CREPÚSCULO DE AÇO
Ouço bombas explodindo no horizonte,
Vejo vidas que não param de cair;
Sem futuro vejo o sol frio e sem calor,
No nefasto amanhecer a denegrir.
Todo o presente para de repente,
Sob a luz frigida das estrelas;
A paz hedionda toma conta do mundo,
Sinto frio, mas não consigo mais conte-la.
Sou um homem solitário no universo,
A fugir deste inferno celestial;
Nesta hora o presente é estático,
Explodem bombas, implode um riso glacial.
Com pressa de acordar vejo a vida,
Fugindo do inferno, indo embora;
Dá vontade de sonhar, mas não consigo,
O que será de nós amor, agora?
Dá vontade de sorrir, mas não consigo,
Não consigo reviver a esperança;
Dá vontade de chorar, mas não consigo,
Tenho inveja, tenho pena das crianças.
O meu mundo já não é aquele mundo,
De promessas, de paz e de futuro;
O meu mundo agora é amargo,
Corroído, idiota mundo obscuro.
A luz prisioneira não mais chega,
Fiquei perdido, estou amargo e infeliz;
Estou doído, estou doido e não consigo,
Afastar este crepúsculo que não fiz
*J.L.BORGES
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