sábado, 31 de março de 2018

A BELA DO LAGO

A BELA DO LAGO

Na imensidão deste meu pensamento,

Profano, onde visualizo tua imagem;

Sinto um aperto em meu coração (um lamento)

Insano, onde tu es a miragem.

Teu vulto esguio chega mansamente em mim,

Igual as águas do Guaíba a meus pés;

Pergunto quem tu es, respondes com um sim,

Dizendo estar a fim, respondes quem tu es.

Uma Yara? Uma fada? Talvez deusa encantada,

Que entrou insinuante em minha alma,

Numa forma envolvente, paixão desenfreada.

Agora meus pensamentos descansam em ti,

E tu amor aos poucos me acalma,

Com teu corpo molhado, quietinha junto a mim.

  *J.L.BORGES

QUARTA FEIRA GORDA

QUARTA FEIRA GORDA

No cinza da quarta feira,

Afogo as magoas e relembro;

Daquela que andou comigo,

Que sambou na avenida.

São cinzas na quarta feira,

Flutuando em minha alma;

Afago esta solidão,

E lembro dos beijos dela.

Foi amor que veio rápido,

E que veloz foi embora;

Deixando em meu peito perfume,

O cheiro somente dela.

Foi amor de carnaval,

Que partiu na quarta feira;

Mas talvez ainda a encontre,

Antes de o sábado chegar.

     *J.L.BORGES

MUSICA DA SOLIDÃO

MÚSICA DA SOLIDÃO

No céu cinza de meus pensamentos,

Um tanto triste, que não vão embora;

O quê resiste é uma canção ao vento,

Talvez chorosa, que aqui toca agora.

Faz-me lembrar de uma paixão de outrora,

Que foi embora, levando a alegria;

Era uma tarde morna, igual agora,

Mas que virou em noite lenta e fria.

E hoje aqui sozinho(...)com meus pensamentos,

Remôo ao vento toda esta saudade;

Esta maldade, todo este tormento,

Toda esta dor, cruel realidade.

E este céu cinza esta cantando agora,

Igual meu coração que meu peito abrasa;

Tenho saudade daquela senhora,

Hoje tão longe de minha triste casa.

     *J.L.BORGES

FEVEREIRO

FEVEREIRO

O verão esta minguando,

Igual um domingo a tarde;

A solidão vem cantando,

De mansinho ela me invade.

Quase fim de Fevereiro,

Eu tão longe do amor;

Que é tão puro e verdadeiro,

E me chama de senhor.

Eu bem sei, sou senhor dela,

E ela, minha senhora;

Uma paixão tão doce e bela,

Que chegou, não foi embora.

Hoje ela está distante,

Até fim de Fevereiro;

Uma mulher meiga e brilhante,

A melhor do mundo inteiro.

É por isso que hoje canto,

Esta canção de saudade;

A solidão é um pranto,

Que me tonteia e me arde.

    *J.L.BORGES

PELLEGRINO

PELLEGRINO

Lascia che i piccoli vengano da me,
Un giorno Gesù disse sulla montagna;
Dico, lascia che i pellegrini vengano da me,
Chi sono qui ora in terre strane.

Hanno lasciato la loro patria, la loro famiglia,
Partirono fiduciosi in questa terra;
E ora eccoli su quest'altra isola,
Semina i loro desideri e le chimere.

Lascia che il pellegrino venga da me,
Dalla mano segnata dal tempo,
Un vento di desiderio, oggi un ragazzo.

Lascia che queste brave persone vengano da me
Che nella dolcezza e nella placidità del buon momento,
Ha seminato questo seme nell'eternità.

* J.L.BORGES

PEREGRINO

PEREGRINO

Deixai vir a mim os pequeninos,

Um dia Jesus disse na montanha;

Eu digo, deixai vir a mim os peregrinos,

Que agora aqui estão em terras estranhas.

Deixaram sua pátria, sua família,

Partiram esperançosos a esta terra;

E agora aqui estão nesta outra ilha,

Semeando seus anseios e quimeras.

Deixai vir a mim o peregrino,

Da mão calejada pelo tempo,

Um vento de anseios, hoje menino.

Deixai vir a mim esta boa gente,

Que na suavidade e placidez do bom momento,

Semeou na eternidade esta semente.

    *J.L.BORGES

PÁSSARO SOLITÁRIO

PÁSSARO SOLITÁRIO

Se até os pássaros voltam a seus ninhos,

Por quê você não volta pra casa?

Esta sua vontade de voar sozinha,

Me agita o peito e o coração abrasa.

Tantas andanças em fúteis revoadas,

Tantos rompantes e falsos solidários.

Suas viagens não lhe levam a nada,

Pois continuas sendo solitária.

     *J.L.BORGES


ONTEM FUI A CAMAQUÃ

ONTEM FUI A CAMAQUÁ

Ontem fui a Camaquã,

Para ver a minha gente,

Reencontrar velhos amigos;

Encontrei homens perdidos,

Esquecidos, descontentes.

Fui para ver as velhas ruas,

Sem asfalto e sem calçadas,

Porem vi vielas escuras;

Avenidas desbotadas,

Defloradas, quase nuas.

Voltei para ver os banhados,

O campinho da esquina,

Voltei sem ver a menina;

E os meus olhos molhados,

Lamentaram a cruel sina.

Hoje sou homem tristonho,

Depois que voltei de lá,

Sem vontade de sonhar;

Pois nada vale este sonho,

Estando eu tristonho cá.

   *J.L.BORGES

HOJE FUI A CAMAQUÃ

HOJE EU FUI A CAMAQUÃ

Hoje eu fui a Camaquã,

Rever meus amigos;

Amores antigos,

Minha velha casa.

Hoje eu fui a Camaquã,

Olhar meu matinho esquecido;

As ruas de chão batido,

O campinho da esquina.

Hoje eu fui a Camaquã,

Falar com meus visinhos;

Afagar meu cachorro daninho,

Conversar com meus parentes.

Hoje eu fui a Camaquã,

Mas lá nada encontrei;

Nem mesmo meus sonhos de infância,

Estavam lá, e chorei...

    *J.L.BORGES

CRISTO

CRISTO

Beijo a face daquele que me escarra,

Aquele que me derruba, levanto do chão;

Aperto a mão de quem me bate na cara,

Não renego e nem nego o falso irmão.

Perdôo as fraquezas de meus inimigos,

E dou abrigo a quem me coloca na rua;

Relevo quem me fere e me dá castigos,

Dou roupas a quem deixa minha alma nua.

Dou alimentos a quem me deixa com fome,

A quem me deixa triste eu dou alegrias;

Dou descobertas a quem minha paz consome,

Também dou certezas, nunca nostalgias.

E para aquele que me prega na cruz,

Castrando minha vida de sonhos;

Renego o escuro e lhe dou a luz,

Um bom futuro, longe do medonho.

  *J.L.BORGES

MINHA CASINHA

MINHA CASINHA

Ao pé da montanha fiz minha casinha,

Sem grades e sem cerca, chamada esperança;

Num sonho criança ao deitar da tarde,

Transformou-se em verdade a inspiração.

E dela fiz canção, nacos de saudade,

Na paz destes ventos e doces melodias;

Assim minha nostalgia tornou-se realidade,

No desmaiar do dia, aquele fim de tarde.

Um anjo sem asa entrou em minha morada,

E minha namorada se fez naquele dia;

Agora junto a mim está a minha prenda,

Com saias de renda e o amor que ela tem.

A chamo de meu bem e ela meu amor,

A mais bela flor que habita minha casa;

Um anjo sem asas que está aqui,

Sempre junto a mim, agora na casinha.

    *J.L.BORGES

TRICOLOR

TRICOLOR

Furacão azul,

Buraco negro;

Tempestade branca.

Trovão azul,

Noite negra,

Inferno branco.

Paraíso azul,

Terror negro,

Morte branca.

Sorriso azul,

Paz negra,

Vitória branca.

 *J.L.BORGES

LINGUA DE FOGO

LINGUA DE FOGO

Língua de fogo,

A queimar minha boca;

Mulher, tu es louca,

Na ânsia do gozo.

Tua língua ardente,

Faz-me levitar;

Faz-me delirar,

Num beijo tão quente.

Pareces vulcão,

E tua língua é lava;

Que aos poucos naufraga,

O meu coração.

Tua língua me banha,

Meu corpo incendeia;

Reação em cadeia,

Num corpo que assanha.

E tu me acendes,

Com língua de fogo;

Num belo e ardil jogo,

Que poucos entendem.

   *J.L.BORGES

VENTOS DE NOVEMBRO

VENTOS DE NOVEMBRO

O vento bate janelas,

Beija portas entreabertas;

Desta minha alma deserta,

Que anda longe da bela.

Parece espírito dengoso,

Talvez espírito brincalhão;

Ou talvez elfo teimoso,

Ferindo meu coração.

O vento que vem de longe,

De um lugar que desconheço;

É moleque que esconde,

Esta paixão sem começo.

Penso nela, me aborreço,

Pois sem que ela foi embora;

Levando este recomeço,

Lento e vazio destas horas.

