O CONDÃO E O PUNHAL
Te sinto tão sozinha dentro de mim,
Consigo te beijar na solidão;
Me mancho e me desmancho neste amor,
Desejo que vem do coração.
Se sinto estes beijos não me acho,
Me perco estando longe de você;
Fragrâncias e espinhos que me destes,
Vontade de estar só com você.
Te quero cada vez estando longe,
Se estou perto sinto a tua solidão;
Misturas de palavras mal faladas,
Contadas entre o sonho e a ilusão.
És tudo que não fiz e que farei,
Estranha sempre pronta a me buscar;
Tamanho amor é este que não peço,
Sem nexo e este tédio a me embriagar.
Te sinto na ventura deste corpo,
Nas noites que te tenho sem dormir;
Minha fada, és minha bruxa encantada,
Teu condão é um punhal sempre a ferir.
*J.L.BORGES
Cachoeirinha.1986
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