a luz esquecida é tentação.

                                        *J.L.BORGES

Vôo Independente, poemas e prosas.

Coletânea AGEI 2003-pág. 85

QUADRO DE VAN GOG

QUADRO DE VAN GOG.

Num templo claro de uma noite alta,

Uma cobra pé por pé chega perto de sua presa,

Presas entre as pequenas pedras colossais,

Soltas na caverna escura e mosqueada.

Vejo  lá no fim daquele túnel uma luz acesa,

A mostrar um ponto no final da ponte,

Onde cordas acordadas num comum acordo,

Seguram a ponte bamba e cambaleante.

Enquanto isso a floresta silenciosa,

Se agita freneticamente ao som avassalador de animais discretos,

A vagarem na escuridão matinal enquanto a lua espia o sol.

Neste quadro dantesco de Van Gog,

Um lenhador da bocejos na boca da noite,

E depois adormece a sombra de uma jovem figueira milenar,

E sonha que esta sonhando.

*J.L.BORGES

O RELÓGIO

O RELÓGIO

O relógio segue sem piedade,

Marcando minutos, marcando horas;

Devorando um recente tempo,

Que já é ontem.

O seu tic-tac ressoa moroso,

Entoando uma canção sem fim;

Na sonoridade de um longo tempo,

Que foge ligeiro por labirintos.

Não tem descanso na sua labuta,

É o operário da eternidade;

Transformando o breve futuro,

Em presente e depois passado.

Imutável passaro de metal,

Batendo asas num sem dormir;

Em sua gaiola de vidro assiste,

O tempo a escorrer lá fora.

É a testemunha de outros dias,

Que jazem inertes em arquivos mortos;

Velho discípulo do sol,

Namorado do coração.

   *J.L.BORGES

REFLEXOS

REFLEXOS

...E essas poças dágua,

Que brilham em teus olhos,

Reflexos do céu?

Serão risos ou magoas,

Promessas na boca,

De alguma mulher?

Depois da saudade,

Vem a tempestade,

No jogo do olhar;

Farol de promessas,

Luzes da cidade,

Que teimam em girar.

E eu giro tão lento,

Que o meu pensamento,

Não chega a onde quero;

Da chuva que cai,

A saudade não sai,

Por isso eu te espero.

E as poças das magoas,

Refletem nas águas,

Uma lagrima que cai;

Ferindo o sorriso,

Do meu paraíso,

E a chuva não sai.

 *J.L.BORGES

NOTURNO

NOTURNO

Um par de dados jogados ao lado,

A lamparina inerte num canto,

O radio mudo,

O televisor cego,

A tia gorda a congelar.

A porta quieta, a janela,

Espiando a madrugada,

A velha mesa em seu descanso,

O sofá velho na solidão,

De tantas noites e tantos frios.

O gato mia triste lá fora,

A toda a hora a voz do cão,

Roncos lá fora de tantos carros,

Uma procissão em meu pensamento,

Doces momentos do meu noturno.

A noite passa mais uma vez,

E tantas vezes na madrugada,

Chega anunciando que outros dias,

Serão inícios de tantas noites,

Serão inícios de meus noturnos.

    *J.L.BORGES

JUVENTUDE

JUVENTUDE

A juventude parece um copo de cristal,

Saudado a vida com vinho e aguardente;

Ela vem serena com vento tropical,

Soprando de leve o seu beijo quente.

Vem de surpresa do espaço sideral,

Num raio de luz e paz;

Vem isenta de todo o egoísmo e mal,

Vem sorrindo sem olhar para trás.

Ela toma conta da nossa alma e coração,

Fazendo-nos  felizes de repente,

Embriagado no som da sua canção.

Está embriagues  deixa o coração ardente,

Fantasiado de sonhos e uma ilusão,

Que invade a alma da gente.

      *J.L.BORGES

VIAJANTE

VIAJANTE

Eu vim alem de plutão,

Passei por netuno e urano;

Caminhos de tantos anos,

Promessas de solidão.

Alem de júpiter e saturno,

Vi mil mundos diferentes;

Vi asteróides ardentes,

Nos meus diferentes rumos.

Vi em marte duas luas,

Só uma lua na terra;

Vi restos de primaveras,

Sobras de uma guerra crua.

