segunda-feira, 27 de novembro de 2017

QUE BOM QUE ERA


QUÊ BOM QUE ERA

Na minha infância oquê era engraçado,
Noites de chuva, céu estrelado;
Tempo de vento tão esquisito,
A lua nova no infinito.

Na minha infância sabia não,
Se era inverno ou era verão;
De noite frio, de manhã geada,
O sol ardente queimando a estrada.

No fim da curva os bambuzais,
Coruja e sapo, meus animais;
Jogo de cuspe, pedras no rio,
Cavalo e gato, gata no cio.

Naquele tempo a primavera,
Fazia flores por toda a terra;
E no outono tinha a joaninha,
Contos de fada, a carochinha.

Tinha uma igreja cheia de luz,
Cheio de santo, fantasma e cruz;
E a minha escola do bê a bá,
Quanta saudade que ela me dá.

A minha infância não volta mais,
Partiu voando, fiquei pra trás;
Só restou ventos de primavera,
Aquele tempo, que bom que era.

*J.L.BORGES
Gravatai.1986

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