sábado, 26 de maio de 2018

CREPÚSCULO

CREPÚSCULO DE AÇO

Ouço bombas explodindo no horizonte,

Vejo vidas que não param de cair;

Sem futuro vejo o sol frio e sem calor,

No nefasto amanhecer a denegrir.

Todo o presente para de repente,

Sob a luz frigida das estrelas;

A paz hedionda toma conta do mundo,

Sinto frio, mas não consigo mais conte-la.

Sou um homem solitário no universo,

A fugir deste inferno celestial;

Nesta hora o presente é estático,

Explodem bombas, implode um riso glacial.

Com pressa de acordar vejo a vida,

Fugindo do inferno, indo embora;

Dá vontade de sonhar, mas não consigo,

O que será de nós amor, agora?

Dá vontade de sorrir, mas não consigo,

Não consigo reviver a esperança;

Dá vontade de chorar, mas não consigo,

Tenho inveja, tenho pena das crianças.

O meu mundo já não é aquele mundo,

De promessas, de paz e de futuro;

O meu mundo agora é amargo,

Corroído, idiota mundo obscuro.

A luz prisioneira não mais chega,

Fiquei perdido, estou amargo e infeliz;

Estou doído, estou doido e não consigo,

Afastar este crepúsculo que não fiz

    *J.L.BORGES

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