POBRES MISERÁVEIS
Pobres miseráveis somos nós,
Andando ao léu sem nada achar;
A vida antes suave é hoje algoz,
Mas culpar, a quem vamos culpar?
Dias de calor e tempestade,
Momentos de pavor e de degredo;
Os sonhos, pesadelos a meter medo,
A onde a solidão o peito invade.
Nos culpamos velhas culpas do passado,
Velhos pecados que hoje nos assolam;
Feras loucas que nas noites apavoram,
Entrando em nos livremente igual serpente.
Somos culpa, somos partes do passado,
Que idiotamente hoje cultuamos;
As sementes do passado que plantamos,
Hoje são florestas petrificadas.
*J.L.BORGES
Nenhum comentário:
Postar um comentário