segunda-feira, 29 de outubro de 2018

ESSAS MULHERES

ESSAS MULHERES

Mortalhas na face queimada e sofrida,

Mulheres que a vida negou-lhes o futuro.

O pano escuro protege as mulheres,

Anônimas que andam em longas estradas.

São mãos calejadas em busca de paz,

Tristeza na face, desprezo e mais,

Um triste segredo na alma que vaga,

Buscando caminhos, ganhando degredo.

São tantas mulheres sorrindo futuros,

E ganhando escuros crescentes em suas vidas.

São fartas de lida e escassas em lembranças,

São almas crianças em busca de luzes.

Levando suas cruzes prosseguem as mulheres,

Caminhos de espinhos num mundo incoerente.

São essas mulheres que regem o presente,

Com panos na face e semblante carente.

Talvez a ternura até more com elas,

Mulheres singelas num tempo qualquer.

Semblante carmim na alma daquelas,

Que fazem da fera boa criatura.

Na guerra esta paz as vezes renasce,

Com panos na face flutuam em jardins.

*J.L.BORGES

Nenhum comentário:

Postar um comentário