MORENA
Teu corpo é profano,
Sedento e moreno;
No azul oceano,
Carente e obsceno.
Se bates à porta,
Fico alucinado;
Pois teu riso conforta,
De um jeito gozado.
Se estas na calçada,
Me lanço à teu encalço;
De mãos na estrada,
De esquina e despacho.
Eu vivo sofrendo,
Se estas distante;
Te amando e querendo,
Bem mais do que antes.
Ninguém me segura,
Quando ando contigo;
Na tua procura,
Eu sou o perigo.
Pois sou caçador,
Sou fera, sou caça;
No jogo do amor,
Eu sorvo esta taça.
Teu corpo é profundo,
Profano e pequeno;
Suor oriundo,
De um mundo moreno.
*J.L.BORGES
Cachoeirinha.1986
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