CARTA DE ADEUS
Maria,
Estou me despedindo,
É tão difícil te escrever Maria;
Antes eu escrevesse Maria,
As profecias de Nostradamus,
Ou os provérbios de Salomão;
Pois tudo que estou te escrevendo,
Pode acontecer, Maria.
As doces mentiras,
As amargas mentiras,
Por isso imagine,
Esta paisagem opaca, invisível,
Imagine o silencio dos bosques,
O verde dos campos,
O ruído, imagine o ruído,
Das ondas do mar,
A placidez e a pureza das águas,
Desta morosa lagoa.
Imagine também Maria a velocidade,
A corrida deste pequeno rio,
Que corre na minha imaginação;
Olhe para o céu Maria,
E pare de sonhar.
Eu hoje acordei,
A chuva parou de cair,
Mas ainda há poças de água na rua,
Um gato passa silencioso na calçada;
O silencio é quieto,
Mais parece os remotos,
Filmes do cinema mudo,
Que se perderam no tempo;
Sinto frio nesta hora,
O silencio derepente ficou pesado,
Meu corpo torna-se leve,
Minha mente vazia,
Meu pensamento chega até você.
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Maria,
Eu vou morrer...
*J.L.BORGES
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