Este vento apareceu,

De algum lugar encantado;

E aqui ele se escondeu,

Fingindo falsos recados.

*J.L.BORGES

MELANCOLIA

MELANCOLIA

Hoje estou mais triste,

Que pátio de edifício,

Nu domingo a tarde.

Meu riso se perdeu,

Na densa escuridão,

Que em minha alma arde.

Esta melancolia,

É noite sem luar,

E sem sonhos também.

Não durmo mais a noite,

A insônia me aborrece,

Distante do meu bem.

Aquela que se foi,

Fazendo-me ficar,

Aqui, pensando nela.

E esta melancolia,

Tornou-se vento frio,

Ferindo esta janela.

*J.L.BORGES

CANÇÃO DO VENTO

CANÇÃO DO VENTO

Espíritos... Anjos...Crianças,

Numa sonata de sonhos;

Onde basta imaginar,

E se afastar do medonho.

Anjos...Espíritos...Crianças,

Numa ciranda celestial;

Sobre campos, sobre mares,

Lá, bem distante do mal.

Crianças...Espíritos..Anjos,

A rosa dos quatro ventos;

Anunciando a primavera,

A paz longe do lamento.

E esta canção do vento,

De mansinho me acalma;

Anjos...Crianças...Espíritos,

Soprando em minha tênue alma.

 *J.L.BORGES

sexta-feira, 30 de março de 2018

HARMONIA E O CAOS

HARMONIA E CAOS

A harmonia é alegria,

O caos é tristeza;

O caos não é nada belo,

A harmonia é beleza.

A harmonia é silencio absoluto,

O caos é apenas barulho,

A harmonia é claridade em evidencia,

O caos é escuro.

A harmonia é saúde essencial,

É vida, o caos é doença;

É morte, o caos é ausência,

A harmonia é presença.

A harmonia é vitória,

O caos é derrota apenas;

A harmonia na vida é gloria,

E viver em harmonia eu sei, vale a pena.

     *J.L.BORGES

AQUI E AGORA

AQUI E AGORA

Não adianta lamentar o ontem,

E se preocupar com o que não chegou;

O que importa é este presente,

É o agora, não o que passou.

Não devemos sonegar o tempo,

Pois o tempo não tem hora certa;

De chegar ou de talvez partir,

Mantenhamos sempre a porta aberta.

As palavras de agradecimentos,

Os simples gestos fazem bem a alma;

São colírios a nosso coração,

Dão sossego, dão prazer e calma.

É por isso que o bom presente,

É um relógio a anunciar as horas;

Não devemos viver de passado,

Nem de futuro e sim de aqui e agora.

   *J.L.BORGES



ALEM DO JARDIM

ALEM DO JARDIM

Por quê esta tristeza,

Estampada em tua face?

Olhes para o céu,

Para o sol, que hoje nasce.

A tempestade há tempos passou,

O céu está azul agora;

Olhes os campos e os belos montes,

Todos enxutos nesta boa hora.

Acabe com esta tristeza,

Impregnada em teu coração;

Sintas o vento, sintas a beleza,

No sorriso deste bom irmão.

Hoje o dia amanheceu bonito,

E a paz está irradiada em mim;

Vem comigo, vamos passear,

Mais alem deste meu jardim.

  *J.L.BORGES

A PASSAGEM

A PASSAGEM

Fim de estrada, hoje longa,

Amanhã, novos caminhos;

Tantas portas estreladas,

No bom céu de minha vida.

Fim de ano, e um ano novo,

Vem surgindo no horizonte;

Novas pontes que me ligam,

A uma nova vida, um novo sonho.

Dou-te adeus bom ano velho,

Te agradeço o que me destes;

Novas vestes me enfeitam,

Na espera do bom ano.

Novo ano aqui chega,

No lugar do que se vai;

Peço paz, prosperidade,

E saúde, nada mais.

                         *J.L.BORGES

DOR SOLIDÃO

DOR SOLIDÃO

Meu violão anda triste,

Minha sanfona nem se assanha;

Esta dor que aqui insiste,

É saudade da campanha.

Das plantações de mandioca,

Saudade das churrasqueadas;

Com minha bela chinoca,

A prenda que eu mais amava.

Eu tenho tanta saudade,

Daquele lindo rincão;

Hoje eu nesta cidade,

Sofro da dor solidão.

Tenho saudade da amada,

Aquela que quero bem;

Saudade das camperiadas,

Das vaquejadas tambem.

Por isso meu violão,

E minha gaita andam triste;

Gemendo nesta canção,

A dor que aqui existe.

Dor solidão da campanha,

Daquele lindo lugar;

Aqui, só gente estranha,

Que vontade de voltar!

Retornar a boa terra,

Meiga terra onde nasci

De campos, lavouras e serras,

A mãe terra onde cresci.

                             *J.L.BORGES


BURACO ESCURO

BURACO ESCURO

Novembro já se foi,

A muito tempo;

Deixando junto a nos,

Seus ventos.

Dezembro já chegou,

E aos poucos vai embora;

O amanhã naquela curva,

Paciente espera a hora.

Depois o amanhã,

Será o hoje breve;

E logo será ontem,

O meu passado leve.

E tudo passará,

Passará nosso futuro;

E as portas do eterno,

Será buraco escuro.

  *J.L.BORGES

MAIS UM NATAL QUE PASSA

UM NATAL QUE PASSA

Mais um natal que passa,

Na estrada da vida, deixando poeira.

Os sinos que dobram anunciam Jesus,

Tatuado no riso daqueles que amam.

Mais um natal que passa,

Deixando na estrada tantos diamantes;

De sabedoria, de paz e harmonia,

Na alma serena daqueles que amam.

Mais um natal que passa,

E dobra na esquina da vida;

Flores singelas enfeitam esta estrada,

Encantadas de sonhos, que chamam de amor.

Mais um natal que passa minha gente,

Deixando a semente da eternidade;

E outro Jesus aqui está nascendo,

Revivendo a bondade em meu coração.

     *J.L.BORGES

ORAÇÃO AO SOL

ORAÇÃO AO SOL

Sol nosso que estais nos céus,

Santificado seja o vosso brilho,

Seja perfeita a sua luminosidade,

Assim na terra como nas águas.

A perfeita luz de cada dia nos daí hoje,

Perdoe as nossas duvidas,

Assim como nos perdoamos àqueles que te duvidam,

Não nos deixes cair em frio esterno,

E livrai-nos do escuro.

Amem.

*J.L.BORGES

PRIMAVERA

primavera


La primavera era vestita di colori,

E le rose hanno trapiantato le fate;

Decorano giardini osceni,

Dove gli dei profani si addormentano.

Nel blu distratto delle mattine,

Il sole erotizzato è fantasticato da peralta;

E bulla le nuvole paludose,

Chi dorme sulle montagne inibite.

Gli uccelli provano le canzoni degli amori,

In una fase nuziale di alberi verdi;

E sullo sfondo il mago corre lungo il fiume,

Questo si imbatte in un mondo incantato.

Nel frattempo in un angolo della foresta,

Elfi e elfi preparano una pozione;

Magia, per eternare il tempo,

E i bei momenti che porta

* J.L.BORGES

PRIMAVERA

PRIMAVERA

A primavera vestiu-se de cores,

E rosas transvestiram-se de fadas;

Enfeitam jardins obscenos,

Onde deuses profanos adormecem.

No azul distraído das manhãs,

O sol erotizado fantasie-se de peralta;

E bulina as nuvens vadias,

Que dormem sobre montanhas inibidas.

Pássaros ensaiam musicas de acasalamento,

Num palco nupcial de verdes árvores;

E lá ao fundo serpenteia o mago rio,

Que corre para um mundo encantado.

Enquanto isso num canto da floresta,

Elfos e duendes preparam uma poção;

Mágica, para eternizar o tempo,

E os belos momentos que ele traz

   *J.L.BORGES

TEMPORAL

TEMPORAL

Serpentes de fogo riscam,

Versos no céu mosqueado;

E as nuvens apaixonadas,

Choram por alguém.

Águas que fazem canções,

Nas beiradas dos telhados;

A relva enamorada,

Aguarda suas canções.

    *J.L.BORGES

SEU SORRISO

SEU SORRISO

Você sorri com os olhos,

E faz germinar em mim,

Aquela doida vontade,

Que estava perdida a vinte décadas,

De sonhos e de saudade.

Seu sorriso transcende a alma,

E acende bruscamente esta paixão

Este desejo libidinoso de paz,

De calma em meu coração.

Este seu sorriso menina,

Me faz voltar a sonhar,

Ser menino talvez;

Acreditar no destino,

Porque não basta esperar.

*J.L.BORGES

DEUS

DEUS

Deus é a força motriz,

Que rege o universo;

E nós somos feitos,

Da energia dele.

A paz que rege o cosmos,

É a mesma paz;

Que flui da natureza,

Em forma de energia.

Sendo energia,

A força que rege o universo;

Toda a criatura,

É a imagem do próprio criador.

