O OBSERVADOR
Da janela de meu quarto,
O meu quarto de pensão;
O meu quarto de dormir,
É tudo sempre igual.
Ao longe o jornaleiro,
Brincando de jogar;
O mesmo cão vadio,
Latindo ao carteiro.
Na casa mosqueada,
O velho jardineiro;
O mesmo portão chorão,
E o pé de cinamomo.
Na esquina o pipoqueiro,
Conversa com o pedinte;
Um gato sorrateiro,
A negociar almoço.
A bondosa dona Eulália,
Sonhando em sua cadeira;
Cerzindo meias, lenços,
Pigarros do marido.
É tudo sempre igual,
Da janela de meu quarto;
Meu quarto de sonhar,
Meu quarto de dormir.
*J.L.BORGES
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