terça-feira, 17 de julho de 2018

MISERÁVEIS

MISERÁVEIS

Pobres miseráveis que sou eu,

Jamais conhecerei Paris,

Só Floripa eu talvez conheça;

Trancado dentro da gaiola azul,

Neste quarto de pensão barata,

Onde ratos e baratas me observam.

Pobres miseráveis que sou eu,

Embriagado pelo cheiro de perfumes baratos,

Trancado neste catre mosqueado,

Miserável quarto de pensão barata,

Onde mosquitos e moscas,

Perturbam minhas noites sem dormir.

Pobres miseráveis que sou eu,

Miseráveis que mal conseguem sonhar,

(Mas quando sonham, são apenas pesadelos),

Por que os miseráveis não podem sonhar,

Só os ricos sonham,

E realizam seus sonhos, planos e projetos.

Pobres miseráveis que sou eu,

Apenas objeto e mais nada,

Nas mãos dos felizardos opressores;

E nós, por não sermos abastados,

Somos afastados da sociedade

Somos marginalizados, rejeitados, reprimidos.

Pobres miseráveis que sou eu,

Por ser miserável nem corrupto posso ser,

Sou prostituto!

Eu vendo meus calos e cansaços,

Nas mãos dos poderosos sou bagaço,

Pobres miseráveis que sou eu.

                                                    
 *J.L.BORGES

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