quarta-feira, 30 de maio de 2018

NOCTURNO

NOCTURNO

A lua dorme

Envolta

Em lençóis de estrelas,

O grilo canta

Uma canção

Triste e melosa.

A lua esguia

Solitária e prosa

A um vulto espia

Do outro lado

Da cidade.

O gato mia

E o cão ladra

Para a lua

Enquanto nuvens

Choram prantos

De saudade.

Por quê elas choram?

Eu não sei

E ninguém sabe,

Talvez por alguém

Que partiu

Deixou saudades.

Um vagabundo

Cambaleante

Em loucos sonhos

Flutua                              

A madrugada

Na imensidão                        

Chega lenta e atrevida

Da longa rua.                         

E a noite    

O seu trajar                            

Que já descansa

Luto-mosqueado                   

Boceja despercebida.

Traz lembranças                    

O orvalho úmido

De alguma tarde                    

Beija praças

De ternura.                           

Vidraças e avenidas,

                                             
Enquanto a janela

Do amanhã

Da sua graça.

*J.L.BORGES.
2004

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