quinta-feira, 24 de maio de 2018

ASAS DA LIBERDADE

ASAS DA LIBERDADE

Todos os rios nos levam a um mesmo caminho,

Numa fuga constante na busca do nada;

Todos os sinos badalam ao anoitecer,

Depois de uma tarde cansada.

Todos os hinos repetem uma mesma canção,

Que fala de ilusão, de asas a ruflar;

Enquanto os meninos tropeçam na escuridão,

Os ventos retornam ao mesmo lugar.

Toda a paz sem nexo tem seu final,

Toda a destruição tem seu preço;

A morte chega sem sinal,

Onde a solidão tem seu começo.

Toda a ilusão tem um sentido,

A ilusão é o próprio infinito;

Onde se fundem o moderno e o antigo,

E o feio é a harmonia do bonito.

Esta dor humana terá fim,

Quando a flor sustentar o seu perfume;

Quando o tédio encontrar o seu remédio,

Quando o amor perder o seu ciúme.

Tudo na vida passa devagar,

E a luz da liberdade chega até nos;

Esta sorte não me basta, eu vou gritar,

Eu preciso ouvir a sua voz.

*J.L.BORGES

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