Eu vim alem deste lugar,

Depois de Vênus e mercúrio;

Há mil anos luz eu procuro,

Um lugar pra repousar.

O sol reflete em meu corpo,

Raios que me fragmentam;

Radiações me desorientam,

Perco-me sem teu conforto.

O meu eu é viajante,

Pouco tempo irei ficar;

Neste sistema solar,

Pois sou eterno e errante.

                                    *J.L.BORGES




TARDES DE SETEMBRO

TARDES DE SETEMBRO

No final da tarde,

Todas as luzes são reais;

Todas as saudades ao caretas,

Todos no transito são banais.

No final da tarde,

Todos os sinos são normais;

Todos os hinos são cadentes,

Todas as estrelas imortais.

No final da tarde,

Toda a paciência é contida;

Toda a mulher é terna,

Desfilando ao longo da avenida.

No final da tarde,

Toda a pressa tem seu preço;

Todo o final tem um retorno,

Na esquina de um novo recomeço.

No final da tarde,

O sol teima em adormecer;

Para acordar noutra manhã,

E outra tarde conhecer.

    *J.L.BORGES

SEMENTE DE UM SONHO MAIOR

SEMENTE DE UM SONHO MAIOR

Nem só de sonho eu vivo,

Nem só tristonho eu sigo;

Sigo esta gente,

Sigo a semente,

Da minha espera,

A esperança,

A primavera,

Esta criança;

Que nunca cansa de germinar.

O teu sorriso é o paraíso,

Que me reflete em teu olhar.

Como é tão lindo,

Viver sorrindo,

Te relembrando pra não chorar.

Meu violão é o coração,

A minha bíblia,

Esta canção,

Na tua garganta a entoar.

nem só de sonho eu vivo,

se não te tenho eu ligo,

tenho a criança,

esta esperança,

e o meu violão,

a me alegrar.

      *J.L.BORGES

MEDIA NOCHE EN LA CALZADA

MEDIA NOCHE EN LA CALZADA

La noche en la acera,

En el caso,

Y tú amor, no estás.

Me encuentro solo,

Me hace falta sus cariños,

Sin ti amor, no lo da.

La medianoche y la oscura luna,

Dibuja la imagen suya,

Lista para mí alucinar.

Me embriaga en su imagen,

Arisca, dulce y salvaje,

Que no puedo ni tocar.

La medianoche y la tonta luna,

Refleja su imagen desnuda,

Bailando en mi pensamiento.

Y yo,

Me siento tristón y soñando,

Con ella en todo momento.

Medianoche sin estrellas,

En el cielo busco verla,

Busco verla en la carretera.

Mi voz queda pastosa,

Me siento callado y prosa,

Medianoche, yo en la acera.

* J.L.BORGES

MEZZANOTTE NELLE CALZATURE

MEZZANOTTE NELLE CALZATURE

Mezzanotte sul marciapiede,

Ho le vertigini e ubriaco,

E tu, amore, non lo sei.

Mi trovo solo,

Mi mancano le tue carezze

Senza di te amore, non puoi.

Mezzanotte e la luna scura,

Disegna l'immagine di te stesso,

Pronto alle allucinazioni.

Mi ubriaco della tua immagine,

Arisca, dolce e selvaggia,

Che non riesco nemmeno a toccare.

Mezzanotte e la luna sciocca,

Riflette la tua immagine nuda,

Ballando nei miei pensieri.

Sto cadendo e fluttuando,

Sono triste e sogna

Con lei tutto il tempo.

Mezzanotte senza stelle,

Nel cielo cerco di vedere il

Cerco di vederla sulla strada.

La mia voce è spessa,

Rimango silenzioso e in prosa,

Mezzanotte, io sul marciapiede.

* J.L.BORGES

MEIA NOITE EU NA CALÇADA

MEIA NOITE NA CALÇADA

Meia noite eu na calçada,

Ando tonto e embriagado,

E você amor, não está.

Eu me encontro sozinho,

Faz me falta seus carinhos,

Sem você amor, não dá.

Meia noite e a escura lua,

Desenha a imagem sua,

Pronta a me alucinar.

Me embriago em sua imagem,

Arisca, doce e selvagem,

Que não posso nem tocar.

Meia noite e a tonta lua,

Reflete sua imagem nua,

Bailando em meu pensamento.

