FUNDO DE QUINTAL
Num opaco fundo de quintal,
Um desenho ruge numa tela;
Luz e sons de um cristal,
No mar este barco a vela.
São apenas pontos pintados em pontes,
Encravadas nas montanhas;
Planices, escarpas e montes,
Corais a correr entranhas.
Pingos áureos a luzir,
Entre planaltos e platôs;
Nas entranhas a perseguir,
Segue um arisco metro.
Montes pontos e pontes,
De uma pequenez tamanha;
Areias, desertos e fontes,
Incrustadas nas entranhas.
Terrestres, estranhas e frias,
De um universo a parte;
Sem ter tédio ou melancolia,
Cristal que nunca se parte.
*J.L.BORGES
Cachoeirinha.1986
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