QUÊ BOM QUE ERA
Na minha infância oquê era engraçado,
Noites de chuva, céu estrelado;
Tempo de vento tão esquisito,
A lua nova no infinito.
Na minha infância sabia não,
Se era inverno ou era verão;
De noite frio, de manhã geada,
O sol ardente queimando a estrada.
No fim da curva os bambuzais,
Coruja e sapo, meus animais;
Jogo de cuspe, pedras no rio,
Cavalo e gato, gata no cio.
Naquele tempo a primavera,
Fazia flores por toda a terra;
E no outono tinha a joaninha,
Contos de fada, a carochinha.
Tinha uma igreja cheia de luz,
Cheio de santo, fantasma e cruz;
E a minha escola do bê a bá,
Quanta saudade que ela me dá.
A minha infância não volta mais,
Partiu voando, fiquei pra trás;
Só restou ventos de primavera,
Aquele tempo, que bom que era.
*J.L.BORGES
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