HOMEM SÓ
Ao confins do inferno se confundem,
Quando a tristeza chega,
Trazendo consigo a solidão.
Nada é mais assustador,
Do que uma vida a caminhar só,
Sem poder olhar para trás.
Os homens sempre estão em fuga,
Numa louca caminhada,
Na busca do inatingível.
Pobre animal racional,
Confuso, sem poder pensar direito,
Sempre com o medo estampado no olhar.
Somente o universo não tem medo do futuro,
Pois o universo e esterno e indestrutível,
Melancólico como um lobo a uivar para a lua.
Cada segundo passado no infinito,
São mil anos passados aqui,
Numa busca constante de si mesmo.
Amanhã alguém trará no peito,
O insaciável desejo de não ficar só,
Depois do final de uma guerra nuclear.
Perdido as margens do rio Lena,
Curtindo sua solidão glacial,
Num imenso inverno siberiano.
*J.L.BORGES
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