O CÉU VERMELHO DA AMÉRICA DO SUL
Em todos os luares,
Desta América do Sul e luz;
Sou o vento beijando a cruz,
Perfume de alguns lugares.
No delírio da mocidade,
Desta América do Sul e cor,
Sou o fio da luz incolor,
No canto da eternidade.
Sou a voz cortante e estranha,
No trovejar de um canhão louco;
Sou o bum-bum de um tambor rouco,
Retumbando entra as montanhas.
Por todos os caminhos mal traçados,
Desta América do Sul infantil;
Sou os raios de um sol febril,
Testemunha seu passado.
Sou o céu beijando o seu,
Sorriso de mil estrelas;
Vontade de não contê-la,
Dentro deste peito ateu.
Em todos os presentes,
Desta América do Sul saudade;
Sou a escassa liberdade,
No olhar desta minha gente.
*J.L.BORGES
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