Vou caindo e flutuando,

Fico tristonho e sonhando,

Com ela a todo o momento.

Meia noite sem estrelas,

No céu eu procuro vê la,

Procuro vê la na estrada.

Minha voz fica pastosa,

Eu fico calado e prosa,

Meia noite, eu na calçada.

            *J.L.BORGES

PÁSSARO ESTRELAR

PÁSSARO ESTRELAR

Eu quero descansar,

Num galho de cometa,

Sentir a solidão,

Suave e violenta,

Aqui, junto de mim.

E assim neste jardim,

De sois e girassois,

Dormir entre os lençóis,

De polens e gametas,

A onde a ameba gira.

Saudades violetas,

Eu sinto em explosões,

Espasmos de estrelas;

Estou em outro astral,

Um mundo esquisito.

A onde o feio é belo,

O mortal é infinito,

A onde a eternidade,

Em luzes boreais,

Está a meu alcance.

Neste palco sideral,

Me vejo levitando,

Meus sonhos irreais,

Me fazem ficar longe,

Te amando sem ter paz.

   *J.L.BORGES

REI MAGO

REI MAGO.

Ouro me lembra fogo,

A chama do eterno gozo;

Gozo me lembra incêndio,

Dentro de teu coração.

Incêndio me lembra ouro,

No olhar que lembra fogo,

Teu fogo me lembra rosa,

Atômica rosa do amor,

Deflorada, nua e cinza.

Cinza me lembra incenso,

Incenso me lembra cinzas,

Cinzas me lembram chamas,

Alguma paixão incerta,

Na mulher que não me chama,

A mulher que não me mira.

Seu olhar me lembra mirra,

Algum ciúme, alguma intriga,

Brigas dentro de um bar.

Um bar que me lembra gente,

Que jamais conhecerei,

De prostitutas inocentes,

De gigolôs decadentes,

Mendigos, vilões e reis.

Um bar que lembra perfumes,

Baratos que usarei;

Chamas do falso ciúme,

Ciúmes me lembram sonhos,

Sonhos que nunca terei.

     *J.L.BORGES

LUZES DA CIDADE

LUZES DA CIDADE

Hoje estou aqui parado,

Vendo as luzes da cidade;

Luzes de tantas historias,

Gravadas na minha memória.

Luzes de um tempo distante,

Mas talvez estagnado;

Luzes de tantos passados,

Hoje luzes do presente.

Vejo as luzes da cidade,

Mutáveis luzes sem fim;

Luzes que brilharam perto,

Hoje distante de mim.

Nas luzes tremulam musicas,

Presentes do meu passado;

Dá saudade, dá vontade,

De voltar a minha cidade.

Mas o tempo é imutável,

Nunca volta ao passado;

Então fico aqui parado,

Vendo as luzes da cidade.

     *J.L.BORGES

GATO PRETONO ESCURO

GATO PRETO NO ESCURO

No segmento imortal da noite fria,

Um ponto negro funde-se com a escuridão;

Um raio tremulante me espia,

Transformando a placidez em comoção.

Entre a pintura de uma tela aparece,

As partículas de uma estética melodia;

Na fuligem do tempo que floresce,

Um rato em fuga e um gato mia.

Na longínqua lassidão surge escarlate,

Uma estrela da manhã veloz e fria;

Um gato em fuga, um cão que late,

Para a lua arisca, impávida e vadia.

Um bêbedo vestido de luto,

Cambaleia sobre os sulcos da estrada;

Uma voz metálica mal escuto,

Na tentação de captar a madrugada.

E o sono vem, surgindo devagar,

Transformando estes motivos em faustos sonhos;

Levo a rato, leva o gato a arranhar,

O vagabundo a cambalear lento e tristonho.

 *J.L.BORGES

TATUAGEM

TATUAGEM

Um pássaro impresso na mente,

Fingindo que vai voar;

Uma realidade viva no presente.

Nela tudo se explica,

Não há duvidas nem medo;

Com a vitória que se identifica.

É tão difícil viver só de esperança,

Quando temos tantos caminhos;

Para descobrir e poder enfrentar.

Caminhos cheios de espinhos e desilusões,

Mano a mano com esta vida;

Que eu fingi em meu peito colar.

