NUVEM
Vejo neste céu turquesa de Porto alegre,
Milhões de nuvens a flutuarem em desatino;
Ventos que sopram igual a um menino,
A correr pelos prados de nosso céu.
Um ponto escuro surge derepente,
É uma andorinha que vem do norte;
Trazendo alegrias e anseios desta gente,
Que procuram no futuro a sua sorte.
Relâmpagos riscando este céu,
A chuva que cai sem piedade à meu lado;
Raios a duelarem loucamente,
E eu aqui, a pensar, triste e calado.
Nuvens que levam meu pensamento,
Para muito alem, para o nordeste
Lá não tem nuvens, só lamentos,
Só mortes, secas e fomes, vidas agrestes.
Quisera eu ser uma nuvem,
Para poder pra lá levitar;
Eu juro por Deus que iria,
Lá de cima então chorar.
*J.L.BORGES
Porto Alegre.1983
Nenhum comentário:
Postar um comentário