ASAS DA LIBERDADE
Todos os rios nos levam a um mesmo caminho,
Numa fuga constante na busca do nada;
Todos os sinos badalam ao anoitecer,
Depois de uma tarde cansada.
Todos os hinos repetem uma mesma canção,
Que fala de ilusão, de asas a ruflar;
Enquanto os meninos tropeçam na escuridão,
Os ventos retornam ao mesmo lugar.
Toda a paz sem nexo tem seu final,
Toda a destruição tem seu preço;
A morte chega sem sinal,
Onde a solidão tem seu começo.
Toda a ilusão tem um sentido,
A ilusão é o próprio infinito;
Onde se fundem o moderno e o antigo,
E o feio é a harmonia do bonito.
Esta dor humana terá fim,
Quando a flor sustentar o seu perfume;
Quando o tédio encontrar o seu remédio,
Quando o amor perder o seu ciúme.
Tudo na vida passa devagar,
E a luz da liberdade chega até nos;
Esta sorte não me basta, eu vou gritar,
Eu preciso ouvir a sua voz.
*J.L.BORGES
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