sexta-feira, 30 de novembro de 2018

HORIZONTE PERDIDO


HORIZONTE PERDIDO

R:F.R.B n°240

Vejo no céu o horizonte,

No horizonte o passado;

No passado vejo a rua,

A rua do meu passado.

A ponte dentro de uma ponte,

No bordel a dama nua;

Vejo num bar da minha rua,

O jogo do vinte e um.

Um lago em frente a minha casa,

Meu barquinho de papel;

Vejo um céu dentro de um céu,

Minha pandorga sem asa.

No fim da rua a ladeira,

Carrinhos de rolimã;

Vejo a menina faceira,

Com sua boca de maçã.

Lembro-me dos velhos amigos,

Povoando a minha rua;

A casa da luz vermelha,

Uma lua cheia de luas.

No quintal da minha casa,

Cinamomo e cerca-vivas;

Sarita, a mulher dama,

Bailando na minha avenida.

A casa do meu amor,

Pertinho da minha casa;

A igreja, o velho colégio,

O meu velho professor.

A estância do faz de conta,

O meu cavalo de pau;

Lembro-me também da menina,

Maluca menina tonta.

No vídeo tape dos sonhos,

Tremulam meus doces medos;

Mboi-tatá no escuro,

Infância dos meus brinquedos.

Que saudade da minha rua,

Rua eterna e imutável;

Sinto-me hoje tão distante,

Num futuro inviolável.

Revejo-me no vídeo tape,

O céu dentro de uma ponte;

A ponte do horizonte,

Perdido do meu passado.

                             

*J.L.BORGES


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