    *J.L.BORGES

UMA HISTORIA DE AMOR

UMA HISTÓRIA DE AMOR

Estava amando Cristina,

A Cristina amando Joaquim;

Joaquim amando Andradina,

E a Andradina amando a mim.

O Bento era meu amigo,

Velho companheiro de bar.

Andradina foi para o convento,

Joaquim para o exterior;

Cristina fugiu com o Bento,

Eu fiquei sem meu amor.

No final conheci uma mulher,

Linda mulher chamada Glória...

Carinhosa, marota e atrevida;

Mas que não tinha entrado na história.

   *J.L.BORGES

DEUS, UM MENINO BRINCALHÃO

“DEUS, UM MENINO BRINCALHÃO”

Hoje ao ver um documentário comecei a pensar...pensar; me veio esta triste
constatação.
A física quântica faz o ser humano questionar, duvidar daquela existência de Deus
pregada em livros,isso se não acabar negando sua existência; ou quem sabe passar pela
cabeça de alguns que Deus é um menino brincalhão, soprando bolhas de sabão cósmico que
ao se formarem não sejam que tal,universos paralelos expandindo-se ...expandido até’ ploft!
voltar a estaca zero;e nó seres humanos não sejamos apenas ilusão; ou criaturas múltipla em
milhões de universos paralelos.
“A casa de meu pai tem muitas moradas” que sentido tem esta célebre frase de
Jesus,pelo prisma espiritual da pra se pensar muito, quem sabe até se encaixe na física
quântica, mas com certeza não nos leva as portas do paraíso.
Realmente, a física quântica é um perigo a nossa mente, nos tornando pessoas
dementes de espírito se achando expert em assuntos que fogem da nossa imaginação e vão
acabar nas raias da loucura científica.

*J.L.BORGES

ESTRELAS DE NOVEMBRO

ESTRELAS DE NOVEMBRO

Estrelas sempre passam junto a nós,

Brilhando na inocência dos lençóis;

Aqui eu sempre fico a te esperar,

Sonhando com teu riso, teu olhar.

Estrelas sempre ficam junto a nós,

Brilhando no erotismo da tua voz;

Estou aqui amor, em ti pensando,

Os teus beijos ardentes desejando

Tudo é tão bonito, tão veloz,

Estrelas sempre passam junto a nós;

Morrendo em pleno céu deste prazer,

Eu sempre fico aqui a te querer.

Estrelas de novembro chegam a nós,

Querendo outros prazeres nos lençóis;

Manchados de batom e de perfume,

Que a vida nos doou no terno ciúme.

É tudo tão bonito junto a nós,

Estrelas que aqui passam, e veloz;

Brilhando na inocência dos lençóis,

Brilhando no teu riso, a tua voz

 *J.L.BORGES

quinta-feira, 24 de maio de 2018

PÁSSARO NOTURNO

PÁSSARO NOTURNO

No maculado olhar da noite adormecida,

Os sonhos são pássaros temerários;

Viajando em lençóis de estrelas,

(Na louca procura do imaginário)

São fantasmas em instantes medonhos,

Rasgando a ternura de virgens momentos;

Serão os suspiros da lua largada,

Ou apenas frações em meus pensamentos.

Só sei que estes sonhos que entram na noite,

São fragmaticos desejos sem definições;

E a noite profana alimenta estes sonhos,

Estes pássaros noturnos da imaginação.

       *J.L.BORGES

ESSAS MULHERES

ESSAS MULHERES INDOMÁVEIS

As mulheres dominam o universo do homem,

Ontem escravas e hoje princesas;

Ontem cativas e hoje rainha,

Um ser místico no mundo masculino.

Eu teu servo me prosto a teus pés,

Vem me fazer teu capacho mulher;

Quero lamber teus pés,

Ser teu tapete vermelho também.

Essas mulheres!frágeis criaturas, doces e cruéis,

O mel virgem das abelhas a suavizar a alma maculada;

Mas que também transforma-se em absinto,

Ferindo o coração dos mais fortes dos machos.

Agora te imploro, deixa-me te servir,

Pois minha fada madrinha, cativante e má;

Nós outrora cavaleiros a galopar em louros campos,

Agora somos apenas teus lacaios.

