quarta-feira, 9 de maio de 2018

JONÓRIO, O SIMPLÓRIO ×

“JONÓRIO, O SIMPLORIO”

         Jonório tinha um sonho, conhecer a cidade grande que tanto os caixeiros viajantes falavam quando passavam no seu ranchinho e eram brindados com canecas de agua fresca da cacimba e uns bons pratos de feijões mexidos acompanhados de torresmo.

         De tanto falarem, Jonório começou a matutar, imaginando um jeito de conhecer a tal cidade grande, proza vem, proza vai com a dona Zefa, e após muita mateada nas frescas  manhãs de fevereiro ele resolve se aventurar nesta tão sonhada viagem, a jornada de sua vida, uma aventura que antigamente ele nem cogitava em pensar.

         Algumas semanas é o suficiente para Jonório se preparar a este magnifico e tão sonhado passeio, algumas cumbucas de agua fresca, pois vivente que se presa tem que ter agua de sua cacimba para o mate amargo,outras aguas podem ter o tal de virus da chicungunia, zica virus, sei lá, nomes esquisitos que os medicos da cidade grande apelidartam para aquele mosquitinho que anda por ai picanto os desinfelizes,tem tambem que levar umas cevaduras de erva mate, rapadura para acompanhar o chimarrão, alguns nacos de fumo em rama e charque a vontade, este itens já eram o suficiente para a viagem, então chega o sonhado dia, ele encilha seu pingo amigo, afaga o cusco que teimava em o seguir,afaga tambem a chinoca, pois ela tambem e filha de Deus,a pobrezita entre suspiros e lagrimas, um breve adeus, e lá se vai o Jonório.

         Ele com a certeza que sua aventura seria inesquecivel, pois como os caixeiros viajantes tanto falavam, a tal cidade grande tinha umas cem casas, todas com cerca e portão, sei la pra que isso? Pensa o Jonório, tem tambem um grande aramazem que vende de tudo, até saco de feijão e de arroz, de tudo mesmo, disseram os caixeiros que lá tinha uma igreja, bem em frente a uma praça da cidade, que cabe mais de cem pessoas, bem diferente da capelinha lá da grota.

         Os caixeiros viajantes ainda disseram pro Jonório que lá tem um grande campo onde as pessoas nos domingos vão ver um bando de homens de calçao e camiseta correrem atras de uma bola de couro de boi, coisa esquisita pensa ele, tem tambem uma coisa alta chamada de antena, disseram que era pra levar imagens para uma caixa grande que ficava nas salas dos ricaços da tal cidade grande, o nome tambem e esquisito ele esqueceu qual era.

         Lá tambem tem umas carroças estranhas de lata, algumas com quatro rodas de borracha, outras com mais pra carregarem as pessoas, não precisam de cavalos para puxa-las, só um homem torcendo pra ca e pra lá uma coisa redonda, os caixeiros viajantes disseram que tem mais de vinte por lá, parecem uns bicho de lata, ele doido para conhecer este bichos.

         Enfim, tanta novidade que Jonório chega a ficar tonto só de pensar, e faceiro da vida lá vai ele pela estrada empoerirada montado em seu pangaré rumo a tal cidade grande.

                                                                            *J.L.BORGES

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