quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

SAUDADE DA BELA

SAUDADE DA BELA

Tenho saudade daquela,

Que partiu sem dar adeus;

Hoje choram os olhos meus,

Choram saudades da bela.

Chorei meus olhos todinhos,

Todinho chorei por ela;

Ai! Que saudade da bela,

Saudade do nosso ninho.

Hoje estou aqui sozinho,

Meus olhos choram por ela,

Choram a falta de carinho.

Carinhos que vinham dela,

Quando estava aqui no ninho,

Ai! Que saudade da bela.

                              
 *J.L.BORGES

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

VESTIDO AZUL


VESTIDO AZUL

Este vestido aqui pendurado,

Solitário e jogado em um canto qualquer,

É um vestido azul desbotado,

Que um dia envolveu a mulher,

Aquela que eu julgava ser a minha querida,

Ser sempre o meu bem querer.

Pobre vestido azul decotado,

Que certa vez foi do meu amor,

Vestido aqui esquecido, pois ela partiu,

Foi embora e eu desprezado,

Estou sozinho, eu e minhas lembranças,

Trancado neste armário de dor.

Eu quero jogar ele fora,

Uma faxina em meu quarto farei,

Uma faxina em meu coração;

Mas como joga-lo? Se ele abrigou a mulher,

Aquela que sempre amarei,

Mas que de presente me deu solidão.

Pobre vestido azul desbotado,

Desprezado como eu por aquela,

Mulher, e como eu aqui jaz em vão jogado,

Neste catre onde bebo, nesta cela,

Onde sorvo meus medos e esta saudade,

Nefasta saudade que tenho por ela.

*JORGE LUIS BORGES

domingo, 24 de fevereiro de 2019

TEMPESTADE NEGRA


TEMPESTADE NEGRA


Tempestade negra, densa tempestade,

Ventos de inverno a beijar meu corpo;

Língua de fogo que minha alma arde,

Em brancos lençóis a me dar conforto.

Tempestade negra, tempestade densa,

Vulto que me olha e depois me beija;

Fico com saudade sem tua presença,

O meu corpo arteiro tanto te deseja.

Densa tempestade, tempestade negra,

Olhar de felina ensaiando botes;

Sempre a minha procura porque nunca negas,

O seu bocejar neste meu conforto.

Tempestade negra, densa tempestade,

Montes volumosos me mostrando noites;

Língua de enguia, eletricidade,

Me acariciando nestes fartos açoites.

Noite densa e negra nesta tempestade,

Onde o meu inverno se envolve em ventos;

Suspiros de desejo que meu peito invade,

Tornando bem melhor estes bons momentos.

                                      
*J.L.BORGES


sábado, 23 de fevereiro de 2019

NOSSA ETERNIDADE


NOSSA ETERNIDADE

Um dia perderei minha juventude,

Perderei meu vigor;

Perderei minha saúde,

Mas nunca perderei o meu amor.

Meu amor por você,

Continuará sempre assim;

Eterna chama a aquecer,

Sem nunca ter fim.

E a eternidade chegará em nos,

Serena...Suave...Calma;

Trazendo o balsamo da sua voz,

A musica da minha alma.

                                     
*J.L.BORGES

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

NOITE

NOITE

Um caco de lua,
Perdida no ar;
Um cheiro de acre,
Um cheiro de mar.

Na escuridade o vento,
Na terra a uivar;
Uma dor, um lamento,
Uma coruja a piar.

A débil luz,
Fraca, amarela;
A porta fechada,
Trancada a janela.

A dor da partida,
Uma estrala a brilhar;
O radio fanhoso,
Alguém a chorar.

A noite que chega,
Seus cheiros no ar;
Murmúrios da noite,
Alguém a sonhar.
                             
*J.L.BORGES

*Poesia publicada no vôo independente nº 5 
AGEI-P.Alegre
Ano de 2006-feira do livro

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

BARQUINHO A NAVEGAR


BARQUINHO A NAVEGAR

Qual o motivo de te amar, querida,
Qual o motivo de gostar-te em vão;
De ter-te sempre em meu coração,
E tão longe e tão distante da minha vida?

Se soubesse o motivo deste amor,
Certamente te amaria muito mais;
Porque sei que necessito de tua paz,
Tanto quanto necessito desta dor.