      *J.L.BORGES

ESPÍRITOS DO PASSADO

ESPIRITOS DO PASSADO

As fadas lembram diamantes,

Os duendes lembram rubis;

Unicórnios, ventos uivantes,

É o que me lembram sacis?

Os anjos lembram nuvens,

Neves em altas montanhas;

As ninfas velhas imagens,

De paisagens estranhas.

Os gnomos lembram tesouros,

Escondidos nas florestas;

Os titãs me lembram ouro,

Baco lembra loucas festas.

As sereias lembram algas,

Algo nas ondas do mar;

As medusas tão confusas,

Difusas bolhas no ar.

As yaras lembram pratas,

Prantos a beira do rio;

Os dragões me lembram paixões,

Lembram guerras, desafios.

   *J.L.BORGES

FIM

FIM

Não tem mais jardim,

Só castelos de areia;

Que lua tão cheia!

Não olha pra mim.

Não sou lobisomem,

Nem fada ou duende;

Sou luz que acende,

Depois se consome.

Sou fogo encarnado,

Na paz do concreto;

Sou sal do deserto,

Beijando o passado.

Pois tudo partiu,

Com a chuva que passa;

Quebrei a vidraça,

Do amor que ruiu.

Sou cara metade,

Da luz que não volta;

Tranquei minha porta,

Fugi da cidade.

E a eternidade,

Ficará no infinito;

Dos olhos aflitos,

Canções de saudade.

    *J.L.BORGES

DE LAGARTA A BORBOLETA

DE LAGARTA A BORBOLETA

Teu olhar reflete a luz néon

E teu reflexo nas vitrines;

Espalha-se nas calçadas,

De ladrilhos mal postos.

Tu esperas calmamente,

Na imobilidade deste teu eterno;

Vai e vem refletivo,

E brusco quando me pegas pela mão.

A escada estreita nos envolve,

A porta, o quarto, a cama;

Nos engole, e de mansinho,

Tu me engoles também.

Te vejo encantada na penumbra,

Uma fada, um inseto colorido;

Seduzindo-me pouco a pouco,

Eu sobre ti, passando a subjugar-te.

Porem és tu que me dominas,

Sem eu saber, tu és rainha;

No final do eterno a separação,

Eu para um lado, a ilusão para o outro.

       *J.L.BORGES

QUE BOM QUE ERA

QUÊ BOM QUE ERA

Na minha infância oquê era engraçado,

Noites de chuva, céu estrelado;

Tempo de vento tão esquisito,

A lua nova no infinito.

Na minha infância sabia não,

Se era inverno ou era verão;

De noite frio, de manhã geada,

O sol ardente queimando a estrada.

No fim da curva os bambuzais,

Coruja e sapo, meus animais;

Jogo de cuspe, pedras no rio,

Cavalo e gato, gata no cio.

Naquele tempo a primavera,

Fazia flores por toda a terra;

E no outono tinha a joaninha,

Contos de fada, a carochinha.

Tinha uma igreja cheia de luz,

Cheio de santo, fantasma e cruz;

E a minha escola do bê a bá,

Quanta saudade que ela me dá.

A minha infância não volta mais,

Partiu voando, fiquei pra trás;

Só restou ventos de primavera,

Aquele tempo, que bom que era.

      *J.L.BORGES

DIRETO NO PAPEL

DIRETO NO PAPEL

De repente a noite vadia me surpreendeu,

Surpreendeu os dois amantes na madrugada;

A mariposa inconseqüente acariciou as lâmpadas,

E na fatalidade de sua paixão feneceu na calçada.

Um gato vagabundo mia para o nada

E um cão vira lata uiva para  alua;

Um bêbado vestido de preto evita a encruzilhada,

Olhando em devaneios o outro lado da rua.

Colhi talvez uma estrela e deposito a teus pés,

Relendo mais um poema que muitas vezes decoro;

Se tu és minha rainha eu sou talvez teu cativo

Em meu quarto de pensão em sonhos te devoro

Depois do sonho acordo e até vejo da janela,

A mariposa inerte e os amantes de mãos dadas;

Seguindo por um jardim de flores encantadas,

Onde o sonho que acaba termina em escuras vielas.

Vejo o gato e cão com o bêbado de preto,

Alem da noite mundana que termina e vem o dia;

Surpreendido eu vejo o sol beirando o canto da praça,

Refletindo nas vidraças de papeis esta alegria.

