sábado, 26 de maio de 2018

CACOS

CACOS

Uma mesa de bilhar, suja e empoeirada,

Uma bola já trincada e alguns tacos;

Um copo de vinho quase sem nada,

Um coração triste, virado só em cacos.

Uma carta de baralho rota e rasgada,

E lá num canto uma mesa com alguns dados;

Uma vidraça logo em frente, fosca e quebrada,

Uma magoa, um amor tosco e apagado.

Um cachimbo já queimado pelo tempo,

Uma mariposa encostada no balcão;

Fria chuva embalada pelo vento,

Num recanto, esquecido um coração.

Doces sonhos de amor que foram embora,

Só deixando uma roleta que viciada;

Vai matando a ansiedade que outrora,

Fazia alguém amar bem mais a sua amada.

Da minha historia de amor nada restou,

A não ser um belo e triste conto;

Vou tomar mais um pileque, pois estou,

Tentando pelo menos só um ponto.

      *J.L.BORGES

Nenhum comentário:

Postar um comentário