terça-feira, 29 de maio de 2018

OS DONOS DO BRASIL

OS DONOS DO BRASIL

Enquanto os cães ladram lá fora,

Dentro deste peito bate um coração,

Sedento por amor e luz;

Eu sigo tateando por labirintos,

A procura do nada.

Nas tardes de um dia qualquer,

Algum banqueiro toma champanhe,

Em alguma mansão desta cidade,

E eu neste quarto de pensão,

Tomo cachaça e mais nada.

Neste circo nefasto e irreverente,

Eu sou apenas palhaço,

Tristonho arlequim nesta comedia nacional,

Fingindo rir das piadas enlatadas,

Em invólucros de algum comercial.

Tudo cheira a estrume nesta hora,

Teu radio, tua televisão mirabolante;

E a cada instante este chão em falso,

É apenas mais um pedaço do universo,

Feito sob encomenda para os donos do Brasil.

São tantos escândalos financeiros,

Tantos sonhos drogados por nada,

Que esta realidade só existe,

Nas manchetes inacabadas dos jornais,

Que a própria censura consentiu.

 *J.L.BORGES

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