quarta-feira, 31 de outubro de 2018

CAIU O PANO

CAIU O PANO

J.L.BORGES

As falsas luzes da cidade,

Não me pertencem jamais,

Tanto luxo e fúteis propagandas,

E aqui fora milhões morrendo de fome.

Acordei e vi como é amarga a realidade,

Ilusões e promessas mentirosas;

Eu tenho que fazer alguma coisa,

Todos nós temos que fazer algo.

O mundo está abrindo a nossos pés,

Sugerindo que nos joguemos para dentro do buraco,

Alguém visa lucrar com nossa destruição,

Alguém apostou na nossa ruína.

Eu preciso fazer algo,

Eu tenho que desviar o curso deste rio,

Sedento de sangue e destruição,

Sedento de mim e de você.

Cansei de ver inocentes chorando em cada esquina,

Implorando para viver,

Até parece que devem a vida para alguém,

Devem a vida parta o dragão que os devora.

E o dragão está lá,

Lá em cima nos espreitando,

Nos sufocando e nos amassando,

Tornando nossos corpos prisioneiros do seu jugo.

Puxa vida! Será que não existe a tal liberdade?

Aquela liberdade que eu li em falsos livros,

Escritos por alguém e ditados por eles;

Eles querem nos tornar autômatos.

Mas eu acordei, você está acordando,

E eu tenho certeza e juro por meus filhos,

O dragão irá tremer quando o Brasil acordar.

             Jorge Luis Borges Rodrigues

                 Porto Alegre-Rs-Brasil

                                 1983

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário