quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O OBSERVADOR

O OBSERVADOR

Da janela de meu quarto,

O meu quarto de pensão;

O meu quarto de dormir,

É tudo sempre igual.

Ao longe o jornaleiro,

Brincando de jogar;

O mesmo cão vadio,

Latindo ao carteiro.

Na casa mosqueada,

O velho jardineiro;

O mesmo portão chorão,

E o pé de cinamomo.

Na esquina o pipoqueiro,

Conversa com o pedinte;

Um gato sorrateiro,

A negociar almoço.

A bondosa dona Eulália,

Sonhando em sua cadeira;

Cerzindo meias, lenços,

Pigarros do marido.

É tudo sempre igual,

Da janela de meu quarto;

Meu quarto de sonhar,

Meu quarto de dormir.

  *J.L.BORGES

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