CHUVA DE NOVEMBRO
A chuva cai lá fora,
Também na minha alma;
A chuva não me acalma,
Somente me arrasa.
A chuva cai lá fora,
Por sobre os telhados;
Saudade que não sai,
Meu eu desesperado.
A chuva cai lá fora,
Por sobre os jardins;
E os sonhos já molhados,
Não saem mais de mim.
A chuva cai e traz,
O amor tonto e cansado;
A paz imaginaria,
Inerte que não vem.
Assim a chuva cai,
Seus raios e trovoes;
São choques de ilusões,
Que o homem não comenta.
Perdido nesta ilha,
Sozinho e flagelado;
Meus nervos são uma pilha,
Na paz desesperada.
As sombras chegam em mim,
Apagam meu olhar;
O vento rasga a pele,
Mal dá pra agüentar.
Na tristeza desta gente,
A dor trava e não sai;
E a chuva ainda cai,
Depois que o sol calou.
Nos umbrais e nos portais,
A marca desta chuva;
Que vem, não traz a paz,
Somente um sonho negro.
A onde a esperança,
É um sonho e nada mais;
Na chuva que aqui cai,
Sufoca, e nada traz.
*J.L.BORGES
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