Quer seja pedra, quer seja água,

Quer seja fogo, quer seja vento;

Quer seja luz, quer seja carne,

Tudo faz parte deste universo a nosso redor.

                               *J.L.BORGES

DALLA PASSIONE ALLA PASQUA

GUAIBA, MARZO 2018

"DALLA PASSIONE ALLA PASQUA"

Ricordo quei venerdì,

Fiere per la raccolta di marselas;

È stato sciocco venerdì

Sesto sagra a lume di candela.

Un Cristo crocifisso,

Altri riesumano i sogni;

Bunny ... uova di Pasqua,

Una triste gioia.

Arriva domenica pomeriggio

I vini mi hanno riempito;

Resti di alcuni cioccolatini,

Le pecore sono state abbastanza per me.

E il Cristo è crocifisso;

È risorto? ...

* J.L.BORGES

PERDAS E GANHOS

PERDAS E GANHOS

Perdi a noite,

Perdi a vida;

Ganhei açoites,

E despedidas.

Perdi teus beijos,

E teus afagos;

Ganhei desejos,

Pedi agrados.

Ganhei tristezas,

E pé no chão;

Perdi belezas,

Sem solução.

Perdi amores,

Ganhei saudades;

E dissabores,

Nesta cidade.

Ganhei um mundo,

De desenganos;

Saco sem fundo,

De ano a ano.

Perdi a vida,

Rasguei o pano;

Lambi feridas,

Ledos enganos.

       *J.L.BORGES

ESPÍRITOS

ESPÍRITOS

Espíritos transformam-se em luzes,

Naquele portal que separa o infinito;

E o desafio da fé que vem das cruzes,

Demarcam a fé na ânsia do afliti..

Sinto esta paz maquiada em obuses,

Teleguiados a um ponto do infinito;

Onde os espíritos transformam-se em luzes,

Inundando de fé a fragrância de meu grito.

    *J.L.BORGES

FILOMENA

FILOMENA

Olhar de cadela,

Me admirando;

Simples e singela,

Aqui flutuando.

Aonde vou tu vais,

Se te chamo vens;

Juntos nesta paz,

Doce querer bem.

Minha terna amiga,

Nunca a me cobrar;

Luz que me cativa,

Este teu olhar.

Olhar de cadela,

Doce e serena;

Minha alma vela,

Por ti Filomena.

Tu hoje foi embora,

Mas valeu a pena;

Sei, minha alma chora,

Por ti, Filomena.

   *J.L.BORGES

JORGE

JORGE

Juventude a plantar sonhos,

Onde a luz da eternidade alcança;

Romance de tempo e vento,

Glorificando belas esperanças,

Eternizadas no galopar do vento.

Jamais esqueças,

O que da vida aprendestes;

Rias quando tiver que rires,

Gozes os momentos simples,

E não esqueças de seres feliz sempre.

         *J.L.BORGES

XENGO DELENGO TENGO


XENGO-DELENGO-TENGO

Vou remando rio a fora,
Deslizando e revivendo;
Todo o tempo, toda a hora,
Esta paz que hoje relembro.

Nesta vida sou canoa,
Flutuando vou descendo;
Lida mansa, lida boa,
Aspirando o doce dengo.

Ao sabor destes momentos,
Odores que bem me lembro;
São amores dos bons tempos,
Estes ventos de Novembro.

No azul do longo rio,
Bons instantes eu vou vivendo;
Sem temer dias sombrios,
Nesta paz vou me envolvendo.

Para todos sou Rosinha,
Meu amor, se bem me lembro;
Mas se fico zangadinha,
Xengo-Delengo-Tengo.

  *J.L.BORGES

(Poesia inspirada no livro Rosinha minha canoa)



ZUMBI

ZUMBI

Eu sou companheiro da sombra,

Sou companheiro da morte;

Esta noite que me zomba,

Que me joga a própria sorte.

Sou amigo do escuro;

E procuro um bom lugar;

Onde a nevoa do futuro,

Não excita em retornar.

Nos bons ventos a tempestade,

De mansinho bate a porta;

Esta dor que me invade,

É saudade que conforta.

Sou amigo do daninho,

Bom menino a me sorrir;

É tão bom estar no ninho,

Sem vontade de partir.

   *J.L.BORGES



FILOMENA MINHA CACHORRA

FILOMENA, MINHA CACHORRA.

Minha amiga de outrora,

Parceira dos bons momentos;

Que partira, foram simbora,

Ao embalo destes ventos.

O teu inverno chegou,

Minha boa companheira;

Foi tão bom o quê passou,

Só restou o derradeiro.

Tenho saudade de ti,

Quando jovem era comigo;

Te vejo agora, velhinha aqui,

Tão flaquita, minha amiga.

Esta vida é bem assim,

Nem aos animais perdoa;

Nosso inicio, meio e fim,

Vai embora e a alma voa.

Minha amiga de toda a hora,

Vou chorar, não sei fingir;

Meu coração por ti chora,

Pois eu sei que vais partir.

           *J.L.BORGES

GESÚ CRISTO È PIANGERE

"Gesù Cristo è piangere"

Gesù Cristo è piangere,
dalla mancanza di rispetto di questo persone,
già morto così tante volte i poveri Cristo,
e oggi morirà di nuovo.

Gesù Cristo è piangere,
ma chi lo sa ha Reborn domenica, tra Croci e preghiere questo mio popolo,
e che sa di ottenere sorriso di nuovo.

* J.L.BORGES

quinta-feira, 29 de março de 2018

TEMPOS DE OUTRORA

TEMPOS DE OUTRORA

Nestes momentos de tédio,

Sem paz, sem calma, sem luz;

Não adianta, não tem remédio,

O inferno é minha cruz.

Desde que ela foi embora,

O que era amor é saudade;

E a ilusão minha senhora,

E esta dor de verdade.

Dor que me deixa tristonho,

Não tem pressa de ir embora;

Trazendo um montão de sonhos,

Daqueles tempos de outrora.

  *J.L.BORGES

MENINO E MENINA

MENINO E MENINA

Sou menino muito prosa,

Sou sapeca e pulador;

Sou menina carinhosa,

No jardim sou bela flor.

Gosto muito de leitura,

Lá consigo viajar;

Se sois boa criatura,

Vem comigo cirandar.

Sou menino obediente,

Irmãozinho de Jesus;

Sou menina inteligente,

Tenho paz e tenho luz.

Eu adoro a natureza,

Suas matas, suas águas;

Minha vida é uma beleza,

Sem tristeza e sem ter magoas.

Sou criança sem juízo,

Meu pecado é só brincar

Pé de vento, corpo liso,

Deito cedo pra sonhar.

Nos meus sonhos sou mocinho,

Meu cavalo é de pau

Um moleque mirradinho,

Espantando o lobo mau.

Em meus sonhos de menina,

Sou princesa num castelo;

Encantado que fascina,

Este sonho doce e belo.

Em meus sonhos menininha,

Castelinho pão-de-ló;

Uns me chamam de fadinha,

Sou amiguinha da vovó.

Em meus sonhos de Pixote,

Sempre salvo a princesinha;

Sem dragão e sem chicote,

De papel é minha espadinha.

Sou menino, sou menina,

Uns me chamam de esperança;

Nesta flor do bom destino,

Sou feliz, pois sou criança.

         *J.L.BORGES






SOLUDÃO DE UM HOMEM SÓ

SOLIDÃO DE UM HOMEM SÓ

O que era amor é saudade,

Saudade vira ilusão;

O que era ilusão hoje é sonho,

Inundando o coração.

O meu desejo de outrora,

Foi embora num triste instante;

Deixando cinzas em um canto,

De minha alma inconstante.

Dei adeus à mocidade,

Dei adeus à minha paixão

Hoje um naco de saudade,

Me amarga o coração.

E estás noites de insônia,

Sufocam meu quarto só;

Meu peito chora saudade,

Na garganta sinto um nó.

    *J.L.BORGES




ELEMENTOS DA SOLIDÃO

ELEMENTOS DA SOLIDÃO

A chuva que cai lá fora

Parece espírito tristonho;

De um tempo doce que foi,

Embora e hoje é sonho.

O vento que sopra aqui,

Me faz ter raiva da vida;

Sofrer amor, já sofri,

Com a tua despedida,

A chuva que aqui cai,

É a mesma que traz a água;

Água que lavam meus olhos,

Chorando por tantas magoas.

Aquilo que tudo era,

Prenuncio de um grande amor;

Hoje não é primavera,

Apenas trevas de dor.

O outono partiu faz tempo,

O inverno aqui chegou;

Deixando o vento lá fora,

E o amor que o tempo estancou.

  *J.L.BORGES

APAIXONADO

APAIXONADO

Estou te amando como nunca amei alguém,

O teu sorriso suaviza minha alma;

E quando estou contigo e tu me chamas de meu bem,

A chama de meu peito te chama e tu me acalma.

Amada que encontrei num naco de minha vida,

Estava eu perdido em algum canto qualquer

Perdido em triste pranto e ai te vi querida,

Num jeito de menina, num corpo de mulher.