Este amor que me consome me alimenta,
Me dá forças pra sonhar e te amar;
Me dá forças para igual barco navegar,
Em teu mar sem ter medo de tormenta.

E assim vou seguindo minha vida,
Vou seguindo minha vida a te adorar;
Na esperança de um dia conquistar,
A felicidade que é você, minha querida.
                              

*Jorge Luis Borges

Guaíba - Rio Grande do Sul - Brasil



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

DEPOIS DA CHUVA

DEPOIS DA CHUVA


A chuva molha a parda grama,

Escorre sinuosa no fio da rua;

Parece flores de uma alma densa,

E a paz propensa se insinua.

Nos arvoredos os passarinhos,

Em gritaria fazem a festa;

Bandos alegres saem dos ninhos,

Em revoadas fazem serestas.

Tanta alegria, e a chuva cai,

Sem cobrar nada, sem reclamar;

Um belo dia de umidade,

Felicidade paira no ar.

E o dia canta, recanta o dia,

A boa chuva molha as calçadas;

Quanta alegria depois da chuva,

Almas sedentas, hoje lavadas.

                                         
*J.L.BORGES



terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

MUJER DE LOS SUEÑOS MIS

MUJER DE LOS SUEÑOS MIS

¿Donde esta ella? No la encuentro,
No la veo en mi cuarto, ni en mis llantos.

¿Donde esta ella? Mujer encantada,
Mi locura, tortura y nada más.

Sólo la veo en mis sueños,
En las noches en que duermo;
Pero en el insomnio,
Ella huye de aquí.

Sólo el beso en mis sueños,
En mis noches de sueño;
Sin embargo,
No la veo aquí.

¿Donde esta ella? La mujer de mi vida,
Mi desesperación, mi esperanza.

¿Donde esta ella? Yo nunca la veo,
Sólo tengo recuerdos y un loco deseo.

Recuerdos de los sueños que tengo con ella,
Mujer que me agrada y enciende la pasión;
Al cerrar mis ojos la veo delante de mí,
La veo en mi mente y en mi corazón.

Pero cuando abro los ojos por mí pasa,
Igual humo, de mí se va;
Es triste estas horas, las horas que acuerdo,
Y tengo a mi lado sólo la soledad.

¿Donde esta ella? El amor de mis sueños,
En el triste abandono la inspiración.

¿Donde esta ella? Sólo oigo el silencio,
Estando despierto la voz de la razón.

Yo quiero tenerla, necesito dormir,
Si no voy a morir de tedio y de nostalgia;
¿Donde esta ella? Mujer de mis sueños,
¿Ha existido aquí en el presente?

No sé, pero quería tenerla conmigo,
Pero mi castigo es tenerla en sueños;
Los sueños que tengo solo en mi cuarto,
De hora y de sueño y amor envolvente.

¿Donde esta ella? La mujer de mi vida,
La paz inhibida e inconsecuente.

¿Donde esta ella? Mujer de mis sueños,
¿Está por ahí, o sólo en mi mente?

                                               
*J.L.BORGES

SONHO


SONHO


Sua voz é musica no ar,

Tudo é real quando estou com você;

O seu jeito de ser nesta forma tão doce,

Faz mostrar que a vida é assim.

Até acho que estou te amando,

O meu sonho maior é você;

A sua forma singela de ser,

De me envolver nesta ânsia de amor.

Só me encontro quando estou com você,

E este sonho tão lindo me faz;

Perceber que o amor é assim,

Sentimento que me faz ser maior.

Vem pra mim, eu só quero você,

Acordar com você a meu lado;

E descobrir que este sonho encantado,

É real quando estou com você.

                                        
*J.L.BORGES

domingo, 17 de fevereiro de 2019

CASA DE AÇUCAR


CASA DE AÇUCAR

Roubei-te uma vez um beijo,

Hoje quero devolver-te;

Recheado no desejo,

E a vontade de aquecer-te

Entre fontes de venturas,

Sorvi teu doce de mel;

Entre montes e loucuras,

Levitei, subi aos céus.

Em montanhas de rubis,

Flutuei igual abelha;

Fiz minha colméia em ti,

Em teu fogo, minha centelha.

