METAMORFOSE
A natureza veste de flores,
O duro asfalto artificial;
A tarde arde com saudades,
Pois a alegria quer ir embora.
A tarde chora, e como chora!
Corre louca em desatino;
Igual um cão peregrino,
A buscar seu osso e gosto.
A natureza insiste,
Em colorir a estrada
Que vive tão sufocada,
Pelas fugas que os loucos fazem.
Eu sou louco e pescador,
Pois fugi com meu amor;
Tentando encontrar um rio,
Para pescar lambaris.
Pois cansei de jacarés,
De baleias e tubarões;
Quero só doce ilusões,
Para poder descansar.
*J.L.BORGES
Gravatai.1983
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