DELÍRIOS
Nas profundezas de meu inferno,
A teimosa paixão parece suspiros;
De velhos demônios misturas de vermes,
Rastejando em escombros de escuro delírios.
O verbo satã é um verbo encarnado,
A onde odiar e matar criaturas;
O ser descartável é um ser desejado,
Amado e odiado na sua loucura.
No fim do segundo a loucura que passa,
Te faz sentir graça e rasgar tua blusa;
Arranha o brilho que vem da vidraça,
Na forma nefasta, cruel e reclusa.
Te quero no inferno do amor depravado,
A onde o cruel é uma forma de amar;
Estar sozinho é estar a teu lado,
Numa forma imunda talvez de gostar.
*J.L.BORGES
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