PANDORGAS DA INFANCIA
Da janela transparente,
Vejo uma paisagem amarela;
É o sorriso desta gente,
Sem presente e sem futuro,
Pois o tempo está escuro,
Anunciando uma grande chuva.
Esta gente desgastada,
Já não tem anseios e sonhos,
A esperança cariada,
Faz parte de um tempo estranho;
Aquele tempo da infância,
Que não voltará jamais.
Do meu quarto distraído,
Me distraio em um faz nada,
É cansativa esta estrada,
Que eu não quero me andar,
Já cansei de arar a terra,
E de ser agricultor.
E assim carrego o domingo,
Mateando e prozeando sonhos;
Pois da janela desta casa,
Vejo pandorgas e balões,
Longe, bem longe do meu alcance,
Mas ao alcance dos gaviões.
*J.L.BORGES
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