SOB O SIGNO DE PEIXES
Eu sou a alma do fogo,
Com medo da chuva;
O vento que beija leve,
As nuvens macias de algodão.
Eu sou a sombra da lua,
Brilhando no olhar vadio;
Sinistro olhar de um lobo,
Uivando na noite negra.
Sou o raio do trovão,
Rasgando as águas de março;
Que molham a noite escura,
Sem futuro e sem promessa.
Sou a sorte, sou a morte,
Nas estradas e calçadas;
O cotidiano teimoso,
Do moribundo inocente.
Sou a paz dentro da guerra,
A guerra dentro da paz;
Neste mundo que sufoca,
Sou o peixe dentro do rio.
*J.L.BORGES
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