    *J.L.BORGES

NA TERRA DO FAZ DE CONTA

NA TERRA DO FAZ DE CONTA

Era um pais pequenino,

Florido de picolés;

Sorvete por toda a parte,

Recheios de bem me quer.

Era um pais pequenino,

Sonhos neste meu quintal;

De presidentes meninos,

Capacetes de jornal

Neste pais maluquinho,

Ir e vir não tinha hora;

Os certos soltos lá dentro,

Os loucos presos lá fora.

Neste pais faz de conta,

Era permitido sonhar;

Ter a alma leve e tonta,

Viver, sorrir e brincar.

Era um pequeno pais,

De inocentes crianças;

Vontade de ser feliz,

Sem ter medo da esperança.

Neste pais o futuro,

Era o sol de um novo dia;

Com nuvens de algodão doce,

Recheados de alegria.

       *J.L.BORGES

MOLEQUE

MOLEQUE

De pé no chão,

De calça curta,

Sem camisa;

É uma brisa,

Sempre pulando;

Sempre rindo,

Sempre brincando.

Lá vai ele,

É o céu abrindo,

Nosso futuro,

A primavera,

Longe do escuro,

De pé no chão.

Céu de algodão,

Na doce espera

Sua calça curta,

O seu pião.

O picolé,

Pé de moleque,

A rapadura,

Tanto pileque,

Só de quentão.

Um jovem fruto,

Sempre anunciando,

Que a juventude,

Não tem idade.

E sem camisa,

É uma brisa,

Da eternidade .

*J.L.BORGES

FINE DEL VIALE

FINE DEL VIALE

I bar affollati,

Riflettono esigenti,

Il tuo look ...

Sulla strada a grandi passi,

Cammini per niente,

Camminando ...

In insonnia perso nel sonno,

Dall'abbandono del nero,

Questo non seduce.

Ci vediamo oltre la strada,

Soli e dimenticati,

Con la tua luce

Alla fine del viale lontano,

Una luce tremolante,

E te ne vai.

Prendendo il momento con te,

Ma dal mio pensiero,

La tua immagine non viene fuori.

* J.L.BORGES

FIN DE LA AVENIDA

FIN DE LA AVENIDA

Los bares repletos de gente,

Reflejan exigentes,

Tu mirada ...

En la calle en largas pasadas,

Caminas por nada,

A caminar ...

En el insomnio perdido en el sueño,

Desde el negro abandono,

Que no seduce.

Te veo además de la avenida,

En la actualidad,

Con tu luz.

Al final de la avenida lejana,

Una luz temblorosa,

Y tú que se va.

Con el tiempo,

Pero de mi pensamiento,

Tu imagen no sale.

* J.L.BORGES

END OF THE AVENUE

END OF THE AVENUE

The crowded bars,

They reflect demanding,

Your look...

On the street in long strides,

You walk for nothing,

Walking ...

In sleeplessness lost in sleep,

From black abandonment,

That does not seduce.

See you beyond the avenue,

Alone and forgotten,

With your light.

At the end of the distant avenue,

A flickering light,

And you're leaving.

Taking the moment with you,

But from my thinking,

Your image does not come out.

* J.L.BORGES

FIM DA AVENIDA

FIM DA AVENIDA

Os bares repletos de gente,

Refletem exigentes,

O teu olhar...

Na rua em longas passadas,

Caminhas por nada,

A caminhar...

Na insônia perdida no sono,

Do negro abandono,

Que não seduz.

Te vejo alem da avenida,

Sozinha e esquecida,

Com tua luz.

No fim da avenida distante,

Uma luz tremulante,

E você que se vai.

Levando consigo o momento,

Mas do meu pensamento,

Tua imagem não sai.

   *J.L.BORGES

COMÉDIAS DE MARÇO

COMÉDIAS DE MARÇO

Águas de março que passam,

Saudades de março que fogem;

Mil pombas voando loucas,

Procurando o senhor sol.

Ventos de março que ferem,

Um coração peregrino;

Muitos cães a comporem versos,

Para a dama dona lua.

Fogos de março que queimam,

Alguém que quer o amor;

Dezena de solidões,

Morando na minha alma.

Dias de março que morrem,

A vinda dos mesmos dias;

Noites de março a procura,

De alguém que ontem fugiu.

