COMÉDIA SEM FINAL
Você é o vinho que me embriaga,
Você é a maconha que me droga;
O cigarro a onde me agarro,
Despido de ilusão e de vergonha.
Você é o tédio, o tormento,
A veia dilacerada pela agulha;
Fagulha de um fogo que se apaga,
Você é a droga do momento.
Você é o frio que lá fora,
Me faz encarangar de frio;
Você é o meu louco desafio,
Começo de uma guerra sem final.
Meu freio é você, eu sou seu freio,
Na louca cavalgada o arreio;
Aquela que na paz e no sossego,
Faz outra bomba explodir.
Eu sou você na briga e no castigo,
Se tenho medo de você eu temo tudo;
Você é o meu escudo a minha muralha,
Você é a minha mortalha, eu não me iludo.
*J.L.BORGES
Gravatai.1988
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