Assim tão de repente, por ti me apaixonei,

Agora estou te amando como nunca amei alguém

Tu es aquela bela dos sonhos que sonhei,

E assim como te quero, me queres tu também.

 *J.L.BORGES

TEORIA DO BEIJO

TEORIA DO BEIJO

Beijo na testa é sinal de respeito,

Beijo na boca é sinal de paixão;

Beijo no rosto é sinal de amizade,

Beijo na língua é sinal de tezão.

Beijo molhado é sinal de volúpia,

Beijo na mão é sinal de carinho;

Beijo dobrado é sinal de aventura,

Beijo na orelha, este é beijo sonhado.

 *J.L.BORGES

SONHO AZUL

SONHO AZUL

Num bosque azul preto e branco,

Perdido dentro de mim;

Pego o passado de encantos,

E planto neste jardim.

Onde flores enfeitam lastros,

Sem maltratar a consciência;

Lembrando danças de astros,

No céu azul da existência.

Num verde driblar de sonhos,

Na vibrante azul lembrança;

Vejo fantasmas estranhos,

Gingando igual criança.

Na plenitude do espaço,

Palco azul de meu passado;

É lá que em sonho me acho,

Também me torno encantado.

São sonhos doces de um mundo,

De deuses que foram embora;

Deixando no azul profundo,

Instantes que lembro agora.

 *J.L.BORGES

VASSALOS

VASSALOS

Esses serviçais,

Sempre riem a toa;

Lá nos cafezais,

E nestas lagoas.

Sonhos de criança,

Suor de cavalo;

Vidas sem lembranças,

São vassalos.

São mãos calejadas,

A colherem frutos;

Desde madrugadas,

Minuto a minuto.

E essas donzelas,

A semearem encantos;

Lençóis nas janelas,

Desencanto...

 *J.L.BORGES

PÁSSARO

PÁSSARO

Onde o vento faz sua morada,

E a terra alimenta a flor;

Lá estarei com certeza,

Sonhando com meu amor.

Onde a chuva faz sua casa,

E o mar se encontra com o rio;

É lá que baterei minhas asas,

Rumo a este amor vadio.

Onde a arvore descansa,

E os pássaros fazem seus ninhos;

E lá que plantarei minha esperança,

E enfeitarei meus caminhos.

E quando as nuvens despejarem águas,

Lavando com sua paz o meu telhado,

Descobrirei que não existem magoas.

Existem sim apenas brisas em um lago,

De verdejantes ilhas e viçosas algas,

A darem sustento a este amor iluminado.

   *J.L.BORGES

LUA NEGRA

LUA NEGRA

Lua negra em noite escura,

A procura de um lugar;

Onde o sonho realiza,

A certeza de voltar.

Nesta lenta madrugada,

Só a lua que espia;

O poeta cambaleante,

Sem amor, sem poesia.

Na incerteza do momento,

O pensamento reclama;

Olho o céu, mal vejo a lua,

Negra jovem que me engana.

E a noite mal consegue,

Caminhar nesta jornada;

De atrevidos cambaleantes,

Que defloram a madrugada.

Mas a lua negra olha,

Lá do alto o sonhador;

Mais um copo pede o homem,

Pra esquecer o seu amor.

   *J. L.BORGES

EU

EU

Onde o vento faz sua morada,

E os rios desenham seus caminhos;

Lá estarei com certeza,

Sonhando com minha rainha.

Onde a chuva transforma os riachos,

Em rios e se encontra com o mar;

É lá que farei minha morada,

Meu barco de sonhos, suave a flutuar.

Onde a arvore germina a paz,

E os pássaros fazem seus ninhos;

É lá que plantarei a semente,

Deste amor, bem num cantinho.

E quando as nuvens despejarem águas,

No telhado de minha alma sedenta;

Então saberei a resposta,

Deste amor que me acalma e me atormenta.

 *J.L.BORGES

NAÇÃO TRICOLOR

NAÇÃO TRICOLOR

Somos milhões de Everaldos,

E outros tantos de Laras;

Brilhando neste universo,

De tantas estrelas raras.

No pavilhão tricolor,

Revejo muitas vitórias;

Este mundo nos pertence,

Este infinito de gloria.

Tantas estrelas no peito,

Nos somos constelação;

De conquistas imemoráveis,

Monte Fuji, chimarrão.

Somos milhões de estrelas,

Mostrando a todos o fulgor;

Eu jamais ando sozinho,

Pois sou nação tricolor.

  *J.L.BORGES

VELHOS BAIRROS DE CAMAQUÃ

VELHOS BAIRROS DE CAMAQUÃ

Me criei na Vila Nova,

Me perdi no Capoeirão;

Sonhei com Dona Tereza,

Dona do meu coração.

Velhos amigos da Viegas,

Perto do Jardim do Forte;

Brindando no bar do Jorge,

Sorrindo com a boa sorte.

Chimarriei na São José,

Andei na Maria da Graça;

Brinquei em velhas gangorras,

Naquelas singelas praças.

Tive lampejos de amor,

Na velha Vila Jardim;

Hoje de lá tenho saudades,

Belas saudades de mim.

Saudade dos velhos bairros,

Outros que não conheci;

Ruas que nunca pisei,

Nesta distancia, eu aqui.

   *J.L.BORGES

QUANDO ESTOU CONTIGO

QUANDO ESTOU CONTIGO

Quando estou contigo,

Renasce minha alegria;

Nesta forma eloqüente de ver,

E de noite ressurge o dia.

Quando estou contigo,

Minhas horas são encantadas;

E as cinzas lentas da noite,

Apascentam as madrugadas.

Quando estou contigo,

É tão real este sonho;

De um amor distante que chega,

Que nasce sem ser estranho.

É assim que vejo minha vida,

Em seus braços onde sou cativo;

Numa forma tão distraída,

Estando amor, contigo.

 *J.L.BORGES

PEQUENO POEMA DE UM HOMEM SEM INSPIRAÇÃO

PEQUENO POEMA DE UM HOMEM SEM INSPIRAÇÃO

Este é um pequeno poema,

De um homem sem inspiração;

Tentando fazer uma canção,

Baseada no paradoxo de algum teorema.

Porem ela perde-se nos porens,

Do cotidiano de um verso só;

Onde a inconseqüente presença do pó,

Fere-lhe os olhos ao pensar no bem.

Aquela mulher que está no reverso,

De seu coração naquele apartamento;

Vazio na paz destes momentos,

Sem a inspiração dos versos.

Pois esta inspiração escassa foi embora,

Ele pensa, ele tenta sem nada conseguir;

Toma mais um vinho, começa a sorrir,

Para não chorar por ela, tão distante agora.

 *J.L.BORGES

NA VOZ DO VENTO

NA VOZ DO VENTO

Espíritos gemem na minha janela,

Na noite escura, e a chuva cai;

Sofro de amor e saudade dela,

Ela se foi e não volta mais.

Ouço sussurros na escuridão,

Parecem lobos a uivar pra lua;

Sinto calado esta solidão,

Esta saudade que continua.

Olho apressado e vejo a rua,

Me convidando para sair;

_ Não vás agora. Diz a voz nua,

_ Te resta agora é só dormir.

Está tudo quieto neste momento,

Só ouço o vento a reclamar;

Parece espírito no pensamento,

Deste homem só, triste a murmurar.

E meus murmúrios só lembram dela,

Ela se foi, me levando a paz;

Ouço sussurros na minha janela,

Tantos gemidos e tantos ais.

  *J.L.BORGES

MEU VICIO

MEU VÍCIO

Você simplesmente é minha cachaça,

Me embriago no afã desses seus beijos.

Estando em você não reclamo, não resmungo,

Eu acho graça;

Desta sua forma maluca,

Os seus desejos.

É por isso mulher que mais te vejo,

Num pandemônio deste céu,

A sua graça.

Quando te olho, quando te toco,

Quando te beijo;

Eu percebo que es para mim,

Minha cachaça.

  *J.L.BORGES

TEORIA DAS AGUAS

TEORIA DAS ALGAS

Há algo estranho com as algas,

Coisas que não se compreendem

Murmúrios? Suspiros dágua?

Coisas que a gente não entende.

Há algo estranho com as algas,

Envolto em medonhos tempos;

O quê será este algo?

Será praga do firmamento?

Há algo estranho com as algas,

Dizem os lagos, falam os rios;

Serão tristezas ou magoas,

De algum momento sombrio?

Mas há algo estranho com as algas,

Sei que há, não sei se é errado;

Talvez até sejam nodoas,

De algum anjo apaixonado.          

  *J.L.BORGES



ELEMENTOS MUTÁVEIS

ELEMENTOS MUTÁVEIS

Os elementos que mais mudam,

No cotidiano do momento,

São as nuvens, que rasgam o ar;

A alma inconseqüente  do vento.

E as águas, que alimentam o mar.

Mas o que mais me impressiona,

Nesta vida bela,

São os suspiros de um sonhador,

E o sorriso da donzela,

Na busca incansável do amor.

