terça-feira, 30 de outubro de 2018

DESPEDIDA


DESPEDIDA

Não quero ouvir o canto triste do rouxinol,

Nem sentir a chuva fria que cai lá fora;

Só quero a paz, quero o sorriso, a solidão,

Quero viver a minha vida, minha verdade que ri e chora.

Não quero ver os olhos tristes do meu amor,

Nem ver os olhos surpresos da minha irmã;

Só quero dar o meu adeus sincero, o meu adeus profundo,

Pois partirei, eu quero achar o meu amanhã.

Vou fugir, quero fugir e não mais voltar,

Adeus amor, adeus vida, adeus liberdade;

Vou trilhar um caminho escuro, talvez mais seguro,

Vou deixar também um pouco mais de saudade.

Tenho vontade de chorar, mas não consigo,

Só penso em tudo que aconteceu e não se apagou;

Não quero olhar este sol que agora se esconde,

Nem perseguir uma gaivota que a pouco voou.

Quero é voar, quero enfim fugir para o paraíso,

Olhar a lua, o vaga-lume, o girassol;

Não quero ouvir o murmúrio fúnebre do velho mar,

Não quero ouvir o canto triste do rouxinol.
                                               
*J.L.BORGES

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