Minha casa agora amor,

É uma casa com açúcar;

Decorado com tua flor,

Baby darling, oh my sugar!

                                    
*J.L.BORGES

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

PAROLE AL VENTO

PAROLE AL VENTO

Parole incastonate nel fondo dell'anima,

Non mi dicono nulla, mi hanno solo ferito il mio karma.

Parole vaganti, disperse nel vento,

Un falso luccichio di dolore e lamento.

Parole invano nelle fessure della vita,

Un'illusione nera, una fragranza perduta.

Parole esposte alla fine del messaggio

Disformato e imposto, senza parole.

Parole sigillate in punti di riferimento e finestre

Non si zittiscono, non si lamentano, sono solo infradito.

Parole ... Parole, solo parole,

Semi sterili, un mucchio di vermi.

* J.L.BORGES

AMARGA REALIDADE

AMARGA HERANÇA

Pássaros de metal

Nas florestas de concreto;

Rasgando este céu chumbo,

Que chora lagrimas acidas.

Um rio chamado asfalto,

Me rasga estas entranhas;

Entranhas amareladas,

Já gasta pelo tempo.

De pés descalços e ofegante,

Me vem este presente;

Olhar o lago triste,

Afogado em vidas mortas.

Metais, concretos e líquidos,

Liquidam a realidade;

Herança a nossos filhos,

Herdados de meus pais.

                                 
*J.L.BORGES


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

AUSENCIA


AUSENCIA

Na distancia dos teus olhos,

Sonho com tua presença;

No silencio das minhas noites,

Tua voz e esta ausência.

Na cadencia dos teus beijos,

Me sufoco em pensamentos

Me tortura a ansiedade,

Solidão dos meus momentos.

Quando não tenho o sorriso,

Dos teus lábios adormeço;

E junto com a saudade,

Quase sempre amanheço.

Meus dias são frios e tristes,

Escassos de inocência,

Minha vida é tão vazia.

Sonho de noite e de dia,

Com tua presença amiga,

Afastando a longa ausência.

                            
*J.L.BORGES

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

NOSSO AMOR


NOSSO AMOR

Quando estou com você,

O tempo dorme,

O vento acalma,

E o rio escorre,

Nas entranhas suaves,

Do nosso amor...

Quando estou com você,

A lua chora,

A alegria mora,

No coração...

Quando estou com você,

As estrelas se escondem,

Com muito ciúme,

Não sei a onde, mas sei que é,

Por nossa causa.

Quando estou com você,

O mar se acalma,

Em nossa alma, e o universo,

Resplandece em sua face.

                                
*J.L.BORGES


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

MOÇA BONITA

MOÇA BONITA

Cabelo molhado,

Corpinho malhado,

E calça de brim;

Sorriso bonito,

E o jeito esquisito,

Distante de mim.

Que pele morena,

Que boca pequena,

Num meigo sorriso;

Se olho pra ela,

A vida é mais bela,

É a paz que aliso.

Vem, moça bonita,

Que a vida é infinita,

É um belo jardim;

Cabelo molhado,

Corpinho malhado,

E calça de brim.

                                   
 *J.L.BORGES

domingo, 10 de fevereiro de 2019

A ROCHA E A VAGA

A ROCHA E A VAGA

Te quero perdidamente na poeira deste olhar,

Que sonha flores, campos e jardins;

Te espero igual pássaro neste teu pomar,

De faustos frutos, luzes e querubins.

É tudo lindo quando estou contigo,

O vento...Nuvens...Céu ensolarado...

Até sorrir, cantar até consigo,

Entoando em ti, carente e apaixonado.

Mas esta paixão que sinto me apavora,

Me dá vontade de fugir, sair voando;

Este teu olhar de amor minha senhora,

Em noites escuras é folha esvoaçando.

O meu querer é grande, igual ao teu,

Paixão ardente que jamais acaba;

Te quero amor, talvez bem mais que a Deus,

Neste mar de desejo tu és a rocha, eu sou a vaga.

                                   
 *J.L.BORGES

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

O TREM


O TREM

Rosas brancas no adeus,

Lagrimas na despedida;

No leito repousa a vida,

Luzes que pedem passagem.

Lá na curva vem o trem,

Vai levar a outro lugar;

Vidas que querem outras vidas,

Sem terem hora para voltar.