              *J.L.BORGES

QUATRO ELEMENTOS

QUATRO ELEMENTOS

A chuva que beija,

A árvore sedenta;

São boas sementes,

Que o homem almeja.

O vento que sopra,

E alisa as montanhas;

Canções tão estranhas,

Que algum anjo toca.

A boa mãe terra,

Nos dá alimento;

A vida, o fermento,

Bênçãos da primavera.

E no doce calor,

Que beija meu corpo;

Eu sinto o conforto,

Do meu criador.

    *J.L.BORGES

NAS ASAS DE DEUS

NAS ASAS DE DEUS

Nas asas de Deus,

Eu fiz meu abrigo;

E assim sem perigo,

Eu durmo feliz.

Nas asas de Deus,

Eu fiz minha casa;

Sou anjo sem asa,

Na casa de Deus.

Nas asas de Deus,

Sorrio da lida,

É bom esta vida,

Nas asas de Deus.

Nas asas de Deus,

Eu sempre descanso;

Meu sonho é tão manso,

Nas asas de Deus.

                        *J.L.BORGES

O HOMEM É...

O HOMEM É...

O homem é aquilo,

Que ele acredita ser...

Da poeira soprada pelo tempo,

A rosa do magna profundo...

Do pé da deserta montanha,

Ao pico mais alto do mundo...

Do caos e o silencio obscuro,

A luzes de estrelas distantes...

Do cego bailar no escuro,

Ao fio de espadas cortantes...

Das gotas singelas do orvalho,

As ondas do mar majestoso...

De uma simples calma acabada,

Ao ser iluminado e glorioso...

Do vilarejo perdido e vazio,

A efervescência das grandes cidades...

Da vida fugaz e efêmera,

Ao complexo da eternidade...

 *J.L.BORGES



SESTA FIERA DELLA FESTA DELLA PASSIONE

SESTA FIERA DELLA FESTA DELLA PASSIONE

Una luce nera brillava nella notte dell'innocenza,

E la verità gridò per la giustizia vanitosa;

La pace si levò esitante in fragile innocenza,

Fu lì che l'oscurità divenne mattina.

Una lacrima in faccia in caratteristiche afflitte,

Un pianto, un nodo nella gola del sapere;

Tra dolori e orrori l'infinito,

Lacerare il cielo sotto la pioggia di morire.

La luce si spense quel pomeriggio,

In quella processione di sciocchi incoerenti;

La rete di potere divenne quindi peggiore,

E quel pomeriggio cadde l'innocente.

La morte necessaria si vestiva di speranza,

Nel cuore assetato di colui che ha fede;

Un fusto di passione, un po 'di memoria,

Il bambino è colui che ama e crede.

Nella morte di un innocente fatto salvezza,

In un mondo travagliato di sete di potere

Il fratello uccide il fratello, ma il cuore

Dai morti ha fatto vivere il mondo.

* J.L.BORGES

É PREFERÍVEL

                        PREFERÍVEL

É preferível retardar

   A ejaculação,

Da solidão precoce,

Do que escolher,

Um caminho qualquer,

Onde o que vale,

É o prazer,

E não a mulher.

*J.L.BORGES

PRECEITOS EM TORNO DA MENTIRA

PRECEITOS EM TORNO DA MENTIRA

 

Cada mentira contada,

É um tijolo de areia colocado;

Num prédio imenso de ilusório,

Construído no inverno de nossos corações.

 

Viver uma vida de mentiras,

É pior que morrer ignorante;

É pior que crescer na miséria,

Com ausência de sabedoria.

 

De mentira em mentira o tolo,

Caminha num beco sem saída;

Que só leva o coitado a um descaminho,

Ao caos de um abismo infindável.

 

O mentiroso alimenta-se de ilusões,

E de sonhos inacabados em sua vida;

O fardo do mentiroso é chumbo incandescente,

Solidão e mais nada...

 

*J.L.BORGES

O HOMEM É

O HOMEM É

O homem é aquilo,

Que ele acredita ser...

Da poeira a rocha...

Do vento ao fogo...

Da tristeza a alegria...

Das gotas de orvalho á luz do sol...

Das ondas do mar as dunas do deserto...

Do pé da montanha ao pico mais alto...

Do caos silencioso ao ruído das metrópoles...

Do frio causticante ao calor tropical...

Da vida efêmera a eternidade...

Simplesmente o homem,

É aquilo que ele acredita ser...

*J.L.BORGES

PÁTRIA AMADA

PATRIA AMADA

Ó pátria nigricia,

Por quê me feres tanto?

Será que a vida aqui,

É eterna algofilia?

O fuscalvo de teus céus,

Será na noite o dia?

Saudade propicia,

A alimentar meus prantos.

Ó pátria, tua lhanura,

Não habita os corações,

Parece só sinônimo,

Também minha desventura;

Torno-me um bolonio,

Quando acredito em ti,

Será que a paz aqui,

Retumba nos canhões?

Ó pátria velha amada,

Cansada e aborrecida,

Teus velhos aparatos,

São tralhas esquecidas,

E teus velhos discursos,

Apenas gatafunhos,

Lalomania de algozes,

Poluindo nossas vidas.

É assim que te vejo,

Sem paz e sem encanto,

Me escarras se te beijo,

Também me fechas a porta

Ó pátria distraída,

Procures amar teus filhos,

Não sejas um proteu,

Um deus que não se importa,

Com os filhos que são teus.

                          *J.L.BORGES









SONANBULO

SONAMBULO

No silencio das noites mal dormidas,

Perambulo em pensamento sem você;

Sinto frio na quietude destas horas,

Minha alma chora esta falta de você.

Durmo só, falo sozinho neste escuro,

Que retumba neste tumulo que é meu quarto;

É um parto estes meus sonhos de saudade,

Esta ansiedade que invade o coração.

Ouço risos, abro os olhos e nada vejo,

Quem será que gargalha esta maldade?

Fecho os olhos e novamente esta saudade,

Uma semente que me lembra de você.

Este sono chega lento em minha mente,

Sinto falta de você que aqui não esta;

Sou sonâmbulo tropeçando neste escuro,

Procuro-te no silencio, mas não vens.

   *J.L.BORGES

FOLHAS SOLTAS

FOLHAS SOLTAS

Eu penso em ti no desmaiar do dia,

Porquê a saudade fez morada em mim;

No olho mágico desta ventania,

A ilusão é um mero folhetim.

As folhas soltas deste meu pensamento,

Loucas sementes da imaginação;

Serão ciganas a bailar ao vento,

Que sopra ardente em meu coração?

Se assim te penso no findar do dia,

Sinto a saudade levitando aqui;

Tão bom é a paz na melancolia,

Esta ansiedade de amor por ti.

   *J.L.BORGES

BOA NOITE TRISTEZA

BOA NOITE TRISTEZA

Boa noite tristeza,

Estamos sozinho;

Aqui nesta mesa,

Um copo de vinho.

Boa noite tristeza,

Bom porre ilusão;

Só resta a certeza,

Desta solidão.

Na mesa do bar,

Montões de cinzeiros;

Canções a rolar,

E o desespero.

Assim me embriago,

Ao som dos Titãs

Me afago em tragos,

Até de manhã.

Boa noite tristeza,

Sei que tu vais embora;

Deixaras nesta mesa,

As magoas de agora.

Boa noite tristeza,

Minha bela senhora.

*J.L.BORGES



DESCOBERTA

DESCOBERTA

Depois de tantos anos descobri,

Que o amor é assim;

Um pouco de dor,

Num naco de mim.

É rosa dengosa,

Neste pensamento;

De um apaixonado,

Perdido no tempo.

Descobri um caminho,

De sonhos e paz;

Descobri que a paixão,

Não morre jamais.

Descobri que o amor,

É uma linda janela;

Em meu coração,

Que sonha por ela.

   *J.L.BORGES

PROPAGANDAS

PROPAGANDAS

São tantas as propagandas,

Em jornais, televisores,

Mostrando mulheres nuas;

Mas não vejo um só reclame,

Que falem dos opressores,

E crianças soltas nas ruas.

Vejo tantas enganações,

Em jornais televisões,

Mostrando mulheres belas,

Mas não vejo um só reclame,

Que fale do cotidiano,

Em nossas tristes favelas.

Nesta selva que é as cidades,

Não vejo nada de novo,

É bem verdade que as feras,

Estão em bons condomínios;

E dominam a sociedade,

Que oprime a vez do povo.

Vejo panfletos e cartazes,

De prevenção as baleis,

Aos micos-leões dourados,

Que falam das borboletas;

Mas não existem dizeres,

Sobre o pobre abandonado.

São tantos jovens drogados,

Jogados na negra rua,

Sem paz e sem esperança;

É bem verdade que as feras,

Dominam este paraíso,

Que o pobre jamais alcança.

*J.L.BORGES

JULIANA

JULIANA

Ontem a noite fui ao parque,

Me encontrar com Juliana;

Era um parque tão alegre,

Mais alegre a Juliana.

Ontem a noite tive um sonho,

Eu sonhei com Juliana;

Era um sonho tão bonito,

Mais bonita a Juliana.

