domingo, 26 de novembro de 2017

A PROSTITUTA E O MARGINAL

A PROSTITUTA E O MARGINAL

Se encontraram de repente,
Numa agreste madrugada;
Entre a foice e o martelo,
Entre a cruz e a espada.

Falaram de seus passados,
De seus escassos presentes;
Da fuga do precipício,
O principio da serpente.

Sorriram pos quase nada,
Cantaram naquele dia;
Testemunha do momento,
Febril de tanta magia.

Eles se amaram na relva,
Macia de um só verão;
Ela uma loba no cio,
Ele um calado leão.

Sem temerem mais o fundo,
Do túnel encontraram  luz;
Encontraram aquela espada,
Cravada ao lado da cruz.

  *J.L.BORGES
(1986)

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