Vejo orvalho em teus olhos,

Suspiros nos lábios teus;

Mais uma vez outra viagem,

Outra vez um triste adeus.

O velho trem vai partindo,

Ao longe se ouve o apito...

Parece longa a viagem,

Mas é necessário a passagem de volta.

                                     
*J.L.BORGES

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

O TERCEIRO OLHO


O TERCEIRO OLHO

O homem tem três olhos;

O primeiro olho é o da sabedoria,

Intocável,

Invisível.

Os dois palpáveis,

São os da visão.

                                   
 *J.L.BORGES

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

VIDA PEQUEÑA

VIDA PEQUEÑA

El pan nuestro es el regalo del ahora,
El pan de ahora nunca es el de mañana;
En verdad, en verdad, mi amigo,
La codicia es una ilusión efímera y vana.

En esta prolífica realidad de vivir,
Se llega a atormentar amigo;
En verdad de verdad te digo,
En esta vida, el eterno es el placer.

En este sentido,
Para conquistar con certeza y de verdad;
Tenga que despojarse de todo, y donarse,
A este mundo de penar y de sufrir.

En esta vida ingrata, vida efímera,
Vale la pena es el vivir despreocupado;
Sin sufrir con los minutos ya pasado,
Ni con el mañana que esta lejos, alma pequeña.
                   
* J.L.BORGES

ANJO


ANJO

Eu tenho um anjo que me protege,

Que não me impede de ser feliz;

Se estou triste me dá sorriso,

E no escuro me envolve em luz.

Eu tenho um anjo na minha casa,

Que abre as asas, me dá conforto.

É um bom amigo, sempre a meu lado,

Nas tempestades meu calmo porto.

É um anjo bom, paciente e amigo,

Que se entristece se fico triste,

A onde vou sempre vai comigo.

É um bom anjo que sempre insiste,

A me dar afagos, me dar abrigo,

E se entristece se fico triste.

                                      
  *J.L.BORGES

sábado, 2 de fevereiro de 2019

PAIXÕES OU LOUCURA


“PAIXÕES OU LOUCURA”

Eu nunca amei ninguém,
Nunca amei verdadeiramente;
Porem todo o dia me apaixono,
De um modo diferente.

É uma loucura as paixões,
Que rasgam meu peito;
Me fazem perder o sono,
Eu fico assim de um jeito...

Um jeito esquisito,
De alguém que nunca amou;
Eu nunca amei de fato,
E apaixonado estou.

Confundo minhas paixões,
Com meus medos mais antigos;
Amores que não dei,
E nem foram resolvidos...

*J.L.BORGES


EU GOSTO DE VOCÊ


“EU GOSTO DE VOCÊ”

Eu gosto de você,
Como a abelha gosta da flor,
Como a flor gosta da chuva,
Como a chuva gosta das nuvens,
Como as nuvens gostam do céu,
Como o céu gosta do sol,
Como o sol gosta da noite,
Como a noite gosta do dia,
Como o dia gosta do sol,
Como o sol gosta do céu,
Como o céu gosta das nuvens,
Como as nuvens gostam da chuva
Como a chuva gosta da flor,
Como a flor gosta da abelha,
Como a abelha gosta do mel,
Este mel que sai da sua boca,
Quando meus lábios seus lábios tocam...

*J.L.BORGES

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

REFLEXO NO ESPELHO


REFLEXO NO ESPELHO

Vejo rios que choram ácidos,

Vejo céus que jorram chumbo,

As estradas nos devoram,

Me apavoro e jorro lagrimas.

Das lavouras sorvo pães,

Recheios de agrotóxicos;

Pobre povo incoerente,

Tantas crianças sem mães.

Nos pomares do viver,

Vejo a inocência drogada;

Nos escombros desta vida,

Construímos quase nada

Vejo vermes rastejantes,

Nas estradas do morrer;

Vejo entulhos nas entradas,

Do nirvana a fenecer.

Vejo tudo tão errado,

Nos reflexos deste espelho;

E este mundo torto e errante,

Chora em meus olhos vermelhos.

Vejo no fundo do escuro,

Cachoeiras que escorrem magoas;

Abismos onde morrem as águas,

No trincado e fosco escuro.

                                         
*J.L.BORGES