Foi depois de tanto tempo,

Que encontrei a Juliana

Sob a luz da bela noite,

Mas mais bela a Juliana.

E agora junto dela,

Me espelho em madrugadas;

Mas o olhar de Juliana,

Este espelha o meu olhar.

   *J.L.BORGES

VENTO E FLOR

VENTO E FLOR

Na solidão maculada,

De uma tarde qualquer de vento;

A chuva chorou calçadas,

A dor dormiu pensamentos.

...E a flor perdeu a inocência.

O vento beijou a rosa,

Naquele dormir de tarde;

A noite surgiu dengosa,

Num tempo doce que invade.

...E a flor perdeu o perfume,

Em tonta noite de lua;

Assim surgiu o ciúme,

Naquele rasgo de rua.

Do ciúme veio a saudade,

Em noites de solidão;

O vento foi pra cidade,

E a rosa caiu no chão.

 *J.L.BORGES

VOZES DA CONCIÊNCIA

VOZES DA CONSCIÊNCIA

Por quê será que os homens maus riem atoa,

Na solidão de suas almas vazias?

A mágoa da desilusão na noite ecoa,

Entre os vãos de uma noite fria.

Fazem brindes, mas são inimigos,

Na mesa de um bar qualquer;

Lembram crimes, não temem castigos;

Suspiram envoltos a cruz de uma mulher.

Eu sinto o aço no olhar do opressor,

Vejo o veneno nas sombras do algoz;

Ouço falsos versos de um nefasto amor,

Que perdeu o valor nas entranhas da voz.

Então ouço a consciência falar de mansinho,

“Tão bom é o ninho, só falta sentir”

A consciência me mostra um outro caminho,

De doce sussurro, sem ter que mentir.

Ouvindo a consciência eu saio pra rua,

A procura talvez de um outro motivo;

Eu olho ao alto, e vejo esta lua,

Lá solta no céu, e sorrio; estou vivo!

E a voz da consciência me faz perceber,

Que a vida é bela, só falta-me notar;

Não olho pra traz, começo a viver,

E saio depressa de volta a meu lar.

  *J.L.BORGES

AMIGOS DO MAL

AMIGOS DO MAL

Os amigos do mar riem atoa,

Na solidão se suas almas frias;

A magoa do sofredor voa,

Entre desertos e noites frias.

Faço brindes com meus inimigos,

A mesa de um bar qualquer;

O crime sem ter castigo,

É serpente a envolver.

Sinto o aço no olhar do opressor,

Vejo veneno no sorriso do algoz

Nesta fala de um presumido amor,

Ouço no escuro estranha voz.

Ela fala em meu ouvido de mansinho,

Dá conselhos e me faz ouvir;

Mostra-me outro caminho,

Longe dos homens maus, fera a ferir.

Saio do bar sumo na rua,

A procura de bons amigos;

Sorvo neste bom ar a vida pura,

Longe dos homens maus e seus perigos.

    *J.L.BORGES


REALIDADE VIRTUAL

REALIDADE VIRTUAL

Neste sonho em complexa embriagues,

As esferas de metais em tons latentes;

Entram em pane em minha mente adormecida,

Que absorve e absolve o eu tangente.

No desgaste virtual da realidade,

Ouço sons transmutáveis e cadentes

No escuro intransponível desta alma,

Inocente em um vazio impertinente.

Só assim é que me rendo a este sono,

Sem o cromo que envolve esta semente;

De metal que navega nestas veias,

Desvairadas que afanaram o meu presente.

*J.L.BORGES

PRA QUÊ CHORAR

PRA QUÊ CHORAR?

Chorar pra quê? Se rir faz bem,

Sentir no peito esta alegria;

Que mal não faz, e nos convem.

Chorar pra quê? Vamos cantar,

Sentir a vida dentro do peito;

No fluir incessante do bom pulsar.

Chorar pra quê? Se Deus é bom,

Esta certeza da fé em Deus;

É minha certeza, é o meu dom.

Chorar pra quê? Se é bom viver,

Sem se culpar, sem se ferir;

Pra quê chorar? Chorar pra quê?

    *J.L.BORGES

MAQUIAGEM

MAQUIAGEM

Uma pedra é uma pedra,

Por mais que tentem maquiá-la;

Sempre será uma pedra.

*J.L.BORGES

AMBÍGUO

AMBIGUO

“-Deus não existe”

Diz o peixe ao ser apanhado na rede,

“-Deus é muito bom”

Diz o pescador ao apanhar o peixe.

*J.L.BORGES

A CEÁRA

A CEÁRA

A violência faz morada,

No coração dos homens maus;

E a paz lança semente,

No coração do justo.

*J.L.BORGES

DIO STA PARLANDO

DIO STA PARLANDO

Dio sta parlando:
Nel silenzio delle stelle,
Non bisbigliare dal vento;
Non trascinare due passaggi,
Nel giro del tempo.

Dio sta parlando:
Al calar della notte,
Nel mormorio delle acque;
Dal mare e dalle sue fruste,
Non sospirare dalle ferite.

Dio sta parlando:
Nell'illusione che brucia,
Nell'invasione dei colori;
Nel mezzo del pomeriggio,
Primavera e fiori

Dio sta parlando:
Nella calma di queste colline,
Nella pace di questi momenti;
Nell'anima di queste fonti,
Nella voce del pensiero.

Dio sta parlando:
Voglio sentire la tua voce,
La voce che sta fluttuando;
E sussurri su di noi;
Dio sta parlando.
                                    * J.L.BORGES

CAOS

CAOS

Na harmonia do cotidiano,

Uma nuvem negra chega traiçoeira;

E nesta vida de desenganos,

A eternidade foge ligeira.

É tudo troca neste momento,

Vai a alegria, vem a tristeza;

Implode a paz em loucos ventos,

E a negra noite é a certeza.

O caos da lama nos aprisiona,

É tudo escuro, nos falta a luz;

Falsa euforia que vem e engana,

Este presente não mais seduz.

Nestes destroços da madrugada,

Só ouço risos de homens maus;

Novos caminhos não levam a nada,

Somos jogados no louco caos.

*J.L.BORGES

XARÁ

XARÁ

Meu xará, velho amigo,

Companheiro de outrora;

Não te escrevo e nem te ligo,

Mas te lembro toda a hora.

Sei que nossa amizade,

É uma campina florida;

Perfumando a eternidade,

Esta paz adormecida.

Eu te afirmo bom xará,

Nunca te esquecerei;

Estando aqui, acolá,

Eu sempre te lembrarei.

Nossos belos instantes,

Estão fotografados em meu pensamento;

Meu xará, tu es brilhante,

Eu sou pedra ao relento.

Sinto frio, sinto saudade,

E tanta falta de ti;

Queria é bem verdade,

Que estivesses aqui.

*J.L.BORGES

TARDE

TARDE

Enquanto a noite espera desmaiar o dia,

A estrela vespertina aguarda;

Vultos encantados do anoitecer,

No sol posto de meu coração.

E nesta suportável placidez noturna,

No lusco-fusco de meus pensamentos;

Meus sonhos adentram e mil labirintos,

Até perderem-se em minha solidão.

A tarde vem, igual bela senhora,

Num tic-tac de Aves Marias;

Assim torno-me no declinar do dia,

A paz profana que transcende a alma;

E acende insana o fogo da paixão.

Nesta boca-da noite, jovem sedutora,

Meus sonhos de volúpia aguardam,

A paciencitude do cair das trevas;

E lá num canto o anoitecer espera,

O cair do sol em forma de canção.

 *J.L.BORGES  

USINA DO GAZÔMETRO

USINA DO GASÔMETRO

Usina, velha usina do gasômetro,

De dedo em riste,

Apontando para os céus de Porto Alegre,

Não te vejo solitária e triste,

Mas te beijo, efervescente e leve.

Oh! Minha velha usina,

Na imensidão azul constante,

Mosqueada de sonhos os teus contornos;

Pareces tu uma incansável vigilante;

Despida de orgulho, mas rica de adornos.

È assim que te vejo, velha usina,

No silencio desta noite,

Que aqui chega;

As águas do Guaíba em doces açoites,

São as águas que teu corpo beija.

Minha velha usina,

Tu es no por do sol com dedo em riste,

(Etérea Yara sempre a mirar meu lago)

A certeza de que porto Alegre existe,

Esta certeza que em meu peito trago.

  *J.L.BORGES

ESTRELAS CADENTES

ESTRELAS CADENTES


Nos somos estrelas cadentes,

Viajando no universo da existência.

Algumas destas estrelas,

Possuem um brilho mais intenso;

Outras possuem menor brilho,

Mas toda a luminosidade ,

Destas estrelas;

A elas não pertencem,

Pertencem a um universo maior,

E todas elas passarão...

E outras tomarão o seu lugar.

Efêmeras estrelas cadentes,

Viajando no universo da existência.

  *J.L.BORGES

USINA DE PORTO ALEGRE

USINA DE POA

Teu dedo hirto,

Desvirginando,

Brumas leves;

Sempre e sempre apontando,

Para os céus de Porto Alegre.

