terça-feira, 17 de julho de 2018

HOMEM SÓ

HOMEM SÓ

Ao confins do inferno se confundem,

Quando a tristeza chega,

Trazendo consigo a solidão.

Nada é mais assustador,

Do que uma vida a caminhar só,

Sem poder olhar para trás.

Os homens sempre estão em fuga,

Numa louca caminhada,

Na busca do inatingível.

Pobre animal racional,

Confuso, sem poder pensar direito,

Sempre com o medo estampado no olhar.

Somente o universo não tem medo do futuro,

Pois o universo e esterno e indestrutível,

Melancólico como um lobo a uivar para a lua.

Cada segundo passado no infinito,

São mil anos passados aqui,

Numa busca constante de si mesmo.

Amanhã alguém trará no peito,

O insaciável desejo de não ficar só,

Depois do final de uma guerra nuclear.

Perdido as margens do rio Lena,

Curtindo sua solidão glacial,

Num imenso inverno siberiano.

  *J.L.BORGES

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