segunda-feira, 22 de outubro de 2018

CARTA DE ADEUS


CARTA DE ADEUS

Maria,

Estou me despedindo,

É tão difícil te escrever Maria;

Antes eu escrevesse Maria,

As profecias de Nostradamus,

Ou os provérbios de Salomão;

Pois tudo que estou te escrevendo,

Pode acontecer, Maria.

As doces mentiras,

As amargas mentiras,

Por isso imagine,

Esta paisagem opaca, invisível,

Imagine o silencio dos bosques,

O verde dos campos,

O ruído, imagine o ruído,

Das ondas do mar,

A placidez e a pureza das águas,

Desta morosa lagoa.

Imagine também Maria a velocidade,

A corrida deste pequeno rio,

Que corre na minha imaginação;

Olhe para o céu Maria,

E pare de sonhar.

Eu hoje acordei,

A chuva parou de cair,

Mas ainda há poças de água na rua,

Um gato passa silencioso na calçada;

O silencio é quieto,

Mais parece os remotos,

Filmes do cinema mudo,

Que se perderam no tempo;

Sinto frio nesta hora,

O silencio derepente ficou pesado,

Meu corpo torna-se leve,

Minha mente vazia,

Meu pensamento chega até você.

...............................................................

Maria,

Eu vou morrer...

                                         
 *J.L.BORGES

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