Março de vitórias e derrotas,

Tantos infernos e paraísos;

Ternos e falsos sorrisos,

Eternas comedias de março.

  *J.L.BORGES

COISAS DE QUARTO DE PENSÃO

“COISAS DE QUARTO DE PENSÃO”

Dona cômoda é uma velha senhora egoisticamente rica e gorda, ela  tem quatro gavetas e um belíssimo espelho de cristal, nas gavetas guarda objetos preciosos, todos só para si, e o seu espelho reflete o frio orgulho desta gorda e egoisticamente rica senhora.

O criado mudo está sempre lá, glacialmente imóvel num canto da cabeceira da cama, guardando bitucas de cigarros e copos de vinho transbordante, que mancham seu frágil orgulho, e ele nada fala, não reclama, e assim fica na sua petrificada posição.

A cama, estendida sobre o assoalho embasadamente envernizado do quarto, com ceras d quinta categoria; a tudo assiste, ele e o seu amante o catedrático e metódico senhor guarda-roupa.

*J.L.BORGES

CRISÁLIDA

CRISÁLIDA

Neste papiro de milenar prazer,

Faço de conta que a nona sinfonia,

Compus especialmente pra você,

Pois toda as canções do universo,

Pertencem a você meu grande amor,

Não tenho inspiração nestes meus versos,

Para rimar desejos, sonhos e realidade,

Então eu faço uma realidade de papel,

Sorrateiramente furto um beijo da tua boca,

E deposito neste papiro milenar,

A onde a historia funde-se com a fantasia,

E você se torna a razão da minha vida,

A lagarta a furar o meu casulo.

   *J.L.BORGES

BURACO NEGRO

BURACO NEGRO

Num reflexo eficaz e patogênico,

Os caminhos se abriram paracelso;

Uma luz segue vagar entre as estrelas,

Jovens loiras que povoam o universo.

Na tela cibernética e nuclear,

Segue vibrante o vulto de uma luz;

Rabiscando desenhos pirogenicos,

Brancos que em minha face mais reluz.

Me encontro alem das nebulosas,

Vagando entre o abstrato e o concreto;

Um buraco negro me convida pra ficar,

Iluminar e colorir o que é secreto.

   *J.L.BORGES

DEUS CIENTIFICO

DEUS CIENTÍFICO

A crença num ser superior anda em falta ultimamente,quem sabe pela brusca evoluçáo do ser humano nos últimos séculos.Aquela crença pregada nos primordios de nossa civilização, uma mescla de ternura, amor e ódio, deu lugar aos conceitos teóricos da ciencia irredutivel e nada romantica,onde a razão está tomando o lugar da emoção,isso é bom? Não sei, só o tempo sabe a resposta.

A própria filosofia esta sendo estrangulada pela ciencia nua e crua;até aquela célebre fraze “ Ser ou não ser, eis a questão”, foi trocada bruscamente pela sutil fraze:”Ter ou não ter,eis a razão”; a onde isso tudo nos levará ?

Nossos corações estão se transformando em pedra, embora seja uma pedra, que antes bruta,agora é lapidada e brilhante, é apenas pedra; aquele coração suave, onde a presença de Deus era facilmente aceitavel esta dando lugar ao coraçáo tecnológico e artificial onde o Deus tecnologia o está trasformando em pedra.

A crença no ser superior anda realmente em falta, e o Deus científico está tomando seu lugar

*J.L.BORGES

VINHAS DA SOLIDÃO

VINHAS DA SOLIDÃO

A solidão vem da lua,

Trazendo em sua magia,

A vontade de ficar;

Trás na luz do coração,

As notas de uma canção,

Que faz a gente sonhar.

A solidão vem da lua,

Trazendo muita aventura,

Que fazem a gente passar;

A solidão trás o beijo,

O desejo que estampa,

No faro de algum olhar.

Vou seguindo a solidão,

E correndo sem parar,

Vivo enfim a solidão,

De estar tão só aqui,

Sorvendo o vinho da ilusão,

A vontade de voar.

Mas não vou para o infinito,

Pois meu espaço é aqui,

No canto do coração;

Sonhando com o olhar aflito,

Que eu deixei quando parti,

Com esta minha solidão.

    *J.L.BORGES