Tuas paredes,

Mudas, mosqueadas,

Refletindo os raios,

Do pôr-do-sol,

De maio.

E teus muros,

Úmidos, pumbleos,

Sendo açoitados;

Pelos sedentos beijos,

Do jovem lago.

*J.L.BORGES

DEUS E O DIABO

DEUS E O DIABO

... E Deus criou o firmamento:

Nele colocou a terra;

Soprou-a com bons ventos,

Mas o diabo a povoou de feras.

...E Deus formou os mares,

Suas águas e fabricou o fogo;

Soprou flores e frutos em mil pomares,

Veio o diabo e inventou o logro.

...E Deus povoou a terra,

Com homens inocentes e os animais;

E o astuto diabo defecou as guerras,

Porem Deus semeou a boa paz.

...E Deus mostrou a sua presença,

Na mente do homem onde implantou a sorte;

O diabo veio e vomitou doenças,

Assim surgiu esta nefasta morte.

Mas Deus olhou o homem, em sua eterna dó,

E deu-lhes luzes de sabedoria;

A morte veio, mas tornou-se pó,

E nós em almas nesta ventania.

...E a eternidade retornou a vida.

  *J.L.BORGES






NA FAZENDINHA

NA FAZENDINHA

...E as vaquetinhas,

Cheia de cores;

Cheia de flores,

A ruminar.

...E os cavalinhos,

Nuvens ao vento;

Do pensamento,

A galopar.

...E os bichanos,

Lá no telhado;

Dando miados,

A namorar.

...E os cachorrinhos,

Lá nos terreiros;

Sem desespero,

Sempre as uivar.

...E os pintinhos,

Com suas mãezinhas;

Brancas galinhas,

Quietas a ciscar.

É bem assim,

Na fazendinha;

Da minha madrinha,

Dona Guiomar.

 *J.L.BORGES

CRIATURA DA NOITE

CRIATURA DA NOITE

Enquanto a floresta,

Guarda o perdido viajante;

A noite espia sobre as frestas,

No escuro luminar de pálidos instantes.

Quem será a criatura,

Que perdeu-se sob o manto da floresta?

Será alguma alma desgarrada e escura,

Ou um duende que fugiu de alguma festa?

Pobre criatura da noite a andar em vão,

Sem conseguir encontrar a sua casa;

Será espírito de algum demônio bom,

Ou um anjo que perdeu a sua asa?

A resposta só quem sabe é o infinito,

Pai supremo deste caos, desta loucura;

Enquanto isso na floresta em tom aflito,

Perambula a perdida criatura.

   *J.L.BORGES

BONITA E GOSTOSA

BONITA E GOSTOZA

Eu sei que tu es, bonita e gostosa;

Tu sabes que eu, te olho e te quero.

Eu tenho na boca um beijo de fogo;

Tu tens em teu corpo, dois favos de mel.

Te quero a meu lado, carente e fogosa,

Mulher que me agita, me deixa maluco.

Tu sabes que es magia, em meus sonhos,

E sabes que eu, suspiro por ti.

Eu tenho na mão, espadas de Odim;

Tu tens em teu corpo, milhões de Walquirias.

Eu tonto te quero, na flâmula do quarto;

Meu quarto de sono, que não quer dormir.

Pois sei que tu es, bonita e gostosa;

E sabes que eu, estou tri afim.

  *J.L.BORGES

PROVÉRBIOS LAICOS

O espelho mostra a outra face do homem;
O dinheiro também.

J.L.BORGES

quarta-feira, 28 de março de 2018

PEQUENOS PENSAMENTOS DOMÉSTICOS

PEQUENOS PENSAMENTOS DOMESTICOS

O sucesso do homem está nas chaves que ele carrega consigo.

A realização da mulher está no controle remoto que ela possui.

O espelho mostra a outra face do homem;

O dinheiro também.

A balança é a maior fobia da mulher;

E a decepção do homem.

A amante mais cara do homem é o automóvel;

Que é a prima descontrolavel da mulher.

A felicidade da mulher é o carrinho de super-mercado;

Que é a maior desgraça do homem.

A maquina de lavar roupa é o sonho da mulher;

E o fogão é o maior desejo do homem.

A geladeira é a tia gorda do glutão;

E o telefone é o psicanalista da mulher.

O celular é o melhor amigo do adolescente,

E despertador do trabalhador moderno.

O sofá é o melhor aconchego do bebedor de fim de semana;

Sem contar a televisão ligada no futebol.

E por falar em televisão:

Casal com uma só está propenso a separação precoce.

“trilha sonora:caminho aberto em mata fechada,

infestado de passarinhos e outros animais canoros”

       J.L.BORGES

OUTONO

OUTONO

No azul tangente do céu distante,

O sol que brilha é a esperança;

De novos ventos e bons instantes,

A onde o tempo é uma criança.

A fresca brisa chega veloz,

Enfeita árvores de breves dias;

É nesta graça que ouço a voz,

De jovens pássaros na ventania.

Vejo nos céus nuvens de fogo,

Fazem desenhos e vão embora;

Descanso uma pouco, é bom o gozo,

Este repouso nas longas horas.

Tão lindo é o outono no pensamento,

Do sonhador que faz da calma;

Uma ventura, um bom momento,

Bombons de sonhos na fresca alma.

Este é o outono que satisfaz,

E traz certezas de alegrias;

Na vida plena de densa paz,

Onde o moleque é nostalgia.       

    *J.L.BORGES

ESCRITURAS SAGRADAS

ESCRITURAS SAGRADAS

Enquanto Buenos Aires re-lê Borges,

Porto Alegre faz ensaios de Quintana;

Lá no alto a Cruz Alta desvairada,

Lê de Veríssimo novelas doidivanas.

Foi num livro de Remarque que Berlim,

Das cinzas voou para o infinito;

E Lisboa nesta forma lusitana,

Descobriu de Camões o que é bonito.

Nas estórias de Cervantes foi que Madri,

Viu em Sancho a humildade de seu povo;

E os causos de Monteiro, o Dom Lobato,

São Paulo é uma criança a ler de novo.

Nas vielas milenares foi que Atenas,

Descobriu em Pitágoras o Eldorado;

E Guaíba num recanto do Rio Grande,

Leu em Jorge Luis o seu passado.

 *J.L.BORGES






ESCRITORES

ESCRITORES

Enquanto Bueno Aires suspira e re-lê Borges,

Porto Alegre faz ensaios de Quintana.

Lá no alto a Cruz Alta desvairada,

Lê novelas indecifráveis de Veríssimo.

Foi num livro de Remarque que Berlin,

Das cinzas voou para o infinito.

Em São Paulo da garoa Paulo Coelho,

No nordeste os poetas de cordéis.

A velha Lisboa  lusitana,

Descobriu boas rimas de Pessoa.

Nas vielas milenares de Atenas,

Platão inspirou estatuas nuas.

E no sul, num cantinho da lagoa,

A jovem Guaíba descobriu Jorge LuisBorges.

O Rodrigues...

   *J.L.BORGES

HADES

HADES

A noite sombria envolve o errante,

Que anda sozinho sem pensar em nada;

Tropeça em pedras e tomba na estrada,

Entrada do inferno, seus tristes instantes.

Seus sonhos perderam-se nas portas do inferno,

A noite escura não sai de sua alma;

Perdeu o sossego, morreu sua calma,

Seus dias são negros, só chuvas de inverno.

Somente o inferno é o seu futuro,

Sem paz, nem sorriso, perdeu sua calma;

Morreu sua pureza, perdeu sua esperança,

Chorando nos cantos da noite escura.

    *J.L.BORGES

O PREGADOR

PREGADOR

É preferível ser um pobre rico de sabedoria,

Do que um milionário idiota;

O idiota é tolo, é cego,pobre de espírito,

Um verme rastejante no universo,

Prisioneiro do caos, herdeiro do inferno.

     *J.L.BORGES

ZANGÃ0

ZANGÃO

Essas mulheres,

Que suavizam,

O fel,

Deste apaixonado,

Coração;

São as abelhas,

Em busca,

Do mel;

Eu sou,

Zangão.

*J.L.BORGES

HAREM

HAREM

Essas mulheres,

Desinibidas;

São as cativas,

Da ilusão.

Em meu lençol,

Eu sou o sol;

Elas amantes,

Da solidão.

Essas mulheres,

Que suavizam,

Minha tristeza,

Me querem bem.

E eternizam,

Neste momento;

O deus profano,

Neste harém.

*J.L.BORGES

SOLIDÃO

SOLIDÃO

Um papel em branco,

Um quarto vazio;

Na sala alguns discos,

Um rosto sombrio.

Cinzeiros sem manchas,

De batons e cigarros;

Uma tela de Gog,

Sem tons nem reparos.

Assento suspenso,

Mobílias em cacos;

Na moldura Suíça,

Um jovem retrato.

Objetos estranhos,

É o tudo que resta;

Da esguia ilusão,

Restou uma fresta.

E a solidão,

Está a meu lado;

Ruídos medonhos,

Me vem do passado.

São fitas de vídeos,

Daqueles momentos;

Que foram embora,

Fugiram no vento.

A brisa de outrora,

De brigas e ciúmes;

Daquela mulher,

Sobrou só perfume.

E assim eu me vejo,

No chumbo momento;

Um homem sozinho,

Neste apartamento.

J.L.BORGES

MUNDO PARALELO

MUNDO PARALELO

Se aqui eu te amo,

E te espero meu bem;

Noutros mundos te chamo,

E te quero também.

Se aqui eu te amei,

Te chamei de querida;

Percebi que gostei,

De você em outra vida.

Foi assim deste jeito,

Vi que te conhecia;

Num amor tão perfeito,

Que há tempos sentia.

Te encontrava em meus sonhos,

Nesta densa saudade;

Numa forma medonha,

Nesta realidade.

E assim te encontrei,

Nesta tarde tão fria;

De amor te chamei,

Por que te conhecia.

  *J.L.BORGES


AMOR

AMOR

Amor, palavra tangente,

Primo-irmão da solidão;

Vontade que chega ardente,

Devassa o coração.

Amor, triste sentimento,

Na alma do sonhador;

Semente solta ao vento,

Germinando triste flor.

Amor, uma tênue palavra,

No dicionário da vida;

Uma erva que não se lavra,

É larva adormecida.

É assim que o conheço,

E o tenho junto comigo;

Paixão cruel sem ter preço,

Recomeço do castigo.

   *J.L.BORGES

A BADERNEIRA

A BADERNEIRA

Vós chegastes,

Fazendo baderna em meu coração,

Na caserna da minha alma,

Bebestes o melhor vinho,

E me deixastes sozinho,

Nesta solidão.

Eu te vi,

No berrante de meu pensamento,

Igual garça solta ao vento,

Cheguei devagarzinho em ti,

E vós me possuístes,

Nesta graça do momento.

Foi assim que te amei,

Feiticeira mulher,

Que esta aqui;

Vejo-te assim,

No escuro desta noite,

Esta paz que vem a mim.

Vós chegastes,

Fazendo baderna em minha vida;

Na caserna de meus pensamentos,

Bebestes a melhor bebida,

Ficastes nesta mesa, e a tristeza,

Ficou a meu lado, solta ao vento.

   *J.L.BORGES

BICHO HOMEM

BICHO HOMEM

O homem é o dinossauro moderno,

Pouco constrói neste mundo;

Mas este mundo destrói;

O homem é pior que traça,

Castra os sonhos e a alma roí.

O homem é primo do caos,

Mata e mal sabe gerar;

O homem, qual é a do homem?

Destruiu um paraíso,

Para um inferno aqui deixar.

Dizem que o homem é o câncer,

Neste universo é a peste;

É pior que doença pegada,

Suga a vida pouco-a-pouco,

Não vale a pele que veste.

O homem é vírus sem cura,

Não vale a bóia que come;

O desespero de Deus,

E a alegria do diabo,

É o bicho chamado homem.

  J.L.BORGES

UMA LUZ EM MINHA VIDA

UMA LUZ EM MINHA VIDA

Uma luz entrou em minha vida,

Iluminando o meu modo de viver;

Era cego, uma ovelha tão perdida,

Com esta luz descobri o que é viver.

Minha vida era noite tão escura,

Bem distante de um bom domingo a tarde;

E neste mar agitado e sem ternura,

Era naufrago nesta densa tempestade.

Mas porem esta luz aqui chegou,

Igual estrela branda do oriente;

Veio mansa e em meu coração ficou,

Inundando de amor o meu presente.

Num breve tempo descobri a boa nova,

E esta estrela imortal de meu Jesus;

O seu amor e a sua bondade é a prova,

Na luminescência verdadeira de sua cruz.

Agora eu sei que Jesus é esta luz,

Que entrou de mansinho em minha alma;

A presença do bom Deus, e a sua cruz,

É o cajado que ampara e me dá calma.

 J.L.BORGES




CANTO CAMAQUENSE

CANTO CAMAQUENSE

Este canto de saudade que hoje faço,

Faz lembrar o meu rancho de capim;

Faz lembrar desta prenda adorada,

Esta amada que está junto de mim.

É um canto de amor e de ternura,

Que devora estas horas de bons tragos;

Junto a prenda abro o bucho da sanfona,

E imagino nesta canção meu lindo pago.

Sou gaúcho, homem simples desta terra,

Sou camaqüense, de suor, de lagrima e sangue;

Neste canto eu repinto a minha terra,

Sou das barrancas do Camaquã, este Rio Grande.

Por nada troco minhas origens, e a chinoca,

Sou de Camaquã e dou valor a este torrão;

Chimarreando os verdes campos de meu pago,

Vou cantando de mansinho esta canção.

Este canto camaqüense de saudade,

Onde a distancia não é nada para mim;

E nestes versos eu recordo a toda hora,

A minha terra e o meu rancho de capim.

 J.L.BORGES

UMA FLOR EM MEU RANCHINHO

UMA FLOR EM MEU RANCHINHO

Quando olho pra minha prenda,

Dá vontade de voar;

Conhecer gente que entenda,

E também saiba sonhar.

Doce prenda que me abraça,

Ela é dona do ranchinho

Faz denguinho, faz pirraça,

Quando está junto no ninho.

Seu olhar de mulher linda,

Ilumina o meu torrão;

A paixão que nunca finda,

Invadiu meu coração.

Quando olho pra chinoca,

Dá vontade de cantar;

Me provoca quando toca,

Em meu corpo e quer amar.

É por isso que eu a quero,

Sempre e sempre junto a mim

A respeito e a considero,

Terna flor em meu jardim.

*  J.LBORGES


UMA DEUSA CHAMADA CHUVA

UMA DEUSA CHAMADA CHUVA

A deusa chuva consagra a terra,

Com suas bênçãos de felicidade

As relvas emergem nesta primavera,

Com esplendor e felicidade.

A deusa chuva batiza o viajante,

Homem errante deste mundo belo;

As suas gotas, eternos diamantes,

Nestes instantes de prazer singelo.

A deusa chuva é a companheira,

De tantos deuses nesta criação;

Só ela traz esta verdadeira,

Fé que brilha em meu coração.

A deusa chuva é quem veste o mundo,

Com rios e mares, berços desta vida;

A onde o alimento é um bem fecundo,

Nesta existência, essência tão querida.

  J.L.BORGES

QUARTO SOLIDÃO

QUARTO SOLIDÃO

Risquei os teus discos,

Quebrei os teus pratos;

Tua graça, teu riso,

Tranquei em meu quarto.

Na cama vazia,

Joguei teus retratos;

Imagens sombrias,

No escuro do quarto.

E a minha alegria,

Meu sonho abstrato;

Sem paz, nem folia,

Tranquei neste quarto.

Manchei tuas blusas,

Com lagrimas de fato;

Minha alma reclusa,

Dormiu neste quarto.

Meu quarto de hora,

Meu quarto de sono;

A onde devora,

O teu abandono.

                              J.L.BORGES

OUTRO HOMEM

OUTRO HOMEM

Quando te conheci não imaginava,

Sentir meu coração bater igual criança;

Percebi que esta vida ainda é encantada,

E que ainda mora em mim um naco de esperança.

Quando te conheci voltou meus belos sonhos,

E vi dentro de mim jardins de diamantes;

Aquele eu sozinho, aquele eu tristonho,

Saiu dentro de mim, voltou o eu brilhante.

Quando te conheci tornei-me um outro homem,

A minha vida enfim encontrou o bom sentido;

Aquela solidão que chega e que consome,

Saiu dentro de mim, d ti eu sou cativo.

Por isso que te gosto, mulher de minha vida,

Tu es minha paixão, o amor que eu esperava.

Tornei-me um outro homem, e tu minha querida,

A fada de meus versos, mulher que eu sonhava.

 J.L.BORGES









ONDE VOCÊ ANDA

ONDE VOCÊ ANDA?

Onde você anda,

Mulher que um dia amei,

Em que labirintos se escondestes?

Eu nunca mais te encontrei.

Por onde você anda,

Que nunca mais apareceu;

Que estrada te engoliu,

Em que lugar você se meteu

Chegaste de repente aqui,

Igual cometa, estrela doida do infinito;

Mostraste-me que a vida é bela,

E estes momentos tão bonitos.

Mas num repente feito uma cadente,

Estrela decadente fostes embora;

Deixando-me aqui tão só,

Por onde andas agora?

                           J.L.BORGES


O DIABO E O DINHEIRO

O DIABO E O DINHEIRO

Para anular a caridade que Deus criou,

O diabo inventou o dinheiro;

Para tornar caótica a paz que Deus semeou,

O diabo defecou o desespero.

O dinheiro é a raiz do mal,

A semente que germina só pra destruir

A nossa corrupção é este vil metal,

Semente que prospera só pra regredir.

Para anular o bem, esta sã semente,

O diabo inventou a tal ganância

Onde o dinheiro é a vertente,

Sem paz nem esperança.

J.L.BORGES